Você saberia dizer se há diferença entre estar muito triste e estar deprimido?

Sentimentos dessa natureza são naturais no decorrer da existência humana. Estamos todos no mesmo barco da vida, mas às vezes parece que a embarcação está à deriva e fica difícil avistar terra firme…

Neste texto quero compartilhar algumas informações que me foram muito úteis! Quem sabe possa ser pra você também?

  • Tristeza e depressão são a mesma coisa?

Não! A tristeza é um sentimento ou emoção, comumente passageira. Segundo o psiquiatra Neury Botega, “a tristeza é como uma febre, um sinal de que algo não está bem, algo na minha vida precisa mudar. A tristeza me leva à reflexão, tem um potencial transformador, diferente da depressão”.

A tristeza geralmente não impede que a pessoa realize suas atividades rotineiras. Porém, quando a tristeza é mais frequente, o acompanhamento psicológico pode auxiliar a identificar as raízes desse sentimento, promover o autoconhecimento e restabelecer o equilíbrio emocional.

Já a depressão é uma doença mental. É uma tristeza que não acaba mais, muito mais intensa. Sem o tratamento certo, pode durar meses ou anos.  A depressão não tem uma única causa, é uma combinação de uma predisposição biológica com acontecimentos de vida (perdas, lutos mal elaborados etc.).  

Na série psicológica de Joanna De Ângelis se esclarece que “a depressão não é a tristeza normal, que por mais dolorosa que seja, desaparece com o tempo; na depressão essa sensação não desaparece facilmente, interrompendo muitas vezes a capacidade da pessoa pensar e agir. É um transtorno afetivo (ou do humor) caracterizado por uma alteração psíquica e orgânica global (…) A depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si mesma e como pensa sobre as coisas. É uma doença que dói na alma.

  • O remédio remedia?

Já faz um bom tempo que a humanidade tem realizado feitos incríveis no campo da materialidade, com novas tecnologias, novos medicamentos e isso tem sido muito bom pra todos nós! Só que, ao mesmo tempo, fomos deixando de lado a compreensão da nossa natureza psíquica, nossa espiritualidade.

O psicólogo e mestre de Yoga Sri Prem Baba reflete que “conseguimos um certo domínio sobre a matéria e com isso passamos a agir como se a natureza existisse somente para nos servir (…) Essa visão limitada nos conduziu ao esquecimento de quem somos e do que viemos fazer aqui (…) Perdemos a conexão com nossa identidade espiritual e deixamos de nos questionar sobre o sentido da vida…

Diante de tantas possibilidades (globalização, excesso de informações) e estímulos ao culto da beleza externa e ao consumismo exacerbados, muitos de nós deixamos de ter contato com nossa essência espiritual e passamos a sentir um vazio depressivo. Um dos fatores que desencadeiam esse vazio é a constante frustração de desejos não realizados.

Será que um remédio antidepressivo vai ajudar a preencher um vazio existencial? Remédios antidepressivos podem ser um suporte importante e necessário, até mesmo fundamental para determinados casos de depressão, quando devidamente diagnosticada. Mas só o remédio não ajuda a refletir sobre a vida. O psiquiatra Neury Botega relata que “estamos vivendo numa época em que há um nível menor de tolerância, há muito imediatismo, as pessoas querem respostas rápidas para as crises e problemas da vida. E com isto, estamos tendo um excesso de medicalização, receitando-se muito remédio para pessoas que apresentam sintomas de depressão, mas que podem não estar sofrendo da doença da depressão e sim enfrentando uma crise, um momento difícil da vida dela (por exemplo um término de um relacionamento, dificuldades nos estudos, ansiedade porque não aguenta mais o trabalho etc.)”. O psiquiatra alerta que “não adianta medicar sintomas e as pessoas não tentarem melhorar sua condição de existência”.

Ou seja, o tratamento para a depressão é mais adequado se acompanhado através do trabalho conjunto psiquiatra-psicólogo. E se há impeditivo financeiro para fazer terapia, hoje em dia temos vários profissionais psicólogos que atendem por preços sociais, bem como locais com atendimento gratuito.

  • O mal ainda existe, mas é útil

Já parou para pensar que talvez a maior parte da força que você tem atualmente é devido às experiências vividas que foram mais desafiadoras e, por vezes, as mais sofridas? Não estou aqui fazendo um culto ao sofrimento e à depressão. Reflito que ainda existe o mal no nosso planeta e dentro de nós, mas são naturais no processo de evolução.

O mal causa sofrimento, incomoda, e por isso impele à ação. Mas as situações ruins ou frustrações podem ser ignoradas ou enfrentadas. Quando enfrenta, a pessoa se fortalece e amplia a experiência de vida. E quando tem a coragem de olhar para dentro, vivenciar a tristeza ou uma depressão, terá uma grande oportunidade de mergulhar no cerne do seu sentido de vida.

É fundamental se permitir o “poder chorar, o poder sofrer”, deixar o sentimento vir à tona e verbalizar, para poder entender e elaborar o que urge em nosso íntimo.

Na série psicológica de Joanna De Ângelis é citado que “na sociedade em que vivemos, a maioria das pessoas acredita que o objetivo da vida é alcançar a felicidade. Mas psicologia junguiana e a prática do desenvolvimento pessoal que ela promove, mostram a perspectiva de que a meta da vida não é a felicidade e sim o significado. (…) A depressão é um convite, um desafio da vida para que encontremos o real sentido, o que nos move por dentro.

Portanto, se você ou alguém que conheça sentir culpa por estar muito triste ou deprimido, vale respirar fundo, se conectar com a espiritualidade e lembrar que a tristeza e a depressão são uma oportunidade de autodescoberta e crescimento, um convite para tomar as rédeas da própria vida e ser sujeito da sua própria história.

Confiemos que o barco da vida não fica à deriva eternamente! E sempre haverá um bote salva vidas quando necessário.

Luz, força e harmonia!

SORAIA DE OLIVEIRA GATTO

Fontes de referência:

– Divaldo Franco / Joanna De Ângelis, Série psicológica Joanna De Ângelis: Refletindo a Alma – A psicologia Espírita de Joanna De Ângelis.– cap. 12 – Depressão, uma luz na escuridão

– Sri Prem Baba,  Propósito – a coragem de ser quem somos – Introdução

– https://www.neurologiaintegrada.com.br/diferenca-tristeza-depressao/

– Café Filosófico – CPFL – Depressão em debate | Neury Botegahttps://www.youtube.com/watch?v=nAwJP0Jr6aw&t=1903s&ab_channel=Caf%C3%A9Filos%C3%B3ficoCPFL


Fonte: gruposemear.org

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