No pensamento tem  o homem ilimitada liberdade, pois que não admite barreiras. Pode-se deter-lhe o ímpeto, porém, não aniquilá-lo.


Perante Deus, o homem é responsável pelo seu pensamento. Somente a Deus sendo possível conhecê-lo, ele o condena ou absolve, segundo a sua justiça.



Liberdade de consciência


A consciência é um pensamento íntimo, que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos.


O homem não tem direito de pôr embaraços à liberdade de consciência, assim como não o tem com referência à liberdade de pensar, porque só a Deus cabe o direito de julgar a consciência. Assim como os homens, pelas suas leis, regulam as relações de homem para homem, Deus, pelas leis da natureza, regula as relações entre ele e o homem.


O resultado dos embaraços que se oponham à liberdade de consciência é o de constranger os homens a procederem em desacordo com o seu modo de pensar, fazê-los hipócritas. A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do progresso.


Em relação às crenças, todas são respeitáveis, quando sincera e conducente à prática do bem. Condenáveis são as crenças que conduzem ao mal.


As crenças capazes de causar perturbações à sociedade podem ser reprimidas, porém, podem-se reprimir os atos, a crença íntima é inacessível. Reprimir os atos exteriores de uma crença, quando acarretem qualquer prejuízo a terceiros, não é atentar contra a liberdade de consciência, pois que essa repressão em nada tira à crença a liberdade, que ela conserva integral.


É repreensível aquele que escandalize, por motivo de sua crença, um outro que não pensa como ele. Isso é faltar com a caridade e atentar contra a liberdade de pensamento.


Podemos e até devemos, sem atentar contra a liberdade, procurar trazer ao caminho da verdade os que se transviaram obedecendo a falsos princípios. Mas devemos ensinar, a exemplo de Jesus, servindo-nos da brandura e da persuasão e não da força, o que seria pior do que a crença daquele a quem desejaríamos convencer. Se alguma coisa se pode impor, é o bem e a fraternidade. Mas não pensemos que o melhor meio de fazê-los admitidos seja obrar com violência. A convicção não se impõe.


Como todas as doutrinas alimentam a pretensão de ser a expressão única da verdade, podemos reconhecer a que tem o direito de se apresentar como tal, aquela que mais homens de bem e menos hipócritas fizer, isto é, pela prática da lei de amor e de caridade na sua maior pureza e na sua mais ampla aplicação. Esse é o sinal em que reconheceremos que uma doutrina é boa, visto que toda doutrina que tiver por efeito semear a desunião e estabelecer uma linha de separação entre os filhos de Deus não pode deixar de ser falsa e perniciosa.




Referências:

O Livro dos Espíritos - Terceira Parte - Cap. X - Allan Kardec.


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