Não creias, alma querida,

Seja a prova que atravessas

A chaga maior da vida,

Marcando suplício atroz;

Enquanto expões o que dizes,

Há corações pela estrada

Tão tristes, tão infelizes,

Que a dor lhes consome a voz.

Esse carrega desgosto

Regado de pranto oculto,

Aquele em pleno tumulto,

Sente angústia e solidão;

Outro tem tanta amargura

Que treme quando caminha,

De alma cansada e sozinha,

Caindo em perturbação.

Esse transporta doenças,

Embora a expressão correta,

Outro tem mágoa secreta,

Disfarçando o próprio “eu;”

Aquele chora e tropeça

Na penúria em que se arrasa,

Outro viu a morte em casa,

Revoltou-se e enlouqueceu.

Alma irmã, tolera e aceita

A provação recebida,

Abençoa a própria vida,

Seja essa vida qual for;

O sofrimento, onde esteja,

É a luz com que Deus nos guia

Nas lutas do dia-a-dia,

Para a conquista do Amor.

Autor: Maria Dolores
Psicografia de Chico Xavier

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