A civilização é um progresso incompleto. O homem não passa subitamente da infância à madureza.


Não será racional condenar a civilização, mas sim os que dela abusam.


A civilização estará completa quando o moral estiver tão desenvolvido quanto a inteligência. O fruto não pode surgir antes da flor.


A civilização não efetua, imediatamente, todo o bem que poderia produzir, porque os homens ainda não estão prontos nem dispostos a alcançá-lo. Não progridem simultaneamente todas as faculdades do Espírito. Tempo é preciso para tudo. De uma civilização incompleta não podemos esperar frutos perfeitos.


Reconhecemos uma civilização completa pelo desenvolvimento moral. Cremos que estamos muito adiantados, porque temos feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque nos alojamos e vestimos melhor do que os selvagens. Todavia, não teremos verdadeiramente o direito de dizer-nos civilizados, senão quando de nossa sociedade houvermos banido os vícios que a desonram, e quando vivermos como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, seremos apenas povos esclarecidos, que percorreram a primeira fase da civilização.


A civilização, como todas as coisas, apresenta gradações diversas. Uma civilização incompleta é um estado transitório, que gera males especiais, desconhecidos do homem no estado primitivo. Nem por isso, entretanto, constitui menos um progresso natural, necessário, que traz consigo o remédio para o mal que causa. À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, males que desaparecerão todos com o progresso moral.


De duas nações que tenham chegado ao ápice da escala social, somente pode considerar-se a mais civilizada, na legítima acepção do termo, aquela onde exista menos egoísmo, menos cobiça e menos orgulho; onde os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que materiais; onde a inteligência se puder desenvolver com maior liberdade; onde haja mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; onde menos enraizados se mostrem os preconceitos de casta e de nascimento, pois tais preconceitos são incompatíveis com o verdadeiro amor do próximo; onde as leis nenhum privilégio consagrem e sejam as mesmas, assim para o último, como para o primeiro; onde com menos parcialidade se exerça a justiça; onde o fraco encontre sempre amparo contra o forte; onde a vida do homem, suas crenças e opiniões sejam mais respeitadas; onde exista menor número de desgraçados; enfim, onde todo homem de boa vontade esteja certo de lhe não faltar o necessário.



Referências:

O Livro dos Espíritos - Terceira Parte - Cap. VIII - Allan Kardec

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