Tema controvertido nos círculos de debates e estudos da doutrina espírita é seu caráter evolucionista e como ele se opera. Deus, em sua infinita misericórdia e sabedoria, escreveu suas leis em nossas consciências. Todavia, como nos criou simples e ignorantes, mas moldados a sua imagem (para o bem) e semelhança (para o amor) nos enviou três revelações, por intermédio de espíritos missionários. Tais revelações manifestaram-se por meio de espíritos de escol, missionários que vieram despertar em nós, seres inferiores da criação, a centelha divina da criação.
A primeira revelação de Deus ao homem, segundo o Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo I, item 1, veio por intermédio de Moisés. Após o Criador revelar ao homem a Lei de Justiça, por intermédio de Moisés, nos ensinado o valor do respeito ao próximo, a semente para a vinda da próxima revelação já estava lançada na Terra. Necessitou-se de, aproximadamente, mil e quinhentos anos para que o gérmen da Lei de Justiça produzisse os frutos do respeito aos semelhantes e preparasse o terreno para a próxima revelação Divina.
Assim, Deus, em sua infinita misericórdia e sabedoria, legou aos seus filhos mais uma de suas sublimes Leis: o Amor. Por meio do natalício de um espírito perfeito e feliz, o Pai revelou ao homem a necessidade do amor ao próximo. Dentre as revelações de Deus aos homens, a última operou-se por intermédio do Espírito da Verdade, que clarificou a Boa Nova cristã com os ensinos da doutrina dos espíritos.
Quanto filosofia de caráter científico e moral, o espiritismo notabiliza-se por ser, antes de tudo, um cânone de consolo. Traz, em toda sua essência, a caridade como preceito inafastável para se alcançar a salvação e a felicidade em nossa jornada evolutiva. Dentre as leis morais do Criador, promulgadas em nossa consciência, a caridade completa a trilogia divina de justiça e amor. Por meio de Moisés, Deus despertou no homem a Lei de Justiça, ensinando-lhe o valor do respeito ao próximo. Por intermédio de Jesus, Deus lembrou ao homem a Lei de Amor, instruindo-lhe no perdão às faltas alheias.
Completando suas lições, Deus, através do Espírito da Verdade, acordou o homem para Lei de Caridade, esclarecendo-o para a necessidade de ser indulgente e solidário para com nosso semelhante. Tal ensinamento não é novo, tampouco uma inovação exclusiva do espiritismo. As Leis de Deus seguem as características divinas do criador, em especial, a perfeição e a imutabilidade. Agora, resta a dúvida, como conjugar a imutabilidade excelsa com a evolução, que também é uma lei deificada? A resposta está tanto nos Evangelhos Sagrados, quanto na Codificação Espírita. Ensina o Cristo: “Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas: não os vim destruir, mas cumpri-los: - porquanto, em verdade vos digo que o céu e a Terra não passarão, sem que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um único iota e um único ponto” (MATEUS, cap. V, vv. 17 e 18). Nesta máxima, Jesus nos ensina que as Leis de Deus, dentro da marcha inexorável do progresso, complementam-se entre si, não se revogando.
Há que se separar o estado de natureza da Lei Natural. O estado de natureza é aquele em que o homem se apresenta em sua forma mais primitiva e bárbara. Traduz-se na selvageria, sendo característica da infância espiritual das almas inferiores, e está fadado a ser abolido pelo progresso do ser. Por sua vez, a Lei Natural é imutável e perfeita. As leis humanas, tendem a, inexoravelmente, a refletir sua sabedoria divina. Todavia, como o espírito inferior é imperfeito, sua legislação, não raro, refletem sua inferioridade moral e intelectual. Por tal razão, as leis de povos primitivos tendem a ser revogadas e abolidas.
A Lei Natural, como todas as leis divinas, não! Elas são perfeitas e imutáveis como Deus e são reveladas ao homem na época oportuna e no momento adequado a sua evolução moral e intelectual, sempre em caráter complementar, nunca em caráter revogatório. É o que nos ensina o Espírito de Verdade: “A civilização criou necessidades novas para o homem, necessidades relativas à posição social que ele ocupe. Tem-se então que regular, por meio de leis humanas, os direitos e deveres dessa posição. Mas, influenciado pelas suas paixões, ele não raro há criado direitos e deveres imaginários, que a lei natural condena e que os povos riscam de seus códigos à medida que progridem. A lei natural é imutável e a mesma para todos; a lei humana é variável e progressiva. Na infância das sociedades, só esta pode consagrar o direito do mais forte”.
Notas: O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 112ª Ed. FEB. 1995; O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 76ª Ed. FEB. 1995; Biblia on line.
Autor: Leonardo Vizeu
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