Jesus em sua sabedoria de Espírito Perfeito detentor de imensurável conhecimento sobre o ser humano, alertou-nos para que tenhamos prudência em nossas expectativas de retorno pelos esforços que dedicarmos em nosso melhoramento individual e dos nossos semelhantes, quando nos disse: “Só em sua própria terra e em sua própria casa é que um profeta não tem honra”. (1)


Alertava-nos o Mestre para o fato de que não deveríamos esperar agradecimento ou reconhecimento por qualquer tipo de realização que por ventura realizemos em nossa comunidade, seja ela, familiar, social, religiosa e etc., pois, nem mesmo ele, como enviado do Pai, conseguiu a compreensão e o reconhecimento de sua sublime missão, sequer em sua própria família consanguínea.


Por mais que seja notório o nosso aprimoramento e crescimento no aspecto intelectual, moral e, particularmente, no campo religioso, muito dificilmente algum de nós logrará convencer aqueles de sua convivência mais íntima, no seio da família ou da comunidade dos progressos que por ventura tenhamos realizado. Não foi por outra razão que Jesus, nosso Modelo e Guia, solicita-nos desde sempre para continuarmos a nos ocupar apenas em realizar a nossa reforma íntima sem a preocupação com o reconhecimento alheio.


893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?


“Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtudes sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores.

A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.” (2)


Inúmeras são as situações em que comprovamos essa verdade anunciada por Jesus em nosso dia-a-dia e verificamos que também nós estamos, ainda muito distantes, do momento em que o reconhecimento da melhoria do nosso semelhante receba de nós a devida atenção e, dessa forma, não mais procuremos enxergar somente a sua parte negativa, destacando, assim, o seu esforço de renovação.


Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos as instruções dos Espíritos sobre o papel do homem de bem abaixo transcrito:


“Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.


Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.


O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus”. (3)


Dessa forma entendemos que chegou a hora de reverter essa situação, que antes de tudo, demonstra o quanto ainda estamos distantes, em termos de moralidade, donde deveríamos estar e, que precisamos empregar os maiores esforços na atenção e respeito aos nossos semelhantes conforme o texto acima nos ensina e incentiva a seguir o exemplo que os Espíritos Superiores nos trouxeram, pois sabemos que somente à custa de muito trabalho e sacrifício, alcançaremos a superação das nossas deficiências.


Ouçamos, pois, o conselho do benfeitor Emmanuel que nos diz:


"Esforcemo-nos por fazer o melhor ao nosso alcance, desde agora, e a perfeição ser-nos-á, um dia, preciosa fonte de bênçãos, descortinando-nos luminoso porvir”." (4)


Francisco Rebouças


Referências Bibliográficas:

1) O Evangelho de Mateus, Cap. 13 vv.54 a 58.

2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos – FEB 76ª edição.

3) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 3.

4) Xavier, Francisco Cândido – Livro: Nascer e Renascer, Cap. 16- ditado pelo Espírito Emmanuel.

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