Quando se inicia uma encarnação? A questão 344 de O Livro dos Espíritos nos esclarece: “Em que momento a alma se une ao corpo? Resposta: A união começa na concepção… Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais vai se apertando até o instante em que a criança vê a luz…”. Como uma encarnação se inicia a partir da fecundação, que é o momento em que o espermatozoide penetra o óvulo e o fecunda, formando o zigoto ou célula ovo, e sendo a nossa existência um continuo a partir daí, qualquer interrupção da gestação após a concepção é um aborto.
A Doutrina Espírita, assim como várias outras religiões, é contra o aborto provocado. A questão 358 de O Livro dos Espíritos nos ensina: “Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação? Resposta: Há crime sempre que transgredis a Lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida de uma criança antes do seu nascimento, pois está impedindo uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que estava se formando”.
Uma questão muito importante é que todos os envolvidos em um aborto, seja direta ou indiretamente, serão responsabilizados perante a Consciência Universal, tanto pelo incentivo à sua realização, quanto pela falta de apoio à sua não realização. Assim, a mulher, o homem, os pais do casal, a equipe que o realiza ou qualquer um que o incentive de qualquer maneira; todos terão que corrigir esse ato, seja pelo amor ou pela dor, em algum momento de suas jornadas evolutivas. E por mais que o aborto receba a legalização oficial em alguns países, ele nunca deixará de ser um crime hediondo contra a humanidade e quem o praticar não pode afirmar que não teve culpa por ter agido de acordo com as leis humanas.
Existem muitos sofismas que tentam justificar o aborto provocado, mas existe apenas uma situação em que ele não trará consequências morais. A questão 359 de O Livro dos Espíritos nos ensina: “Perante os códigos éticos da vida Espiritual apenas uma situação nos autoriza a interromper a gestação: o aborto terapêutico, onde existe risco de vida da mãe, sendo uma situação extrema”.
Muitos experimentam intenso sofrimento psíquico pela culpa por um aborto provocado e a depressão pode aparecer, inclusive muitos anos depois. Como resolver isso? A resposta é o autoperdão. Devemos abandonar o cultivo da autopunição, que representa uma postura corrosiva para a vida mental, sem o recuo diante da responsabilidade pelos nossos atos. Todos nós, sem exceção, erramos e não existe erro que não seja passível de correção, dessa forma, não devemos julgar e/ou condenar. Deus sempre nos fornece oportunidades de repararmos os nossos equívocos, inclusive na mesma encarnação, e o atenuante mais representativo para os nossos erros são as boas ações que praticamos. Conforme nos disse Jesus: “O amor cobre a multidão de pecados”. Joana de Angelis nos fala através da mediunidade de Divaldo Franco “Não cultive a consciência de culpa e não olhe para trás! Não se autopuna e nem se entregue à depressão! A Divindade nos enseja, na reencarnação, a oportunidade abençoada de crescer e de amar”.
Eduardo Battel