A história do maior autor do Novo Testamento e, para muitos estudiosos, o maior autor da Bíblia, ganhou uma nova adaptação cinematográfica em Paulo de Tarso e a História do Cristianismo Primitivo. O docudrama espírita escrito e dirigido por André Marouço — responsável também pelos filmes Nos Passos do MestreO Filme dos Espíritos e Causa & Efeito — acompanha a jornada do apóstolo Paulo, narrando sua conversão de Saulo para Paulo e sua peregrinação para espalhar a palavra de Jesus pela Ásia e Europa.

O principal nome no elenco é Caio Blat, que faz uma participação especial em poucas cenas como Estevão. Segundo o ator, o chamariz foi poder trabalhar pela primeira vez ao lado de seu filho, Antônio, que também atuou em Paulo de Tarso. “Foi um convite que partiu do André [Marouço] e do Antônio, que é meu filho, que vive e cresce dentro uma instituição espírita. A avó e a mãe dele são pessoas missionárias que trabalham com a divulgação da doutrina espírita e o acolhimento de crianças”, comentou Blat, revelando também ser um estudioso da filosofia espírita. “Quando eu soube que o Antônio e a Ana [Ariel, atriz do filme e mãe do filho de Blat] iam participar desse filme, e o André me convidou, eu fiz questão de participar no que eu pudesse, para estar perto do meu filho, em primeiro lugar, e também para a ajudar a divulgar o espiritismo”, apontou. Antônio, por sua vez, revelou que trabalhar ao lado do pai foi uma experiência emocionante.

O protagonista, Paulo, é interpretado por Alexandre Galves, que faz sua estreia nos cinemas, vindo diretamente dos teatros à convite do diretor. “O André foi assistir a um espetáculo em Guarulhos e então ele me convidou, muito também pela proximidade que ele tem com a minha mãe, que é uma grande estudiosa da doutrina espírita. Eu aceitei de imediato, é o meu primeiro projeto cinematográfico e foi uma narrativa história que me apresentou diversos pontos de vista, de reformas íntimas e de reformulações filosóficas na minha vida”, apontou Galves, revelando ter se “apaixonado” pelo livro escrito por Chico Xavier e Emmanuel.

A escolha pouco convencional de fazer um docudrama — formato que mistura elementos documentais e ficcionais — surgiu do próprio diretor e sua equipe a fim de apresentar algo diferente para o cinema nacional, sem ficar maçante para o público médio. “O brasileiro ele tem uma cultura novelística muito forte. E a cultura do documentário não é tão forte assim. Então, essa escolha pelo docudrama é uma oportunidade que nós temos de entreter, de quebrar uma certa monotonia que pode se dar quando estamos contando uma história baseada em documentos, em fatos, em estudos, e se torna mais aprazível para o espectador”, explicou Marouço.

De acordo com Blat, o diferencial do filme é justamente o fato de misturar um lado documental com cenas ficcionais. “É um filme diferente do que o pessoal está acostumado a ver, e é muito didático. Ele é muito importante nesse sentido educativo, para quem está estudando o assunto, a história do espiritismo, a origem do cristianismo”, disse o ator, apontando a importância de se conhecer como nasceu a ideia do que hoje é a maior religião do mundo. “Como é que dois homens surgiram lá do Oriente Médio, sozinhos, atravessando com tanta dificuldade, cruzando cidades através de outras civilizações, povos que tinham outras religiões? E como eles estavam tão inspirados a ponto de conseguir espalhar essa ideia do Cristo para o planeta inteiro?”, questionou, intrigado.

“Estivemos duas vezes na Ásia Menor e na Europa e procuramos, na medida do possível, seguir uma linha do tempo do próprio personagem, evidente que nem sempre foi possível por conta da posição geográfica dos locais”, disse o cineasta, apontando que escolheu os principais pontos onde Paulo teria atuado. “Ele viajou durante doze mil e oitocentos quilômetros, em uma época onde as oportunidades de viagem se davam através de burro, barco ou andando, e nós fizemos isso tudo de carro e de avião. Ou seja, muito cômodo.” 

O diretor ainda explicou que o caminho foi feito através do trabalho de pesquisa feito pelo curador do filme, Severino Celestino, professor e doutor em Ciências da Religião pela Universidade Federal da Paraíba. “Em cima desse estudo do professor, seguimos essa trajetória mostrando os locais. Muitos deles extremamente bem preservados e muito ricos para a história cristã. Creio que boa parte dos cristãos sequer sabem que esses lugares estão tão ricos e tão preservados.”

Alexandre Galves destacou que, durante a longa viagem de Paulo, encontrou dois grandes desafios em viver o personagem. “O primeiro foi fazer essa conversão de Saulo para Paulo, que são duas psiques extremamente distintas. O segundo foi interpretar quarenta anos do mesmo personagem”, disse, revelando ter sido um processo harmonioso e intuitivo.

Caio Blat, por sua vez, elogiou a montagem e os aspectos técnicos do filmes, afirmando: “É um dos trabalhos que dá orgulho da gente ter participado e estar junto”. O ator concluiu, destacando os filmes religiosos entre tantos outros produzidos no Brasil:

“O cinema brasileiro tem que ter uma grande diversidade, todo tipo de filme tem que ser feito: comédias, aventuras, animação, documentários e, graças a Deus, está aumentando cada vez mais o público dos filmes espíritas, religiosos, que é um tema muito forte no Brasil”, apontou Blat. “O brasileiro é um povo muito fervoroso, muito religioso. Tem histórias de santos do cristianismo que estão sendo feitas, de figuras religiosas, biografias. Existe um universo muito vasto ainda para ser explorado, muitas obras que foram deixadas por médiuns, por escritores. E tem um público também muito ávido, muito curioso, então acho que é um meio que ainda vai crescer bastante”, defendeu o ator.

Feito através de financiamento coletivo, Paulo de Tarso e a História do Cristianismo Primitivo está em cartaz nos cinemas.

Fonte: Site adorocinema Por Vitória Pratini

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