As nossas diferentes existências corporais se passam nos diferentes mundos; não somente na Terra. A que passamos neste globo não é a primeira, nem a última e é uma das mais materiais e das mais distanciadas da perfeição.
Podemos reviver muitas vezes sobre o mesmo globo se não somos bastante avançados para passar para um mundo superior, podendo nos encontrar cada vez em posições bem diferentes, que são outras tantas ocasiões de adquirirmos experiência.
Se não vivêssemos muitas vezes a existência corpórea, e permanecemos como Espírito, iriamos estacionar e o que se quer é avançar para Deus.
Mas não passamos por todos os mundos, pois há muitos mundos que estão no mesmo nível e onde o Espírito não aprenderia nada de novo.
Podemos reviver corporalmente num mundo relativamente inferior ao que já vivemos, quando devemos cumprir uma missão para ajudar o progresso. Isso também pode ocorrer por expiação, quando permanecemos estacionários e a punição é recomeçarmos num meio conveniente com a nossa natureza. O que determina o mundo em que vamos reencarnar é a nossa elevação.
Passando de um mundo para o outro, o Espírito conserva a sua inteligência, mas ele pode não dispor dos mesmos meios para manifestá-la, dependendo isso da sua superioridade e das condições do corpo que tiver.
À medida que o Espírito se purifica, o corpo que ele reveste se aproxima igualmente da natureza espírita. A matéria é menos densa, não rastejam mais na superfície do solo, as necessidades físicas são menos grosseiras. O Espírito é mais livre.
A purificação dos Espíritos reflete-se na perfeição moral dos seres em que estão encarnados. As paixões animais enfraquecem e o egoísmo cede lugar ao sentimento de fraternidade. É assim que, nos mundos superiores à Terra, as guerras são desconhecidas, os ódios e as discórdias não têm motivo. A intuição que seus habitantes têm do futuro, a segurança que lhes dá uma consciência isenta de remorsos, fazem com que a morte não lhes cause nenhuma apreensão.
A duração da vida nos diferentes mundos parece ser proporcional ao grau de superioridade física e moral desses mundos. Quanto menos o corpo é material, menos está sujeito às vicissitudes que o desorganizam; quanto mais puro o Espírito, menos paixões para destruí-lo.
As condições físicas e morais dos diferentes mundos não são sempre as mesmas. Os mundos também são submetidos à lei do progresso. Todos começam num estado inferior, como a Terra, que suportará uma transformação, quando os homens se tornarem bons.
Nos mundos onde o Espírito não precisa mais habitar corpos materiais, terá somente o envoltório chamado perispírito. A substância do perispírito não é a mesma em todos os mundos. Ela é mais ou menos etérea. Passando de um mundo para outro o Espírito se reveste da matéria própria de cada um. Nos Espíritos Puros, esse envoltório se torna tão etéreo que, para nós, parece que não existe. Os Espíritos puros habitam certos mundos, mas não estão confinados neles como os homens sobre a Terra; eles podem, melhor que os outros, estar por toda a parte.
Referência:
O Livro dos Espíritos – Livro II – Cap. IV – Allan Kardec.