São incontáveis as bênçãos e oportunidades que todos recebemos em nosso dia a dia, muitas das quais tantas vezes sobre elas nem nos damos conta. Como exemplo bastante trivial, mas significativo, basta que mencionemos o simples levantar pela manhã, vivos na carne (eis que vivos sempre estaremos – saímos do corpo físico, com o seu falecimento, mas não saímos da vida, diante da imortalidade do Espírito), quando se abre nova página, em branco, no livro de nossa presente existência, que poderá ser escrita e preenchida da melhor forma possível, positivamente, dependendo da disposição, da determinação, da disciplina e principalmente da vontade que empreguemos para tanto. Aliás, deveríamos iniciar cada novo dia agradecendo pela importante oportunidade que nos foi oferecida.
Oportunidade de corrigir nossos erros, males e equívocos, de passado recente ou remoto, mesmo que de modo parcial. Feliz oportunidade de aperfeiçoar nossa conduta, nossa postura, esforçando-nos por aumentar nossa simpatia, nosso bom humor, nossa tolerância e principalmente nosso nível de compreensão para com o próximo, que é nosso irmão (em última análise, somos todos filhos de Deus, nosso Pai Celestial), que também está a caminho do progresso e da evolução e que seguramente tem dificuldades, atribulações, problemas, dúvidas, medos, angústias, etc., muito semelhantes aos nossos. Afinal, vivemos na Terra, um planeta de expiações e de provas, de categoria inferior no Universo e, o que é seriíssimo, onde prevalecem o mal e a imperfeição ainda, razão pela qual seria ilógico e talvez impossível esperar perfeição nos outros.
Os que conhecem os princípios básicos, os postulados da veneranda Doutrina Espírita, não têm motivo para tristeza, e notadamente para tristeza permanente (é claro que haverá ocasiões em que a tristeza poderá estar presente, por variados motivos, mas será passageira, sempre). Para exemplificar: as dificuldades, sejam elas quais forem, constituem verdadeira alavanca para o nosso progresso, para a nossa evolução intelectual e moral, para o nosso aperfeiçoamento. Por quê? Simplesmente porque, ao contrário do que possam sugerir ou aparentar, as dificuldades que encontramos quase que diariamente em nosso caminho fazem com que agitemos nossa inteligência a fim de encontrarmos as soluções necessárias. Trata-se de um aguilhão, de um benefício, que nos empurra adiante a fim de superá-las. A necessidade obriga, sentencia o ditado popular. E os desafios, que todos temos pela frente, diga-se de passagem, precisam ser superados, e bem superados. Servem-nos de valioso contributo para o nosso aperfeiçoamento, cujo aperfeiçoamento por sinal deve ser buscado permanentemente, mesmo que devagar, a pouco e pouco. Assim, se já sabemos de onde viemos, o que estamos fazendo aqui neste orbe e para onde vamos, não há razão para não termos a alegria de viver. O simples fato de estarmos aqui na Terra significa, por si, que já houve algum progresso, visto que ninguém retrograda (e abaixo da Terra, em escala elaborada apenas para efeitos didáticos, encontram-se os chamados mundos primitivos). Também de há muito sabemos, com Jesus, o Cristo, que a semeadura é livre, mas a colheita obrigatória. Podemos escolher as sementes, o que depende somente de nossa decisão, de nossa vontade, além de sabermos que cada um dará conta de sua administração, individualmente. Em nosso próprio favor, portanto, prestemos mais e maior atenção.
No excelente livro Para uso diário, o Espírito Joanes, através da psicografia de J. Raul Teixeira, enfatiza que:
Caso se detenha um pouco a observar, você verá que, ao lado de sua dificuldade, Deus sempre lhe apresenta caminhos de soluções e apoios, e entenderá o motivo pelo qual deverá cultivar as sementes da alegria que o Pai depositou em todos nós.
(Editora Fráter, 2ª edição, 2000, pág. 47).
E, com clareza e precisão, define:
Alegrar-se é procurar cumprir cada compromisso para com a existência com boa disposição e com entusiasmo. Seja na família ou nos círculos das amizades, seja na área profissional ou com você mesmo, empenhe-se no desenvolvimento da alegria, superando com afinco todas as lutas, todas as dificuldades com que se depare na caminhada terrena.
(Obra citada, p. 48).
Uma das bandeiras do Espiritismo é tornar melhores as pessoas que o compreendem. Para compreendê-lo, entretanto, é indispensável ler e estudar suas obras fundamentais, organizadas e redigidas pelo expoente Allan Kardec. Quem se torna melhor, sendo paciente, mais tolerante, mais compreensivo, mais bem humorado, mais agradável, mais simpático, mais bondoso, etc., certamente optará pelo Bem sempre, em qualquer circunstância e em qualquer situação, assim como optará por se tornar útil, cada vez mais útil, onde quer que se encontre. Enfim, quem escolhe e efetivamente pratica o Bem só pode ser feliz, cada vez mais feliz, desde agora. Procuremos, portanto, aplicar o ensinamento aqui reproduzido: “Cultivemos, pois, as sementes de alegria que Deus depositou em todos nós”