Por Fabio Souza de Carvalho

Assinalaram as Vozes dos Céus, conforme inolvidável advertência do preclaro codificador da Doutrina Espírita, exarada no capítulo XVIII de “A Gênese”, que “[…] são chegados os tempos marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para a regeneração da humanidade”.

Vivemos esses dias adrede anunciados pelas Escrituras, cujos tormentosos sofrimentos os caracterizam, frutos da falência do materialismo que, nada obstante as glórias da ciência e da tecnologia, da filosofia e da arte, não logrou plenificar a criatura humana que segue aturdida e desorientada.

O progresso intelectual realizado, até a hora presente, constitui grande passo e marca importante fase no avanço geral da humanidade, mas, sem a fulgente luz do Cristianismo Redivivo, o ser humano se limitaria a utilizar a inteligência apenas para a satisfação de suas paixões e de seus interesses pessoais.

E essas luzes já se revelam pelas reformas que começam a se disseminar em todo o globo, ora por meio das instituições que visam ao verdadeiro estado civilizatório, emancipando os povos, ora pelas ações que enfraquecem os preconceitos e unem as nações como uma grande família planetária.

Testemunhamos, de forma mais ou menos consciente, movimentos universais que se operam em ambas as dimensões da vida no sentido de um progresso moral da humanidade. Até os Espíritos que se opõem às inexoráveis transformações do orbe terrestre trabalham por elas, mesmo sem o saberem.

Se de um lado as entranhas da humanidade se agitam e se enfebrecem, as revoluções físicas do globo as acompanham por meio de fenômenos naturais que se nos apresentam à conta de verdadeiros flagelos destruidores.

Essa solidariedade entre as renovações morais e físicas do planeta nos é oportunamente apresentada por Manoel Philomeno de Miranda nas obras “Transição Planetária” e “No rumo do mundo de regeneração”.

É assim que a pandemia, que ora nos assola, desafia, a um só tempo, a inteligência humana, impelindo-a, por necessidade, a novas descobertas e, por conseguinte, a encontrar eficientes meios de combatê-la, e as reformas sociais capazes de fazer reinar entre os seres a concórdia, a paz e a fraternidade.

A época atual, entretanto, é de transição, como bem nos previne Allan Kardec, e, por isso mesmo, os elementos de duas gerações se confundem. A primeira, cujas bases se sustentam nas areias do egoísmo e do orgulho, não mais conseguem atender às necessidades de uma sociedade mais amadurecida. A segunda, que sucede à primeira, marcha “[…] para a realização de todas as ideias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver chegado” (Capítulo XVIII, item 24, de “A Gênese”).

Neste particular, cumpre ao Espiritismo a missão de marcar “[…] nova era para a História da humanidade […] porque chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos” (questão 798 de “O Livro dos Espíritos”).

Mas completam os Espíritos Superiores que o movimento espírita “terá […] que sustentar grandes lutas […]”, e muitas delas ocorrerão no imo de nós mesmos.

As ideias, ainda hoje vigentes, nos seduzem como faziam as sereias mitológicas aos marinheiros incautos, exigindo-nos maior capacidade de discernimento e de compromisso com o ideal espírita que, no dizer do professor lionês, nos facultará “[…] o eixo em torno do qual girará o gênero humano […]” (Capítulo XVIII, item 17, de “A Gênese”).

É hora de nos elevarmos acima das estruturas perturbadoras da sociedade sem nos marginalizarmos dos acontecimentos que a sacodem e embaraçam.

Para tanto, não podemos desertar, desviando-nos dos essenciais objetivos da Doutrina Espírita. O mundo não será melhor se nós assim não nos tornarmos. Eis o nosso primeiro e mais importante compromisso.

Até que cesse a madrugada, o momento será de sacrifícios e renúncias, de devotamento e abnegação. Jesus, que sempre nos antecede a caminhada, foi tributado com a ignominiosa e sacrílega cruz. A nossa ventura, de igual modo, surgirá quando formos nós os perseguidos em nome de Deus.

Somos todos, portanto, instados a perseverar até o fim, fiéis a Jesus e a Kardec, com vistas a participarmos do grande festim que marcará a era regenerada pela edificação do Reino de Deus dentro de nós.

O AUTOR

É Secretário da Comissão Regional Nordeste (FEB/CFN) e Diretor de Unificação da Federação Espírita do Maranhão (FEMAR)

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