Na sociedade contemporânea, muitas são as dúvidas que surgem na cabeça das pessoas, muitos se indagam sobre os sentidos da existência, outros questionam da existência de Deus, muitas são as indagações e todas elas tem suas respostas, cabe ao ser humano buscar responder estas indagações, umas encontramos nas reflexões filosóficas, outras estão escondidas nos escaninhos das religiões, enquanto outras estão nos mananciais da ciência, o Espiritismo compila todas estas indagações e nos leva a viajar por mares, muitas vezes, antes navegados, desde que tenhamos curiosidade, dedicação e queiramos aprender.
A Doutrina Espírita destaca que como seres imperfeitos estamos sempre vivendo nos dois lados da vida, alterando vivências nos mundos material e imaterial, nestas excursões aprendemos e evoluímos para atingirmos um estágio maior de desenvolvimento espiritual, quando nossas viagens são reduzidas e passamos a vivenciar novas experiências ruma a um progresso cada vez maior, esta viagem depende de cada ser humano, uns a fazem de uma forma mais rápida enquanto outros demoram um bocado mais nestas andanças, mas todos vamos conseguir atravessar com êxito esta caminhada.
A descoberta da vida espiritual é uma contribuição imensa do Espiritismo, com ela nos foi dado a conhecer a existência de outros mundos, como nos mostrou a física quântica, com seus mundos convivendo simultaneamente, estamos muito próximos destes mundos, mas ao mesmo tempo estamos deverás distantes. Nestas andanças da ciência e do pensamento científico a Doutrina dos Espíritos nos descortina uma nova vida, onde os valores se transformam e passamos a acreditar na imortalidade da alma e nas vivências em outras épocas e lugares, com sensações, medos e percepções diferentes.
Somos seres imensamente imperfeitos e interesseiros, pensamos muito mais em nossos prazeres e em satisfazer nossas vontades do que no coletivo, invejamos outras pessoas que acreditamos ser profissional de sucesso ou exitosa no relacionamento, almejamos valores de terceiros e desejamos coisas que não são nossas, não que queiramos extrair diretamente de outrem, mas desejamos que este produto, esta mercadoria ou até mesmo esta pessoa, esteja ao nosso lado no cotidiano. Num mundo muito centrado no eu, estamos sempre desejando algo de alguém, observamos seu sucesso e não percebemos seus esforços, adoraríamos ter seus recursos financeiros e desdenhamos da grande carga de trabalho e dedicação, queremos o que vemos e nos é aparente, mas esquecemos daquilo que está escondido, seus esforços, estudos e dedicações, desta forma nos tornamos seres infelizes e cada vez mais interesseiros e imediatistas.
A Doutrina dos Espíritos nos concede um grande manancial para construir uma nova experiência no corpo material, não podemos mais alegar ignorância como fizemos durante muitos séculos, a literatura disponível é vasta e de grande valor espiritual, desde romances passando por dissertações, desde contos passando por biografias, o acervo é variado e de grande valor moral, cabe a cada indivíduo se debruçar nestes conhecimentos e utilizá-los para sedimentar nossa caminhada, afinal estamos cheios de caminhos pedregosos e esburacados, o espiritismo nos abre um novo mundo e uma nova realidade, dando-nos novas experiências e valores mais consistentes.
Através de nossas imperfeições atraímos obsessores constantemente ao nosso lado, através de nossas fragilidades morais atraímos energias deletérias a todos os momentos, nos esquecemos que podemos buscar o equilíbrio e compreender as razões dos progressos dos seres humanos, desde que entendamos que todas as grandes conquistas exigem esforços e dedicações intensas e entregas verdadeiras, sem elas nossas conquistas são cada vez mais temporárias, frágeis e centradas em um reduzido mérito.
Assistimos a televisão e vemos todos os dias nas mais variadas mídias digitais o crescimento acelerado da violência, da corrupção e de crimes dos mais violentos possíveis, nos assustamos com a sociedade e perdemos nossa confiança nos seres humanos e nos esquecemos que vivemos num mundo atrasado, marcado por provas e expiações, onde estamos aqui para sublimar todos os desajustes que acumulamos em vidas e em momentos anteriores, sem superar tais dificuldades não conseguiremos encontrar uma felicidade mais intensa e verdadeira que está reservada para cada indivíduo, desde que passemos a procurar nos locais corretos, não nos prazeres da matéria, mas nos valores do espírito.
As reencarnações anteriores nos servem de baliza para nosso crescimento atual, quando acumulamos valores mais consistentes, valores espirituais, marcados por bons sentimentos e atos mais consistentes, somos assistidos por espíritos mais evoluídos e nos aproximamos de energias mais salutares que nos ajudam em nosso progresso, somos inspirados e aceitamos a inspiração dos espíritos superiores e rumamos a um desenvolvimento espiritual. Quando acumulamos valores mais materializados e deixamos os valores do espírito de lado, atrasamos nosso progresso espiritual e não sentimos as inspirações dos bons espíritos, mas daqueles que vibram no mesmo diapasão, com isso, retardamos nosso progresso e acrescentamos mais equívocos para outras vivências no mundo material.
Somos o que nós nos deixamos fazer conosco nas mais variadas encarnações que vivenciamos, nesta viagem passamos pelas mais variadas experiências, encarnamos em corpos femininos e depois em corpos masculinos e vice-versa, fomos ricos e pobres, passamos por experiências variadas, sentimos as dores do abandono e do desajuste material, vivemos em culturas de opressão e experimentamos momentos de liberdade, deixamos de lado nossos valores éticos e exercitamos nossos valores morais, tudo isso nos auxiliou a moldar nossos valores mais íntimos, somos hoje um misto de todas estas experiências no mundo material, a reencarnação é uma grande dádiva de Deus e em ela temos muita dificuldade de compreender a justiça divina, sem a reencarnação construímos um mundo baseado numa falsa meritocracia.
A evolução humana é demorada e exige grande dedicação, a razão existe no mundo a uns quarenta mil anos, como nos mostrou o espírito André Luiz, neste período reencarnamos entre 800 e mil vezes, nestas experiências acumulamos progressos em várias áreas, passamos a dominar novos conhecimentos e novas culturas, línguas e vivências. Neste emaranhado de encarnações nos tornamos únicos e individuais, mas criados e mantidos por um Deus maior, de amor, de misericórdia e de solidariedade, nestas experiências percebemos que somos seres humanos e para evoluir precisamos estar sempre próximos, um auxiliando o outro, com isso progredimos e impulsionamos o progresso de nossos semelhantes.
O médium mineiro Francisco Cândido Xavier, analisando a chamada transição planetária, destacou que o Planeta Terra se tornará um mundo de regeneração somente a partir de 2057, ou seja, depois de duzentos anos da codificação espírita. Neste momento vivemos um período de grandes inquietações, as transformações são intensas, rápidas e aceleradas, gerando desesperança e muito medo, neste momento percebemos que nosso planeta está recebendo entidades inferiores, agressivas e que se comprazem com o mal, com a dor e com a violência. Estas entidades estão saindo das catacumbas do umbral, são espíritos que não mais queriam reencarnar, são entidades que viveram durante muitos séculos em condições de indignidade e foram, compulsoriamente, escaladas para retornar ao mundo material, estão tendo mais uma chance de se libertar destes sentimentos degradados e se resistirem e continuarem cultivando intimamente estes valores serão degradados para mundos inferiores, estão tendo suas últimas chances de se libertar deste mal e desta ignorância que cultivaram durante séculos, o mundo não mais pode esperar por estas entidades para continuar sua trajetória de progresso e de desenvolvimento.
Muitas doutrinas religiosas não acreditam na reencarnação, o próprio catolicismo a aboliu de suas fileiras no século V, algumas correntes passaram a acreditar no dia do juízo final, noutros no sono eterno, acreditam que a vida é única e não retornamos mais a este mundo, o espiritismo rechaça fortemente estes valores e destaca a reencarnação como o instrumento mais consistente para entendermos a justiça divina, sem a reencarnação não conseguiríamos compreender as dores do mundo, as desigualdades crescentes, as doenças em curso em crianças em tenra idade, os pecados originais e os assassinatos sanguinários e violentos, as propensões e as inspirações do bem e do mal, sem reencarnação não conseguiríamos compreender os verdadeiros significados da vida.
Evoluímos dos dois lados da vida, na obra Memórias de um suicida, de Yvonne do Amaral Pereira, nos deparamos com a história do grande escritor português Camilo Cândido Botelho, na obra percebemos como o escritor posterga o retorno ao mundo material, permanecendo no mundo espiritual, por mais de quarenta anos, neste período Camilo se dedicou imensamente ao estudo, lendo, fazendo cursos, conversando com os sábios da espiritualidade, aprendendo sempre e, com isso, angariou as forças necessárias para seu retorno ao mundo material. O escritor sabia que para progredir espiritualmente precisava retornar a matéria, seus equívocos foram inúmeros e apenas com a experiência de uma nova encarnação poderia começar a reconstruir seu equilíbrio, embora tenha aprendido que o equilíbrio para o suicida demora muitos anos, segundo lhe informaram mais de duzentos anos.
Noutra obra de relevo, também nos deparamos com experiências de crescimento do espírito no mundo espiritual, na obra Missionários da Luz, de Francisco Cândido Xavier ditado pelo espírito de André Luiz, nos deparamos com a história de Segismundo, nela percebemos como o trabalho consciente e responsável pode auxiliar no progresso e no desenvolvimento do espírito, embora marcado por graves desequilíbrios e desajustes, o melhoramento de Segismundo foi verdadeiro e suas obras foram tão grandiosas que atraiu auxílio de espíritos de escol, como Bezerra de Menezes e o instrutor Alexandre, somente o trabalho remove de nossos escombros os mais severos equívocos e dificuldades, fazendo com que consigamos evoluir e adotar a máxima atribuído a Chico Xavier: Embora nenhum de nós possamos refazer os erros do passado, todos podemos começar novamente e fazer um novo final.
Fonte: https://www.aryramos.pro.br
Autor: Ary Ramos