O tema gera uma certa provocação. E justamente isso que importa para esse momento de reflexão, uma provocação num bom sentido.


A passagem pela existência material, gera algumas expectativas. A primeira é a de conseguirmos realizar uma excelente jornada, com aprendizados importantes e desenvolvimento da capacidade de apreender mais sobre si mesmo, o que é a maior tarefa a alcançar nesse período de experiências com o intuito de evoluir numa escala de maturidade. Solicitamos para essa jornada, as condições necessárias para superação e desafios na medida do que queremos aprender e superar. 


Claro que com a benção do esquecimento, e com as condições de nossa mente obnubilada, perdemos a noção deste panorama geral. Mergulhamos na matéria e aqui geramos outros referenciais. Passa ser de primeira necessidade a sobrevivência e adaptação no ambiente onde aportamos. Focamos agora a matéria, e nela nos fixamos a atenção. Se não percebermos melhor o que estamos fazendo aqui, geramos uma importância muito maior nos elementos passageiros do que na superação dos desafios e aprendizados que viemos em busca.  


Quando chegamos ao nosso porto de recepção na matéria, encontramos quem nos gerará o  corpo material. Alguns encontram um núcleo familiar estruturado, outros não. Alguns encontram pais que assumem os compromissos da paternidade, outros não. Alguns encontram um espaço com apoio e sustentação, outros não. Alguns encontram mães dedicadas, outros não. Mas, independente de quaisquer outra situação, tudo o que encontramos aqui, da forma como foi, fez parte do projeto de vida, traçado por nosso desejo de crescimento e desenvolvimento como espíritos, que ao ingressarmos no plano material, foi iniciada nossa tarefa como alunos e pacientes.


Afinal, nosso estágio de consciência exige um bom educandário e um bom hospital, para aprender e curar as chagas e desequilíbrios carreados ao longo de muitas experiências em busca de luz e sabedoria.


Pode ser muito difícil compreender que as situações aqui encontradas foram, de alguma forma, solicitadas por nós mesmos. Qual seria o sentido de nascer em condições desafiadoras? Situações, em muitos casos difíceis? Cabe lembrar oportunamente que a maioria dos problemas aqui vivenciados foram gerados neste mesma existência, devemos isso a alguns fatores, como a  imaturidade e a falta de noção do significa a vida.


O entendimento de que as dificuldades e problemas são desejados para poder crescer ou “pagar" alguma coisa, não seria o melhor posicionamento ou entendimento. Primeiro devido ao fato de que não nascemos para pagar nada, segundo, Deus não é um cobrador, ou um contador, que fica fazendo balanços e chegando a resultados do quanto devemos. 


A explicação está na forma como percebemos a vida. 


Se fora da matéria, como espíritos desencarnados, desejamos sair das dificuldades íntimas,  de nossa falta de visão e ignorância, preponderantes nos espíritos de baixo nível de consciência. Sabemos que precisamos fazer algo para poder progredir e crescer em entendimento. Solicitamos então experiências no corpo material, com o objetivo de desenvolvimento e crescimento pessoal. 


A busca não é por santidade, ou para sermos bonzinhos, visão esta distorcida da realidade. Nosso trabalho principal é de desenvolver consciência sobre nós mesmos, nos atentar mais para a essência e o que importa para uma vida em harmonia e em paz. Aprender que, o que move a paz é a conquista de si mesmo. 


Nos deparamos com os desafios materiais, que nos exigem adaptação. Chegamos desejosos de superação, mas podemos nos equivocar na marcha e tomarmos decisões que nos comprometem o projeto, justamente por não termos maiores condições de poder compreender o que precisamos fazer. E assim é. 


Justamente pelos equívocos que vamos crescendo e amadurecendo nossa percepção do que importa e do que não mais faz sentido em nossa vida. Crescemos e aprendemos em todas as situações, tanto boas quanto as não boas. Nas experiências mais difíceis temos a oportunidade de avançar mais, pois nelas encontramos situações de superação e de desafio do que consideramos nossa zona de conforto. Isso não significa que temos de sofrer ou buscar o sofrimento. Lembre-se que sofrimento é consequência da ignorância de nossa parte. 


E é aqui que entra a necessidade de encararmos a realidade e saber que cem por cento de nossas dificuldades, problemas, doenças, situações difíceis, são de nossa inteira responsabilidade. Ninguém nasceu para pagar nada, ninguém nasceu para sofrer. 


Ricardo Seixas Palestras e Mentoria em Projetos de Desenvolvimento Humano.

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