A compreensão é faculdade que melhor contribui para o êxito do relacionamento humano, por facultar à outra pessoa a vigência dos seus valores positivos e perturbadores. Ela reflete o grande desenvolvimento espiritual pelo que concede a quem lhe busca apoio, orientação quando em conjunturas difíceis.
A compreensão abre o leque da fraternidade ensejando recursos terapêuticos necessários, conforme o caso que lhe chegue ao conhecimento. Sem anuir a todas as propostas, ou sem rejeição adrede estabelecida, favorece a percepção do que se apresenta, na forma como se manifesta.
Levado pelo instinto gregário, e porque sociável, o ser humano necessita de convívio, intercâmbio saudável, a fim de receber e propiciar estímulos que levam ao desenvolvimento.
Por inúmeros fatores, a compreensão humana em torno das limitações e problemas dos outros diminui, escasseia, tornando-se necessária e sendo rara.
Na imperiosa ânsia de estabelecer comunicação, os indivíduos buscam-se para o relacionamento e anseiam por desvelar-se uns aos outros. No entanto, grassa nos corações um grande medo de se deixarem identificar. O que são, constitui-lhes tesouro afligente e temem vê-lo atirado fora. A forma de ser difere da imagem que exteriorizam e receiam perdê-la, naturalmente, porque não esperam receber compreensão.
O mundo está repleto de pessoas surdas que conversam; de convivências mudas que se expressam.
Fala-se muito sobre nada e dialoga-se em demasia sobre coisa nenhuma, resolvendo-se uma larga fatia de problemas, que permanecem...
Quando alguém se te acerque e fale, procura ouvi-lo e registrar lhe a palavra. Talvez não tenhas a forma ideal para dar-lhe, nem disponhas do que ele espera de ti. Muitas vezes, ele não aguarda muito e somente fala por falar.
Concede-lhe atenção e o estimularás, facultando-lhe sentir-se alguém que desperta interesse.
Se ele resolve confiar em ti e se desvela, respeita-lhe a problemática e ajuda-o, caso tenhas como fazê-lo.
Por tua vez, vence o medo de te revelares. Certamente, não abdicarás da prudência nem do equilíbrio; no entanto, é saudável dialogar, descerrar painéis escondidos pelo ego ou mascarados para refletirem imagens irreais.
Na tua condição de criatura humana frágil, a convivência honesta com outras pessoas contribuirá eficazmente para a tua harmonização íntima.
Assim, torna-te compreensivo, paciente, um terapeuta fraternal.
Não cries estereótipos, nem fixes pessoas a imagens que resultam de momentos.
Todos estamos em contínuas transformações, e nem sempre se é hoje o que ontem se aparentava. Novas experiências e lições vieram juntar-se à pessoa de antes, qual ocorre contigo. É o inexorável imperativo do progresso em ação.
Compreendendo o teu próximo e relacionando-te com ele, serás mais bondoso para contigo; percebendo-lhe a fragilidade, serás mais atencioso para com os teus limites e buscarás crescer, amando e amando-te mais.
JOANNA DE ÂNGELIS/DIVALDO FRANCO
Livro: Momentos de Saúde e de Consciência
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