Inúmeras passagens do Evangelho conclamam os homens a amar seus semelhantes.
Ocorre que ao amor são atribuídos inúmeros significados.
Muitos afirmam cometer loucuras e crimes por força desse sentimento.
Entretanto, sendo o amor a essência das leis divinas, a sua vivência deve pacificar e iluminar.
É inconcebível imaginar que tão sublime energia possa desequilibrar e provocar tragédias.
Na realidade, frequentemente se toma por amor o que é apenas paixão ou desejo.
Outras vezes, mesmo amando, a criatura se equivoca na forma pela qual demonstra seu afeto.
Um dos grandes erros que alguém pode cometer é pensar que amar o próximo significa realizar suas vontades e fantasias.
Nessa linha, seria necessário agradar o ser amado, ser bonzinho com ele.
Entretanto, o adjetivo bonzinho não é, necessariamente, elogioso.
Jamais se diz de uma pessoa genuinamente boa que ela seja boazinha.
Quando alguém se constitui em uma presença benfazeja no meio social, diz-se que é uma ótima pessoa, que tem um grande coração.
Seria difícil ocorrer a alguém afirmar que Madre Tereza de Calcutá era boazinha.
O termo bonzinho, habitualmente, indica alguém bem-intencionado, mas sem discernimento.
Há uma diferença enorme entre ser bondoso e ser bonzinho.
Tome-se o exemplo de um professor.
Existe uma distância considerável entre um bom professor e um professor bonzinho.
Um bom professor possui conhecimento e didática.
Ele efetivamente ensina, mas também cobra o conteúdo de seus alunos.
Caso eles não estudem e aprendam, serão reprovados.
Um bom professor tem noção de seus deveres e responsabilidades.
Já um professor bonzinho ensina pouco e cobra menos ainda.
Distribui notas altas, independentemente do real aprendizado obtido pelos alunos.
Esse professor, a pretexto de agradar, causa um grande mal.
O conhecimento que ele não proporciona certamente fará falta aos seus pupilos no futuro.
Outro exemplo de bondade sem discernimento é o da mãe que se torna escrava dos filhos.
Dá-lhes tudo na mão e faz com que vivam em sua casa como se fosse um hotel.
Assim agindo, habitua seus filhos a serem servidos.
Entretanto, a vida não é um hotel de luxo.
O dia a dia é composto de lutas e esforços, que nos desafiam, constantemente.
A mãe que assume o papel de boazinha prejudica seus filhos, ao lhes dar uma perspectiva equivocada do viver.
É um perigo alguém tornar-se bonzinho.
Esse gênero de bondade é piegas e equivocado, pois prejudica o ser amado.
Devemos ser pessoas boas, na acepção da palavra.
Manifestar afeto pelos que nos rodeiam, mas incentivando-os a cumprirem seus deveres.
Orientar nossos amores para que sejam honrados e trabalhadores e assumam as consequências de seus atos.
A pretexto de amar, não podemos infantilizar ninguém, furtando-o das experiências necessárias ao seu progresso.
Afinal, o amor não se identifica com pieguices e ilusões.
O amor é uma força atuante e transformadora.
Pressupõe discernimento de quem ama.
Pois somente assim proporciona paz e felicidade ao ser amado.
Fonte: Redação do Momento Espírita. - momentoespirita.com.br
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07/08/2024 18H29