“Que dizem os homens que sou? Disseram os discípulos: Uns dizem João, outros Elias, outros Jeremias ou um dos profetas. E vós, quem dizeis que sou?

Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mateus, 16: 13 a
16).

Sem desprezar outras apreciações que o texto acima faculta, observamos que
Jesus procurou esclarecer os discípulos sobre quem é Ele. Primeiro indaga quanto
a opinião das pessoas a seu respeito, depois pergunta aos próprios discípulos,
quem era Ele. E Pedro afirma: “Tu és o Cristo, filho de Deus vivo”, e recebe
total aprovação do Mestre, dizendo: “Bem-aventurados és, Simão, filho de Jonas,
porque não foi a carne e o sangue quem to revelou, mas sim meu Pai que está nos
céus”. Não foi Pedro (o homem de carne e sangue) o autor da revelação, mas o Pai
que está nos céus, isto é, Pedro foi um instrumento de Deus ao dar a resposta
precisa.

Quem é Jesus? Se essa pergunta nos for feita hoje, o que responderemos? Para
alguns Jesus é apenas um homem sábio, um filósofo, ou um profeta. Os Judeus
continuam esperando a vinda do Messias. Há quem considera Jesus um
revolucionário, um anarquista. Há um livro com este título: “Jesus, o maior dos
anarquistas”. Para grande parte dos cristãos Jesus seria o próprio Deus, o
Criador de tudo que existe. E para o espírita, quem é Jesus? Emmanuel, pela
psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro “A Caminho da Luz”, afirma:
“Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do
nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor
Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de
todos as coletividades planetárias. Essa comunidade de seres angélicos e
perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber,
apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas
decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso
dos milênios conhecidos. A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se
desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço,
as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em
ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da
Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e
redenção”.

Assim, Jesus é um Espírito, filho de Deus, como nós, com a diferença de que,
ao ser formado o nosso planeta. Ele já era um Ser da mais alta evolução. Não há
possibilidade de comparação entre Jesus e qualquer outro Espírito que já tenha
passado pela Terra, por mais sábio e bom que este seja. Jesus teria realizado o
seu processo evolutivo em outros mundos, e já fazia parte da “Comunidade de
Espíritos Puros” antes da formação do nosso orbe.

No Livro dos Espíritos, questão 625, pergunta Allan Kardec: “Qual o tipo mais
perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo?”
Resposta: “Vede Jesus”. E Kardec comenta: “Jesus é para o homem o tipo de
perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece
como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão
de sua lei, porque ele estava animado do Espírito divino e foi o ser mais puro
que já apareceu na Terra…”.

Jesus nos propõe um programa de trabalho ao nos convidar: “Se alguém me
quiser seguir, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me”. Muitas vezes
procuramos seguir os cristãos, e não o Cristo. Quem segue Jesus está sempre em
boa Companhia, não sofre decepções. Tem sempre um roteiro de aprendizado e de
trabalho, para realizar sua evolução espiritual. No estudo e compreensão dos
ensinos do Mestre, e, ao mesmo tempo, empenhado em vivenciá-los no cotidiano,
vai compreendendo cada vez melhor as leis divinas, e desenvolvendo as
potencialidades do Espírito. Seguir os cristãos é algo bem diferente. Estes
podem ser bem intencionados, imbuídos dos melhores ideais, mas como criaturas
ainda imperfeitas estão sujeitas a erros e fracassos. Seja o sacerdote católico,
o pastor evangélico, o médium espírita ou o orador, administrador de
instituições podem ser pessoas bem intencionadas, que prestam bons serviços ao
ideal, mas não reúnem condições para serem guias, ou modelos. No nosso caso, no
movimento espírita, podemos observar que, às vezes, irmãos valorosos, ao longo
do tempo, sofrem desvios de conduta em suas atividades, enveredando por caminhos
equivocados. Isto é natural, pois é próprio da fraqueza do Espírito em evolução,
num mundo como o nosso.

Alerta-nos Emmanuel: “Na procura de orientação para a conquista da felicidade
suprema, com base na alegria santificante, lembra-te de que não podes encontrar
a diretriz integral entre aqueles que te comungam a experiência terrestre. Nem
na tribuna, nem nos pioneiros da evolução, nem no trabalho dos pesquisadores,
nem na cátedra dos professores, nem na veste dos sacerdotes, nem no bastão dos
pastores, nem na pena dos escritores, nem na frase incisiva dos pregadores
ardentes, nem na mensagem reconfortante dos benfeitores desencarnados. Em todos,
surpreenderás, em maior ou menor porção, defeito e virtude, fealdade e beleza,
acertos e desacertos, sombras e luzes. Cada um deles algo te ensina,
beneficiando-te de algum modo; contudo, igualmente caminham, vencendo com
dificuldade a si mesmos… Cada um é credor de nossa gratidão e de nosso
respeito pelo amor e pela cultura que espalha, mas no campo da Humanidade só
existe um orientador completo e irrepreensível. Tendo nascido na palha, para
doar-nos a glória da vida simples, expirou numa cruz pelo bem de todos, a fim de
mostrar-nos o trilho da eterna ressurreição”1

1 – Emmanuel – Religião dos Espíritos, psicografia de Francisco C. Xavier.


Escrito por José Argemiro da Silveira

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