Na concessão genésica da mudança, estará sempre presente a base moral, intelectual e espiritual.” – Cravo.


O Espiritismo é acima de tudo mais do que uma Filosofia, Religião e Ciência. É o Consolador prometido e tem em si uma concepção de consolidação dos valores da vida e lucidez de conceitos, permitindo-nos desmistificar e esclarecer todo e qualquer fenômeno, retirando-lhe o acaso de circunstância, o sobrenatural e o milagre, justificando-o pela razão e o bom senso. Essa mesma razão ressalta de um Código de Esclarecimento, que nos foi legado pelos Espíritos Superiores e descodificado por Allan Kardec, e tendo como exemplo o Mestre Jesus.

Existe uma parte da Humanidade que, assumida pela materialidade, se entrega ao Niilismo, logo, à negação de Deus e de tudo o que se lhe consagra. Tudo acaba aqui para eles! Mas se eles pensam dessa forma, existem também os que, acreditando N`Ele, o tomam a seu jeito e ideologia, acreditando num céu e Inferno, e mesmo alguns Irmãos, sendo espíritas, se sentem dúbios e entendem que a vinda dos novos tempos será a mudança do Mundo na sua materialidade, na sua concessão física, e que o ano já lhe está consagrado!? Mas isso é puro engano. Os novos tempos são chegados, mas numa visão que nada tem de catastrófica como se faz crer pelas assertivas da alusão à letra das Sagradas Escrituras.

Será que o Mundo vai acabar? É o juízo final? Mas, se somos diferentes, para onde vamos?

No livro Obras Póstumas, de Allan Kardec, numa das comunicações sobre a Regeneração da Humanidade, extrai-se isto:

“Todas as Escrituras encerram grandes verdades, sob o véu da alegoria, e extraviaram-se os comentadores que ficaram restritos à letra. Faltou-lhes a chave para compreender o verdadeiro sentido, a qual está nas descobertas da ciência e nas leis do mundo invisível que o Espiritismo veio revelar. Doravante, com o auxílio desses novos conhecimentos, o que era obscuro se tornará claro e inteligível". (25 de abril de 1866. Paris. Resumo das comunicações transmitidas pelos Srs. M... e T... em estado sonambúlico.)

A Doutrina Espírita veio trazer lucidez a estas mudanças. Vamos fazer uma visão espírita da “Gênese dos Novos Tempos”. 

A gênese dos novos tempos – Em mensagem transmitida em 1862, constante de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, o Espírito de Verdade observa: "Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade".

Nós diremos que decorrem os processos da transformação, indo ao encontro dos novos tempos e que em nada irão derrogar a Lei, mas apenas dar-lhe sequência, pois a Lei do Progresso, tal como todas as Leis de Deus, é imutável e infinitamente justa.

A Terra é um planeta de provas e expiações. Na verdade, o seu habitat tem na sua gênese um plano onde o mal suplanta o bem, pois o orgulho e o egoísmo são fatores acentuados em todo o Orbe e, claro, daí o espectro das dores e aflições anunciadas. No entanto, estas mesmas dores não podem ser vistas como mau augúrio, mas sim, como a preparação para dias melhores.

Podemos dizer que a gênese dos novos tempos tem alguns polos estruturais para que ela restabeleça a ordem da disposição moral, intelectual e espiritual, de forma a fazer vencer a nova era. São: Reencarnação, Reforma Íntima e Reforço Espiritual. 

Reencarnação – Ao contrário do que se possa pensar, não será a Terra a mudar, mas o seu espaço fluídico moral. A Terra fisicamente se altera pelos elementos que a compõem, mas o estágio evolutivo de mudança são os Espíritos que o fazem, no uso natural do seu livre-arbítrio.

A Reencarnação é ponto vital da viragem, como?! Através da emigração e imigração dos Espíritos, será esta mesma confluência de idas e voltas que renovará a estância terrena, onde todos terão as mesmas oportunidades, mas só aqueles que progredirem o seu status moral assimilarão os novos tempos. Se juntarmos a esta situação os flagelos, onde se faz a aglutinação de uma determinada moldagem de Espíritos, tendo com isso o interesse de apressar o resgaste dos valores morais, e, levando em conta que o aprendizado se faz pelas várias experiências, tem enorme relevo porque permite o progresso social.

Após esses choques que dizimam populações, observam-se modificações nas ideias de uma comunidade e de uma raça, isto pela ativação progressiva de Espíritos encarnados e deencarnados. Allan Kardec, Cap. XVIII - Sinais dos Tempos: Item 34, nos diz acerca dessa situação: “Opera-se um desses movimentos gerais destinados a realizar uma remodelação da humanidade”. 

Reforma íntima – Aliado a este fator da reencarnação e de influenciação para a vinda de novos tempos, a reforma íntima: “O progresso material de um planeta acompanha o progresso moral de seus habitantes (...)". (no item 27, A Gênese, de Allan Kardec, cap. XI.)

O progresso de qualquer estágio passa pela reforma interior de cada Ser porque, mudando as mentalidades, se mudam os meios.

E falando dos meios, temos que ter em conta o livre-arbítrio, as opções escolhidas e como as colocar em prática.

Passados vinte séculos, ainda existe muito antagonismo religioso, político e social.

O homem foi moldado pela ação inquisitória do medo, revolta, egoísmo, orgulho e ignorância. A falta de equilíbrio social, as diferenças, o ciúme e a inveja tomaram-lhe o pensamento e o têm feito peregrinar pela expiação e provação, mas as almas encontram aí a chave para a mudança! Como? Simplesmente pela necessidade de compartilhar, de se entreajudar, de valorizar as pequenas coisas em detrimento das maiores e fazer comungar a necessidade de se amarem mutuamente sem preconceitos, pois começa a aperceber-se de que todos precisam uns dos outros e que os valores do amor passam pelo respeito pelo próximo, pela fraternidade e solidariedade. Isto é reforma íntima, e o Espiritismo tem na sua Filosofia todas as respostas para o encadeamento da sua esperança futura pelo Evangelho redivido, não pelas meras palavras, mas pelas ações.

Todos já notamos os inúmeros grupos humanitários de apoio que se formaram, quer para defender o ambiente, quer as pessoas e os Países. O espaço cívico eclodiu, todos se estão a unir para fins de grandeza e cumplicidade no amor, sinal concreto de progresso, porque só a fraternidade moldará uma ordem social justa que, apoiada numa fé raciocinada, diluirá anátemas de toda a ordem, pois só o amor fará mudar e, logicamente, evoluir.

Esse contributo pela ação dos Espíritos encarnados e desencarnados vai restabelecer as escolhas, porque aqueles que não aceitarem a mudança seguirão outros rumos, até que se renovem. Porém todos terão as suas oportunidades.

É nesta confluência genésica de comportamento, educação e ação prática que os Espíritos terão de se moldar, a fim de sua esperança culminar com a entrada na nova estância evolutiva. 

Reforço espiritual – Mas, meus irmãos, outro fator muito importante é a coligação e a vinda progressiva de Espíritos mais evoluídos para ajudar a reequilibrar a ordem de valores deste plano físico, e através de seus ensinamentos e exemplos, os seguiremos rumo à nova ordem da vida moral e espiritual.

Nada se resume ao acaso; tudo tem um sentido perfeito como as leis que regem o Mundo que agora vive a mudança. A Doutrina Espírita é porta consoladora e luz para o entendimento daqueles que a seguem e procuram. Mas também o dínamo para a evangelização geracional que se avizinha, pela luz do Consolador Prometido. 

Conclusão – “Não é necessário que o turbilhão dos sofrimentos gerais o sensibilize, a fim de que possa contribuir eficazmente com os Espíritos que operam em favor da grande transição.

Dispondo das ferramentas morais do enobrecimento, torna-se cooperador eficiente, em razão de trabalhar junto ao seu próximo pela mudança de convicção em torno dos objetivos existenciais, ao tempo em que se transforma num exemplo de alegria e de felicidade para todos. (...)” - Joanna de Ângelis (página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 30 de julho de 2006, no Rio de Janeiro, RJ.)

A revolução que está operar-se é antes moral do que material. Não se pense então que o Mundo se vai diluir. A nova geração estará baseada nos princípios evangélicos, inseridos em nossa consciência como uma lei universal. Lei essa de Justiça, Amor e Caridade, seja pela renovação dos Espíritos ou pela vinda de outros para preencherem os lugares dos mais estagnados, e a estes lhes será dada continuidade de revitalização noutra estância de evolução, mesmo que à sua altura, mas ninguém será dado ao abandono. A gênese desta remodelação em curso expressa-se pela maior fraternidade e solidariedade social.

O Espiritismo tem enorme responsabilidade, pela ação do esclarecimento e enquadramento no contexto moral; pela evangelização e prática do amor sem fronteiras, onde a raça, o sexo, o estatuto social, a inteligência não serão apanágio para diferenças, mas para aproximação das almas.

O progresso moral garante a felicidade dos homens sobre a Terra.

O Espiritismo é garantia do conhecimento, logo, o movimento espírita não deve reter-se nas suas casas espíritas, mas movimentar-se pelas Comunidades, pela divulgação e orientação das linhas de amor que Cristo nos legou, sem preconceitos e receios, pois, meus irmãos, neste imenso Universo, criado por uma Suprema Inteligência que tudo concebeu para a felicidade nossa, em regime de paz e acordo, neste orbe, os tempos são chegados, previstos pelo nosso Kardec, à luz dos Espíritos Bons:

“Quando vos é dito que a Humanidade chegou a um período de transformação, e que a Terra deve se elevar na hierarquia dos mundos, não vejais nessas palavras nada de místico, mas, ao contrário, o cumprimento de uma das grandes leis fatais do Universo, contra as quais toda a má vontade humana se quebra”. (A Gênese, Cap. XVIII, item 8, Arago.) 
 

Bibliografia: 

Obras Póstumas, de Allan Kardec. (25 de abril de 1866. Paris. Resumo das comunicações transmitidas pelos Srs. M... e T... em estado sonambúlico.)

Obra A Gênese, de Allan Kardec. Cap. XI; XVIII.

Obra O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.

Obra O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

Joanna de Ângelis. (Pág. psicog. pelo médium Divaldo Pereira Franco, 30 de julho de 2006, no Rio de Janeiro, RJ.)

Ninguém ficará para trás, mas cada um terá que fazer a sua parte. – Cravo.

 

Victor Manuel Pereira de Passos, escritor e palestrante, é membro da APA - Associação Paz e Amor, em Viana do Castelo, Portugal.


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