Dizes que sofres angústiasAté mesmo quando em casa,Que a tua dor extravasaNas cinzas da depressão.Que não suportas a vida,Nem te desgarras do tédio,O fantasma, em cujo assédioAfirma que tudo é vão.Perto da rua em que morasHá uma viúva esquecida,Guarda o avô quase sem vidaE três filhinhos no lar;Doente, serve em hotel,Trabalha na rouparia.Busca o pão de cada dia,Sem tempo para chorar.Não longe triste mulher,Num cubículo apertado,Chora o esposo assassinadoQue era guarda de armazém...Tem dois filhinhos de colo.Por enquanto, ainda não sabeO que deve fazer da existência.Espera pela assistênciaDos que trabalham no bem.Um paralítico cego,Numa esteira de barbante,Implora mais adianteQuem lhe dê água a beber...Ninguém atende... Ele grita,Na penúria que o consome,Tem sede e febre, tem fome,Sobretudo quer morrerDepressão? Alma querida,Se tens apenas trtisteza,Se te sentes indefesa,Contra a mágoa e dissabor,Sai de ti mesma e auxiliaAos que mais sofrem na estrada.A depressão é curadaPelo trabalho do amor.
Maria Dolores do livro "Dádivas de Amor"