Comentam alguns neoespiritistas sobre a imperiosa necessidade de uma revisão imediata na Codificação Espírita, com o objetivo de atualizá-la. 

Deslumbrados com a própria jactância apontam erros crassos, em considerando os últimos informes da Ciência Oficial como se fossem a palavra final do Conhecimento, num conclusismo chocante e aterrador.

Travaram contato com o Espiritismo há pouco, vítimas que eram de perturbações difíceis e, numa visão superficial, sem aprofundamento doutrinário, creem-se predestinados a corrigir, retificar, ampliar, atualizar o que os Espíritos ensinaram, o que Kardec concluiu.

Afinal, preconizam, Kardec não é inderrogável, e o Espiritismo, como ele mesmo o disse, evolve e "admite todas as verdades que a Ciência comprova", acompanhando os conhecimentos em todas as épocas do pensamento.

E repetem o Codificador: "O Espiritismo, avançando com o progresso, jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ele se modificará nesse ponto; se nova verdade se revelar, ele a aceitará", pretendendo, eles mesmos, desarmados como estão em conhecimento e experiência, realizar tarefa de tal envergadura.

Estagnação, explicam, é fonte perigosa onde se agasalham pestes. E em tudo somente veem clamorosos enganos, equívocos lamentáveis, crendice, misticismo, informações superadas.

Dando mais ênfase aos enunciados, propõem que o Espiritismo tal como se encontra não é Ciência nem Religião, sendo, quando muito, uma Filosofia científica de consequências morais.

Discutidos exibem erudição apressada, à base de memorização simples, sem qualquer experiência intelectual.

Esgrimistas da palavra debatem, arrojados.

Esquecem-se, no entanto, de que "O Espiritismo - como o enunciou o incomparável Codificador - prende-se a todos os ramos da Filosofia, da Metafísica, da Psicologia e da Moral. É um campo imenso que não pode ser percorrido em algumas horas."

Descuidados da exemplificação doutrinária, tentam fazer ligações impossíveis e mal forjadas com doutrinas materialistas, cujos postulados esposam e defendem, num processo de acomodação parasitária no qual se fazem liames para defender "pontos de vista", olvidando que acima de todas as circunstâncias Jesus vela, atento, o organismo ciclópico do Orbe. Em razão disso, vigilantes Prepostos do Seu Reino aguardam e laboram, zelando e ajudando o atormentado espírito humano, a fim de guiá-lo pela senda da cultura, mas sobretudo pelo roteiro do amor na direção dos altos cimos da vida.

"O Espiritismo - afirmou Allan Kardec - realiza todas as promessas do Cristo a respeito do Consolador Prometido", e é nesse particular que todos nós, desencarnados e encarnados, devemos envidar esforços para colimar os objetivos iluminativos a que nos propomos.

O Espiritismo é uma doutrina de liberdade e o espiritista é livre para agir e pensar. Convém, porém, não esquecer, que a liberdade que tem não lhe dá licença para agir e pensar em nome da Codificação.

Estudar, comparar, pesquisar são tarefas que a todos nos devemos impor. Como o Consolador Prometido, no entanto, o Espiritismo não pode situar-se em posição acadêmica, a fim de poder conduzir o pensamento do povo em agonia, sob o azorrague de provanças inenarráveis - corretivo necessário – à sublimação.

A Codificação, para ser devidamente penetrada, exige maturidade psíquica e vivencia evangélica.

Devemos atualizar o pensamento espiritista em torno dos temas que interessam hodiernamente. Outra coisa, porém, não é, senão o que vêm fazendo os espíritas e os estudiosos de ontem e de hoje, no que respeita aos descobrimentos científicos e éticos da Humanidade.

Estejamos atentos e vigilantes em relação aos inovadores que, a pretexto de renovação, pretendem enxertias e inoculações perigosas, como aconteceu a outras doutrinas no passado...

O espírita zeloso tem outra conduta em relação à Doutrina e ao próximo.

"Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina de modo mais completo a matéria, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da Doutrina lhe fazem vibrar fibras que nos outros se conservam inertes. Em suma: é tocado no coração, pelo que inabalável se lhe torna a fé."...

Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações. Com essa segurança tratou o Codificador dos espíritas verdadeiros, no capítulo XVII, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ao estudar as características de "Os bons espíritas."

Permanecendo a postos no trabalho que nos compete desenvolver e realizar, evitemos que este ou aquele espírita precipitado, inspirado possivelmente por mentes levianas da Erraticidade, perturbe, infiltre ideias próprias ou crie desídias nas leiras onde, servindo com Jesus pela edificação de nós mesmos, pretendemos criar o clima para melhores dias em favor de todos no futuro.

Vianna de Carvalho por Divaldo Franco do livro:
À Luz do Espiritismo

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