Multiplicam-se os caminhos do processo evolutivo,
especialmente durante a marcha que se faz no invólucro carnal.

Há caminhos atapetados de facilidades, que conduzem a profundos abismos
do sentimento.

Apresentam-se caminhos ásperos, coalhadas de pedrouços que ferem, na
forma de vícios e derrocadas morais escravizadores.

Abrem-se, atraentes, caminhos de vaidade, levando a situações vexatórias,
cujo recuo se torna difícil.

Repontam caminhos de angústia, marcados por desencantos e aflições
desnecessárias, que se percorrem com loucura irrefreável.

Desdobram-se caminhos de volúpias culturais, que intoxicam a alma de
soberba, exilando-a para as regiões da indiferença pelas dores alheias.

Aparecem caminhos de irresponsabilidade, repletos de soluções fáceis para
os problemas gerados ao longo do tempo.

Caminhos e caminhantes!

Existem caminhos de boa aparência, que disfarçam dificuldades de acesso e
encobrem feridas graves no percurso.

Caminhos curtos e longos, retos e curvos, de ascensão e descida, estão
por toda parte, especialmente no campo moral, aguardando ser escolhidos.

Todos eles conduzem a algum lugar, ou se interrompem, ou não levam a
parte alguma… São, apenas, caminhos: começados, interrompidos,
concluídos…
*
Tens o direito de escolher o teu caminho, aquele que deves seguir.

Ao fazê-lo, repassa pela mente os objetivos que persegues, os recursos
que se encontram à tua disposição íntima assinalando o estado evolutivo, a
fim de teres condição de seguir.

Se possível, opta pelos caminhos do coração.

Eles, certamente, levarão os teus anseios e a tua vida ao ponto de luz
que brilha à frente esperando por ti.
*
O homem estremunha-se entre os condicionamentos do medo, da ambição, da
prepotência e da segurança que raramente discerne com correção.

O medo domina-lhe as paisagens íntimas, impedindo-lhe o crescimento, o
avanço, retendo-o em situação lamentável, embora todas as possibilidades que
lhe sorriem esperança.

A ambição alucina-o, impulsionando-o para assumir compromissos
perturbadores que o intoxicam de vapores venenosos, decorrentes da exagerada
ganância.

A prepotência anestesia-lhe os sentimentos, enquanto lhe exacerba as
paixões inferiores, tornando-o infeliz, na desenfreada situação a que se
entrega.

A liberdade a que aspira, propõe-lhe licenças que se permite sem respeito
aos direitos alheios nem observância dos deveres para com o próximo e a
vida; destruindo qualquer possibilidade de segurança, que, aliás, é sempre
relativa enquanto se transita na este física.

Os caminhos do coração se encontram, porém, enriquecidos da coragem, que
se vitaliza com a esperança do bem, da humildade, que reconhece a própria
fragilidade, e satisfaz-se com os dons do espírito – ao invés do tresvariado
desejo de amealhar coisas de secundário importância – os serviços
enobrecedores e a paz, que são a verdadeira segurança em relação às metas a
conquistar.

Os caminhos do coração encontram-se iluminados pelo conhecimento da
razão, que lhes clareia o leito, facilitando o percurso.
*
Jesus escolheu os caminhos do coração para acercar-se das criaturas e
chamá-las ao reino dos Céus.

Francisco de Assis seguiu-Lhe o exemplo e tornou-se o herói da humildade.

Vicente de Paulo optou pelos mesmos e fez-se o campeão da caridade.
Gandhi redescobriu-os e comoveu o mundo, revelando-se como o apóstolo da
não-violência.

Incontáveis criaturas, nos mais diversos períodos da humanidade e mesmo
hoje, identificaram esses caminhos do coração e avançam com alegria na
direção da plenitude espiritual.

Diante dos variados caminhos que se desdobram convidativos, escolhe os
caminhos do coração, qual ovelha mansa, e deixa que o Bom Pastor te conduza
ao aprisco pelo qual há nelas.

Escrito por Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: LEAL, 1990.

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