Há uma interessante passagem evangélica na qual Jesus recomenda que o homem se reconcilie o mais depressa possível com seu adversário.
A reconciliação deve se processar enquanto ambos estão a caminho, para que um não entregue o outro ao juiz.
Porque o juiz poderá entregar o culpado ao ministro da justiça, que o colocará na prisão.
Se isso ocorrer, as celas não se abrirão enquanto não for pago o último ceitil.
Trata-se de imagens fortes, que chamam a atenção para a importância da convivência equilibrada.
A vida na Terra é uma fecunda e importante escola.
Espíritos de personalidades e valores diversos são colocados lado a lado.
O resultado deve ser o aprendizado e o crescimento de todos os envolvidos.
A convivência nem sempre é fácil.
Na vida social, costumam surgir desacertos.
As ideias e os objetivos costumam ser diferentes, mesmo entre pessoas de boa vontade.
Comumente se afirma que a convivência entre certos indivíduos é difícil por serem inimigos espirituais.
Nessa linha, teriam um passado de erros em comum a justificar a animosidade presente.
Essa hipótese por vezes é verdadeira.
Entretanto, em geral, os desentendimentos de hoje decorrem mais de imperfeições e vícios do que de real inimizade pretérita.
Vaidade, orgulho e egoísmo respondem pela ampla maioria das querelas do mundo.
Não importa o passado, seres generosos e humildes sempre encontram um modo de conviver de forma respeitosa e pacífica.
O problema não reside no ontem, mas no hoje que pode se desdobrar no amanhã.
Importa adotar comportamento digno e fraterno, para seguir livre.
A lei divina é perfeita e cuida de todos.
Ela jamais é burlada, mesmo no mais ínfimo ceitil.
Mas é programada para o progresso e a felicidade dos seres, não para punir e infelicitar.
Daí vem a magna importância da exortação de Jesus.
Seres imperfeitos erram e se atritam.
Dos embates e dos pontos de vista divergentes, o progresso pode surgir.
Contudo, limites se fazem necessários nesse processo de divergência.
A vida precisa ser levada de modo que o coração não se replete de mágoas.
Está-se em uma escola, não em uma batalha campal.
Os outros são irmãos, companheiros de jornada, embora por vezes pensem e ajam de modo diverso.
Acima de qualquer coisa, é preciso manter-se digno e fraterno.
Quando o semelhante erra, perdoá-lo de coração, sem impor condições humilhantes.
Quando se erra, arrepender-se, pedir desculpas, reparar e seguir adiante.
Só não convém esperar a incidência da Lei, por entre mágoas e vaidades.
Porque é aí que surgem as grandes dores, destinadas a dulcificar o coração que se fez orgulhoso e ressentido.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.