Não passes distraído, diante da dor.


Nesses semblantes que o sofrimento descoloriu e nessas vozes fatigadas em que a tortura plasmou a escala de todos os gemidos, Jesus, o nosso Mestre Crucificado, continua incompreendido e esfalecente.


Nessas longas multidões de aflitos e infortunados, encontrarás a nossa própria família.


Quantos deles albergaram esperanças iguais àquelas que nos alimentam os sonhos, sem qualquer oportunidade de realização? quantos tentaram atingir a presença da luz, incapazes de vencer a opressão das trevas?


Essas crianças caídas no berço da angústia, esses enrugados velhinhos sem ninguém, essas criaturas que a ignorância e a provação mergulharam no poço da enfermidade ou no espinheiro do crime, são nossos irmãos, à frente do Eterno Pai.


Estende-lhes tua alma na dádiva que possas oferecer, guardando a certeza de que amanhã, provavelmente, estarás também suspirando pelo bálsamo do socorro na bênção de um pão ou na luz de uma prece amiga.


Recorda que as mãos hoje por ti libertadas dos grilhões do infortúnio, podem ser aquelas que, amanhã, chegarão livres e luminosas, em teu auxílio.


Ao pé de cada coração desventurado, Jesus nos espera em silêncio.


Dispõe-te a compreender, a fim de que possas auxiliar.


Compadece-te de teus pais, de teus filhos, de teus irmãos, de teus amigos e adversários.


Os golpes sublimes da Vontade Superior sobre os nossos desejos serão recursos do máximo proveito para o nosso próprio futuro.


Meimei / Chico Xavier do livro: Sentinelas da Alma

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