Refletir sobre a própria vida é uma necessidade que não deve ser deixada para depois. Parar um pouquinho de pensar freneticamente nos afazeres, nas conexões, em várias atividades ao mesmo tempo; sair dos pensamentos superficiais e aprofundar um pouco na nossa consciência, lugar onde mora nosso “eu” verdadeiro, onde estão registradas nossas experiências e tudo o que fazemos, pensamos e sentimos, e que somente Deus conhece na totalidade.

 A ansiedade gerada pela vida moderna, que impõe falsas necessidades de se acompanhar tudo e todos, comparar, ter que fazer isso ou aquilo, parecer, conseguir, adquirir, como condições para alcançarmos a felicidade, acaba asfixiando o verdadeiro propósito da nossa vida, distanciando-nos do significado real de estarmos aqui na terra, deixando nos, na maioria das vezes, vazios, inseguros, sem saber que rumo tomar, como um barco sem vela.

Encontrar o sentido da própria vida é descobrir a nossa singularidade. É encontrar o que nos define, o que define nossa história individual e como isso irá interagir com o coletivo, em termos de contribuição para o bem comum. É identificar o ser único que cada um é e conseguir perceber que a felicidade e a paz de espírito tanto almejadas somente alcançamos quando fazemos o que realmente viemos fazer aqui na terra, ou seja, cumprir o nosso dever, a nossa missão.

 Mas como perceber isso? Quais os caminhos para se alcançar esse sentido, para descobrir o que viemos fazer aqui, o nosso papel, o que planejamos melhorar em nós, o que planejamos fazer e quem planejamos ser enquanto espíritos reencarnados?

Ao pararmos para refletir sobre a própria vida, acessamos nossa consciência e fazemos uma releitura das nossas experiências, dos acontecimentos e suas marcas. Nesse ato, vamos atribuindo significados de acordo com as nossas crenças, valores e de acordo com a pessoa que nos tornamos e construímos para conduzir a própria vida. Isso é muito importante porque muitas vezes nós atribuímos todo o sentido da nossa existência a uma pessoa, ou a um bem material ou estilo de vida, um hobbie, um animalzinho de estimação, um trabalho ou cargo, ou a um fato que a gente quer muito que aconteça; de forma que depositamos e investimos ali todo o potencial da nossa alma. Fazemos projetos de vida nesse sentido e os emolduramos como se fossem definitivos, atrelando a eles a nossa felicidade. Mas chega um dia em que a vida nos afasta da razão que achávamos que era o motivo do nosso viver, e nos pede para aceitar o que é nosso de verdade. Então, apodera- se de nós o sentimento de fragilidade, de estar “sem chão”, sem forças para seguir em frente e sem motivos para viver. Porque, na verdade, é a força e o potencial da alma que nos dão a direção e senso interior. Nosso alicerce, o sentido da nossa vida, nós devemos buscar e encontrar dentro de nós mesmos, no nosso templo interior, conhecendo e explorando nossos potenciais inatos, descobrindo nossos valores e crenças, que irão ressignificar as experiências menos felizes que tivemos que passar, atribuindo um sentido para cada acontecimento, compreendendo, de fato, a importância de cada um para a nossa evolução espiritual.

Para tanto, Deus nos concedeu ferramentas, pois Ele sabe que não é uma tarefa fácil para nós, crianças espirituais que somos. O Evangelho de Cristo à luz da Doutrina Espírita, o recurso da prece e a prática da caridade nos proporcionam lucidez para clarear nossa visão e interpretar a própria vida, extraindo dela um sentido maior, que é a razão do nosso viver e de estarmos de passagem pela terra.

Esse investimento é o que temos que fazer para que a fé inabalável seja uma conquista de cada um, pois, na matéria, tudo muda, tudo se transforma. A dor passa e as alegrias também. Mas a força espiritual é perene e é a única capaz de nos sustentar nos momentos turbulentos. É a única que ninguém e nem nada nos tira, e deve ser construída por nós diariamente, porque cada criatura haverá de passar por testemunhos que poderão levar ao desespero se não houver fé em Deus. Nós sabemos que não podemos controlar, impedir que aconteçam as perdas, as frustrações, os desafios, que muitas vezes chamamos de tragédias da vida, mas podemos dar um novo significado para essas experiências. Antes de tudo, é necessário aceitar o ocorrido, conviver com o que aconteceu, entendendo a importância dessa experiência para o progresso individual do espírito e não apenas da última encarnação. Em seguida, devemos descobrir o que depende de nós fazer a partir daí e o que não depende. Isso permite que retomemos a nossa vida adaptando-a à nova realidade, vislumbrando outras possibilidades que a vida nos trará no momento certo.

 Assim estaremos fortalecendo nosso poder de lidar com os acontecimentos, com as circunstâncias diversas, desafios, dando-nos segurança, serenidade e equilíbrio para fazermos novas escolhas com sabedoria, com discernimento. Escolher também até mesmo os aspectos que vamos valorizar mais em nossas vidas. Por vezes, valorizamos mais o que nos falta, as ausências, as dores, o passado, as dificuldades e não enxergamos nem agradecemos as bênçãos.

Enfim, o principal é ter em mente, e repetir para nunca esquecer, que a nossa vida é maior do que qualquer coisa que nos aconteça; somos maiores que a dor, a tristeza, o desânimo, as perdas. Somos eternos. Somos frutos das nossas escolhas, herdeiros do nosso passado e construtores do nosso amanhã. Lembremos das sábias palavras da nossa querida benfeitora espiritual Joanna de Angelis, em sua maravilhosa obra “Iluminate” psicografada por Divaldo Pereira Franco. “És o que de ti mesmo fazes. Aprende a ser feliz, amando e ajudando, de modo que esse tesouro nunca te seja retirado, antes se te faça multiplicado. Renasceste para conquistar a verdade adormecida no teu íntimo. Confia e ama! Tem paciência e nunca desista da luta! ”.

Adriana Souza


Fonte: feig.org.br

Créditos da imagem: Pixabay

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