É curioso como o comportamento comum é ainda um tanto firmado na conveniência.

Quando Jesus disse, “dai a Cesar o que é de Cesar”¹, estava também nos chamando à reflexão quanto a questão de observarmos se estamos agindo para com as pessoas como gostaríamos que agissem conosco, estamos falando aqui nas questões morais mais propriamente.

Como somos imperfeitos, tendemos a vigiar nos outros a fidelidade, o respeito, a honestidade, a verdade, e suspeitamos, desconfiamos e acusamos, direta ou indiretamente, sem nos darmos conta de que, ao sermos tão clarividentes com determinados aspectos da vida alheia estamos denunciando, exatamente, o que necessitamos mudar em nós mesmos.

Não raras vezes, os que condenam são surpreendidos mais tarde em comportamento semelhante ao que denunciaram, é o que diz o espírito Emmanuel, “os censores do comportamento alheio acabam praticando as mesmas ações que condenam no próximo”², por isso, é importante vigiarmos o nosso pensamento e o nosso sentimento, a fim de que não nos transformemos em vigias de plantão observando os outros, esquecendo que as nossas próprias mazelas podem nos surpreender no ambiente da hipocrisia e nos levar ao chão, destruídos pelas mesmas acusações que fazemos aos outros.

É necessário, segundo Jesus, fazer aos outros aquilo que gostaríamos que os outros fizessem por nós, no clima da compaixão, da misericórdia é que a própria felicidade se desenvolve. O Evangelho Segundo o Espiritismo nos orienta, “Sede, pois severos para convosco, indulgentes para com os outros”³, no sentido moral, a nossa vida é o que importa para nós, as nossas atitudes é que nos constroem ou nos destroem, não exatamente o que vem dos outros. Deus nos dá a todos o direito de recomeçar e reparar nossos erros, então, quando o outro cair devemos amparar, socorrer, estender a mão para que ele se levante, essa atitude é dever de irmãos, e é mostra de que estamos nos tornando melhores.

Só poderemos contribuir com o crescimento dos nossos irmãos, não temos o poder de decidir por eles tanto quanto eles não têm por nós, a luta pela transformação moral é nossa, acontece no recesso da nossa alma, é nos bastidores da nossa intimidade que travamos as conversas decisivas daquilo que colocaremos em prática, estamos todos sujeitos aos mesmos desafios morais e aos mesmos enganos, devemos nos amparar como irmãos imperfeitos que somos, saindo das sombras em direção à luz.

Ensina-nos Emmanuel, “Apequenar-se para ajudar, sem perder a altura, é assegurar a melhoria de todos, acentuando a própria sublimação”. 

Aldevair David

Referências:
(1) Mateus 22:21;
(2) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. X, item 16; e
(3) Livro: Pensamento e Vida, Emmanuel –  Cap. 8 e Cap. 10.

Fonte: agendaespiritabrasil.com.br

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