Conforme se observa na questão 55 de O Livro dos Espíritos,
cuja primeira edição ocorreu em 18 de abril de 1857, Allan Kardec pergunta: São
habitados todos os globos que se movem no espaço? E os Espíritos superiores
respondem: “Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em
inteligência, em bondade e em perfeição”. Aprofundando a análise deste assunto,
Kardec observa: Nos mundos intermédios, misturam-se o bem e o mal, predominando
um ou outro, segundo o grau de adiantamento da maioria dos que os habitam.
Embora se não possa fazer, dos diversos mundos, uma classificação absoluta,
pode-se contudo, em virtude do estado em que se acham e da destinação que
trazem, tomando por base os matizes mais salientes, dividi-los, de modo geral,
como segue: mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma
humana; mundos de expiação e provas, onde domina o mal; mundos de regeneração,
nos quais as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando
das fadigas da luta; mundos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal; mundos
celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente
reina o bem. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, item 4.) Em mensagem
transmitida através de Divaldo Pereira Franco no encerramento do 3o Congresso
Espírita Brasileiro, em 18 de abril de 2010, publicada na edição de Junho do
mesmo ano na revista Reformador, Bezerra de Menezes assevera: ...Estamos agora
em um novo período. Estes dias assinalam uma data muito especial, a data da
mudança do mundo de provas e expiações para o mundo de regeneração. A grande
noite que se abatia sobre a Terra lentamente deu lugar ao amanhecer de bênçãos.
E continua sinalizando para a necessidade de todos nós aumentarmos a nossa
capacidade de nos amarmos uns aos outros a fim de podermos ser realmente úteis
na construção desse novo mundo e assegurar o direito de nele permanecer.
Devemos lembrar, ainda, a mensagem de Santo Agostinho, de 1862, que, falando
sobre os mundos de regeneração, destaca: [...] Em todas as frontes, vê-se
escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações sociais, todos reconhecem
Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis. Mas [...] nesses
mundos, ainda falível é o homem e o Espírito do mal não há perdido
completamente o seu império. Não avançar é recuar, e, se o homem não se houver
firmado bastante na senda do bem, pode recair nos mundos de expiação, onde,
então, novas e mais terríveis provas o aguardam. (Op. cit., itens 17 e 18.) Com
todos estes esclarecimentos, só nos resta, em nosso próprio benefício,
empenharmo-nos no nosso aprimoramento moral.
Matéria publicada na Revista Reformador de número 2175 em
Junho de 2010.
Curiosidade:
O periódico foi lançado em 1883 com o nome de Reformador,
por iniciativa do português radicado no Rio de Janeiro, o fotógrafo Augusto
Elias da Silva.
À época era impresso como um jornal, com quatro
páginas de texto, formato que conservou até dezembro de 1902. O periódico,
então com modesta tiragem, vinha a público quinzenalmente. Uma boa quantidade
de cada edição era despachada via marítima para Lisboa, onde cumpria idêntica
função de divulgação da doutrina no país onde, à época, as mensagens recebidas
pelo médium Fernando de Lacerda em Do Paiz da Luz, causavam vivos debates.
Note-se que a pequena tiragem sequer cobria as despesas de confecção, em vista
de perfazerem os assinantes um número irrisório, de cem a duzentos, sendo o excedente
de exemplares, geralmente o dobro, distribuído gratuitamente.