Quando amigos ou familiares traem a nossa confiança, nos perguntamos se podemos confiar em alguém.

Também nos questionamos as razões de sermos traídos.

Acreditamos que raras são as pessoas que não experimentaram o amargo sabor de uma traição.

E quanto mais próximo de nós, quanto mais amigo ou mais amado aquele que nos trai, mais nos machuca.

De toda forma, se pensarmos bem, é possível que alguns de nós, em certo momento, também tenhamos traído a confiança de alguém.

Essa situação reflete as condições morais dos Espíritos que nos encontramos reencarnados neste planeta.

Se verificarmos a História da Humanidade, descobriremos quantos traidores ocasionaram dores ao próximo.

Por vezes, sua traição teve consequências que alcançaram muitas pessoas, até envolvendo uma comunidade inteira.

Os inconfidentes mineiros, traídos, sofreram a prisão, o julgamento, o degredo, uma morte.

Sofre a nação toda, igualmente traída em seus ideais.

Até mesmo o Espírito mais perfeito que a Terra conheceu não ficou isento da traição.

Após anos de convivência, momentos compartilhados, a fraqueza de Judas o levou a atraiçoar o Sublime Amigo, entregando-O aos inimigos, com um gesto de extrema intimidade: um beijo.

Mesmo sabendo da sua intenção, Jesus o chama: Amigo!

E tornou a sorver a taça amarga da traição com a negação do Apóstolo Pedro, temeroso de que pudesse ser igualmente aprisionado.

Na cruz, constata que as mesmas pessoas a quem tinha levado a Boa Nova, que havia curado, levantado moralmente, e que O aplaudiram na entrada triunfante em Jerusalém, agora O agrediam com gestos e palavras grosseiras.

Ou lhe voltavam as costas, dominados pelo medo de represálias para suas próprias vidas.

Ciente da fragilidade humana, pede por todos: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.

Dessa forma, deixa claro que o melhor caminho é o perdão.

E Seu perdão é de tal forma incondicional que, três dias depois da morte, ele retorna para os discípulos. Aqueles mesmos que haviam fugido, no momento da Sua prisão.

Permanece com eles, por quarenta dias, aparecendo e reaparecendo, fortalecendo-os para a tarefa que lhes competia.

Não reclama coisa alguma. Não menciona ter sido deixado só. Não fala da negação de Pedro nem da descrença de Tomé.

Isso nos diz que, em todas as circunstâncias, é melhor sofrer uma traição do que ser o traidor, que atrai para si o desassossego da consciência e o compromisso de retificar o mal feito.

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A justiça conduz a taça que envenenamos aos nossos lábios, da mesma forma que nos traz o perfume das flores que semeamos.

Assim, se hoje sentimos a navalha da traição dilacerando as fibras da nossa alma, pensemos que talvez sejamos o traidor de ontem.

E a mesma dor que ora sentimos, quiçá tenhamos provocado em corações que ora nos negam fidelidade.

Assim, seja qual for a nossa situação, lembremos os ensinos de Jesus, e busquemos, junto ao Seu coração magnânimo, as forças para seguir-Lhe o exemplo, perdoando sempre.

Redação do Momento Espírita.

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