“A coragem de manter contato com os próprios medos é recurso terapêutico muito valioso para a sua erradicação, ou, pelo menos, para a sua administração psicológica.
Graças aos medos aprende-se como fazer-se algo, o que realmente se deseja fazer e para que se quer realizar.
Desse modo, enquanto não se apresenta como transtorno patológico, que necessita de psicoterapia ou mesmo de terapêutica química, muitos recursos encontram-se ao alcance de quem os deseje para libertar-se dos medos.
A consciência de que se é portador do medo e se está disposto a enfrentar-lhe as nuanças e manifestações, apresenta-se como um passo inicial de excelentes resultados. O prosseguimento da atitude de confiança em favor da sua liberação auxilia na conquista de espaço mental, substituindo-o por novos cometimentos e aspirações edificantes que se lhe opõem.
A vitória sobre qualquer conflito resulta de esforços ingentes e contínuos que o indivíduo se propõe com decisão e coragem.
Mesmo quando superado o medo, isso não significa a sua eliminação total e absoluta, pois que novas situações podem exigir precaução e vigilância que se apresentarão em forma de temor.
Alicerçadas nos bons resultados já conseguidos, as novas tentativas serão muito mais fáceis do que as iniciais.
A grande terapia para todos os tipos de medo é a do amor. O amor a si mesmo, ao seu próximo e a Deus.
A si mesmo, de forma respeitosa e racional, considerando a utilidade da existência e o que a vida espera de cada um, desde que todos somente esperam da vida a sua contribuição. Quando diminuam ou desapareçam as doações que a vida oferece, chega o momento da retribuição, no qual é preciso que se lhe dê sustentação, harmonia para que o melhor possa acontecer em relação aos demais.
Nesse raciocínio e doação expressa-se o amor ao próximo, mediante o qual a vida adquire sentido e o relacionamento se vitaliza; porque centrado no interesse pelo bem-estar do outro, irradia-se bondade e ternura em seu benefício, sem o propósito negocista de receber-se compensação.
Esse intercâmbio que une as criaturas umas às outras, leva-as à afeição pela Natureza e por todas as formas vivas ou não, alcançando o excelente amor a Deus, no esforço de preservação de tudo.
Alguns psiquiatras e psicólogos mais audaciosos reduzem todas as emoções humanas apenas ao medo e ao amor.
O amor é o antídoto eficaz para a superação do medo e a sua consequente eliminação.
Quando ama, o ser enriquece-se de coragem, embora não possa evitar os enfrentamentos em face dos impulsos edificantes que do amor emanam.
Assim, a solidariedade abre os braços fraternos em favor do próximo, experimentando-se valiosa fortuna de amar-se, desmascarando-se a artimanha do medo que o distanciava dessa emoção felicitadora.
Mantendo-se o sentimento de amor no imo, torna-se fácil converter desilusão em nova esperança e insucesso em experiência positiva.
Sempre que voltem os medos — e eles retornarão várias vezes, o que é muito útil —, porque fortalecido, o indivíduo com mais decisão e sabedoria os enfrenta, superando-os por completo.
Em face disso, a escolha é de cada um: o medo ou o amor, já que os dois não convivem no mesmo espaço emocional.
É comum ouvir-se alguém em queixa a respeito da própria capacidade de conhecimento, das possibilidades de realização pessoal, em face do medo de insucesso e de erro.
Muito pior é não tentar, não saber com segurança a respeito de si mesmo, preferindo a dúvida mesquinha.
Quando seja constatada a insuficiência de recursos para que o êxito coroe o esforço envidado, adquire-se o exato conhecimento de onde se encontra a falha ou a carência, podendo-se e devendo-se voltar aos tentames com novas cargas de que não se dispunha antes.
Considerando-se a possibilidade de alguns dos medos serem inspirados por adversários desencarnados, a oração-terapia gera um clima psíquico tão elevado que o opositor perde o contato com a vítima em face de esta erguer-se em superior onda vibratória, na qual não consegue ser alcançada pelo perseguidor espiritual.
Nessa faixa de poderoso psiquismo nutriente, haurem-se resistência e vitalidade para vencer-se os limites e vitalizar-se de forças para voos mais altos e audaciosos.
Toda vez que se equivoque, em vez de uma reação de raiva pelo erro, permita-se a compaixão como direito que se tem pelo erro cometido, considerando-se o estágio de humanidade em que se encontra e age.
Evite-se a postura intransigente de não se desculpar pelos feitos infelizes, pelas ações transtornadas.
Ninguém é exceção no mundo, vivenciando todos experiências equivalentes, que fazem parte do programa de elevação individual.
O medo da morte, por exemplo, que em muitos indivíduos se transforma em infelicidade, não deve permanecer como possibilidade em relação aos enfermos terminais que estão diante da certeza do desprendimento carnal.
Nada obstante, quem poderá avaliar quando irá suceder a morte deste ou daquele indivíduo?
Crianças e jovens saudáveis de um para outro momento são acometidos de enfermidades virulentas e rápidas que lhes ceifam a vida, enquanto pacientes em deplorável estado orgânico sobrevivem, expiam, decompõem-se quase em vida.
Ademais, os acidentes de todo tipo, quais aqueles que acontecem com veículos de diferente porte, os da Natureza, os de balas perdidas, os de quedas fatais, demonstram a fragilidade do corpo e a imprevisibilidade dos impositivos humanos.
O medo é sempre injustificável, seja como for que se expresse.
Muitas vezes, as pessoas têm receio de aproximar-se de outras nas reuniões sociais, nos encontros de negócios, nas atividades quotidianas, sem recordar-se que também aquelas experimentam as mesmas emoções de incerteza e receio. Se não as desvelam, é porque têm sido obrigadas por necessidades múltiplas a sobrepor-lhes os compromissos abraçados.
Se for considerado que muitos indivíduos venceram os seus medos, encontram-se formas estimulantes para a vitória sobre os próprios.
Na solidariedade estão igualmente os estímulos para o avanço, para a autoestima, para o encorajamento em favor de novos tentames de progresso.
Sempre que o medo permaneça, mais medo se acumula.
Na terapia do amor em relação ao medo, quanto mais se ama, naturalmente mais amor se tem a oferecer.
Mediante também a compaixão, que é diluente do medo, o ser humano torna-se mais digno e saudável.
Graças a esse sentimento que se expande na medida em que se ama, o ser engrandece-se e enriquece-se de vida, envolvendo-se em paz.”
Joanna de Ângelis
Divaldo P Franco
Série Psicológica
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