Igualdade natural
Perante Deus, todos os homens tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizemos frequentemente: “O Sol luz para todos” e assim enunciamos uma verdade maior e mais geral do que pensamos.
Todos os homens estão submetidos às mesmas leis da natureza. Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos, aos seus olhos, são iguais.
Desigualdade das aptidões
Deus criou iguais todos os Espíritos, mas cada um deles vive há mais ou menos tempo, e, consequentemente, tem feito maior ou menor soma de aquisições. A diferença entre eles está na diversidade dos graus da experiência alcançada e da vontade com que obram, vontade que é o livre-arbítrio. Daí o se aperfeiçoarem uns mais rapidamente do que outros, o que lhes dá aptidões diversas. A variedade das aptidões é necessária, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais. O que um não faz, outro fará. Assim é que cada qual tem seu papel útil a desempenhar. Ademais, sendo solidários entre si todos os mundos, necessário se torna que os habitantes dos mundos superiores, que, na sua maioria, foram criados antes do nosso, venham habitá-lo, para nos dar o exemplo.
Passando de um mundo superior a outro inferior, o Espírito conserva integralmente as faculdades adquiridas. O Espírito que progrediu não retrocede. Poderá escolher, no estado de Espírito livre, um envoltório mais embotado, ou posição mais precária do que as que já teve, porém tudo isso para lhe servir de ensinamento e ajudá-lo a progredir.
Assim, a diversidade das aptidões entre os homens não deriva da natureza íntima da sua criação, mas do grau de aperfeiçoamento a que tenham chegado os Espíritos encarnados neles. Deus, portanto, não criou faculdades desiguais; permitiu, porém, que os Espíritos em graus diversos de desenvolvimento estivessem em contato, para que os mais adiantados pudessem auxiliar o progresso dos mais atrasados e também para que os homens, necessitando uns dos outros, compreendessem a lei de caridade que os deve unir.
Desigualdades sociais
A desigualdade das condições sociais não é uma lei da natureza. É obra do homem e não de Deus.
Essa desigualdade desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade do merecimento. Dia virá em que os membros da grande família dos filhos de Deus deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro. Só o Espírito é mais ou menos puro e isso não depende da posição social.
Os que abusam da superioridade de suas posições sociais, para, em proveito próprio, oprimir os fracos serão, a seu turno, oprimidos: renascerão numa existência em que terão de sofrer tudo o que tiverem feito sofrer aos outros.
Referência:
O Livro dos Espíritos - Terceira Parte - Cap. XI - Allan Kardec.