Em todas as épocas da Humanidade, celebrizaram-se as tradições provindas do mundo espiritual, que posteriormente foram transformadas em fontes vivas de inspiração, qual ocorre com os livros famosos.
Desde os rolos de papiros às tabuinhas, aos tijolos de barro e pedaços de madeira, bem como às paredes de cavernas, gravaram-se os acontecimentos e as experiências vividas que se transformaram em páginas da fé religiosa, da ética, da guerra, da beleza, ao mesmo tempo portadores de sabedoria, conforme o pensamento da época...
Fizeram-se verdadeiros guias para o aformoseamento e a história das culturas dos povos e nações, algumas das quais hoje desaparecidas ou que sobrevivem sob outras condições.
Na Índia, o Vedanta e outros narram as sagas heroicas dos deuses e dos homens que construíram o mundo e o país.
No Egito, O livro dos mortos é repositório de revelações a respeito da imortalidade e dos deveres que são impostos aos homens para a vida espiritual.
Na Grécia, os diálogos de Platão e a Odisseia revelam princípios éticos dos mais significativos. Em Israel, o Velho Testamento, depois a inclusão do Novo, que se apresentam como incomparáveis modelos de histórias e narrações lendárias.
Uma civilização feliz é aquela que se permite a educação dos hábitos e costumes, traçando uma trajetória de beleza e de progresso, que o livro nobre proporciona.
Sempre atual, a sua mensagem vibra e motiva todos aqueles que lhe recorrem ao auxílio.
O Espiritismo não poderia desconsiderar tão formidável instrumento para a divulgação dos postulados da imortalidade.
Desde o início das informações e esclarecimentos luminosos oferecidos pela fenomenologia mediúnica, culmina a sua contribuição científica, moral e intelectual com a publicação de A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo.
O Codificador encontrava-se amadurecido pelas experiências e pesquisas, sentindo a necessidade de abordar palpitantes temas da cultura terrestre.
A Teologia havia dominado as mentes baseadas em formulações filosóficas de homens e mulheres notáveis, seja no Catolicismo ou no Protestantismo, mas não conseguiu diminuir os conflitos existenciais e espirituais que dominavam a Humanidade.
A lógica e a razão, no entanto, apresentavam-se nos laboratórios da investigação da mediunidade e a revelação clara, sem artifícios, ressumava de cada fato novo.
Nesse clima de afervorados debates, surgiu O livro dos espíritos, e logo sucederam-se as demais obras da Codificação Espírita com a sua força de bronze, eliminando as superstições vigentes, especialmente nas religiões, apoiando as conquistas da ciência, ao tempo em que propõem a investigação para o multimilenar quesito da imortalidade do ser e das suas experiências multifárias mediante a reencarnação.
Os pseudocientistas de ocasião, sem experiência de laboratório nem exame dos novos acontecimentos, dão-lhe as costas e zombam, utilizando-se do velho comportamento do desprezo por falta de argumentação capaz de enfrentar a razão face a face.
Outros, mais apaixonados, apelam para caducas teses de demonização, o que ainda mais confirma a imortalidade, e pensam atacar os idealistas por ausência de conhecimentos para rebater as ideias superiores em torno da vida e da sua excelência.
Os velhos tabus dominantes são vencidos pelo bom senso de Allan Kardec e pelas elucidações espirituais dos Mentores da Humanidade. A ética do Evangelho, sem dúvida a mais honorável, por dignificar o ser humano, é apresentada por modelo de conduta para todos os que sofrem, para quantos anelam por explicações libertadoras da ignorância, instalando-se o período espírita na cultura hodierna.
Outros complexos desafios, no entanto, permaneciam sob suspeita e descréditos quando o mestre de Lyon publicou A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo, referindo-se aos milagres de Jesus, às origens do Universo, aos dias da Criação, às leis dos fluidos, assim como ao futuro do planeta.
Cuidada com carinho e examinada zelosamente pelo seu autor, revista em alguns pontos necessitados de maior clareza e atualidade, após a publicação de 1868, antes da sua desencarnação, deixa ilibada a obra, que é verdadeiro relicário de conforto e de instruções perfeitamente compatíveis com as leis então conhecidas.
Cento e cinquenta anos após, ainda permanece como um manancial de bênçãos, orientando as multidões que se lhe abeiram e lhe penetram as inexauríveis nascentes.
Quando os sofrimentos de vária origem esmagam a sociedade contemporânea, essa obra de raro esplendor dá cumprimento à determinação de Jesus sobre o Consolador e proporciona a certeza inabalável sobre a indestrutibilidade da vida e da sua fatalidade na conquista da plenitude.
Vianna de Carvalho - Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 21.2.2018, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia - 6.7.2018.
Em mensagem datada de dezembro de 1867, na Revista Espírita, o Espírito São Luís, referindo-se ao livro que estava prestes a surgir, assim se expressa:
(...)Esta obra vem a propósito, no sentido de que a doutrina está hoje bem firmada do ponto de vista moral e religioso. Seja qual for a direção que tome doravante, tem raízes muito profundas no coração dos adeptos, para que ninguém possa temer se desvie ela de sua rota. O Espiritismo atualmente entra numa nova fase. Ao atributo de consolador alia o de instrutor e diretor do espírito, em ciência e em filosofia, como em moralidade. A caridade, sua base inabalável, dele fez o laço das almas eternas; a ciência, a solidariedade, a progressão, o espírito liberal dele farão o traço de união das almas fortes. […] A questão de origem que se liga à Gênese é para todos apaixonante. Um livro escrito sobre esta matéria deve, em consequência, interessar a todos os espíritos sérios. Por esse livro, como vos disse, o Espiritismo entra numa nova fase e está preparará as vias da fase que se abrirá mais tarde. […]
No que se refere à importância e oportunidade da obra, A Gênese; uma mensagem, endereçada a Allan Kardec pelos Espíritos que o secundaram na sua elaboração merece destaque o seguinte trecho.
(...)Pessoalmente, estou satisfeito com o trabalho [o de elaboração do livro], mas a minha opinião é de pouca valia, levando- se em conta a satisfação daqueles a quem ela transformará. O que, sobretudo, me alegra são as consequências que produzirá sobre as massas, tanto no Espaço quanto na Terra.7: Pessoalmente, estou satisfeito com o trabalho [de elaboração de A Gênese], mas a minha opinião pouco vale, a parda satisfação daqueles a quem ela transformará. O que, sobretudo, me alegra são as consequências que produzirá sobre as massas, tanto no espaço, quanto na Terra....
Revista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos - 10º ano nº 9 setembro 1867.