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Talvez algumas das frases abaixo lhe pareça familiar…
“O que fiz não tem perdão.”
“Não esqueço nenhuma ofensa, não aceito erros, nem mesmo os meus.”
“Será que Deus irá me perdoar?”
O autoperdão esbarra na culpa, que tem como incentivadora o orgulho. Nos cobramos por orgulho, por não aceitarmos que não somos perfeitos, por não atingir expectativas irrealizáveis, por comodismo , pelo vitimismo paralisante , pela necessidade de não olhar para nossas sombras e acolhê-las como parte de quem somos.
Por nos julgarmos não merecedores do amor de Deus, permitimos que a culpa vibre com mais intensidade em nossos corações, nos sintonizando com espíritos que vibram na mesma frequência, potencializando esse estado de angústia e desamor para conosco e, por consequência, para com o próximo ( Como amar ao próximo como a si mesmo se não nos amarmos?).
Deus nos ama incondicionalmente, nos conhecendo muito melhor do que podemos sequer imaginar.
Mesmo em nossos dias mais sombrios, quando temos vergonha de orar, Deus está lá por nós. Porque Ele vê em nós o potencial do que podemos ser, sabe que nossos erros, bem aproveitados, nos farão mais tolerantes com os erros alheios ( por já conhecermos essa dor) e nos auxiliará em nossa evolução. Por isso o não julgar ( nem a nós, nem ao próximo) é uma parte importante no nosso processo de autoperdão.
Autoperdão é a capacidade de perdoar a nós mesmos, recuperando nossa paz e nossa disposição para evoluir, aceitando nossa responsabilidade na reparação do mal que praticamos. É um passo importante que damos quando ao ver os fatos que nos levaram ao erro, sem julgamentos, buscamos aprender e reparar, com a firme intenção de não tropeçar de novo, mas, que se isso acontecer, tenhamos a sabedoria de respirar fundo e tentar outra vez.
É aceitar o que somos, luzes e sombras, seres em processo de evolução, compreendendo que o erro é parte fundamental de qualquer aprendizagem ( pergunte a qualquer professor…) e que sua função é nos ensinar e não ser instrumento de angústia ou dor.
Perdoar a nós mesmos é entender que as mágoas não são quem nós somos, apenas refletem nosso estado de desequilíbrio interior, solicitando de nós maior empenho em compreender suas origens, entender a lição que ali se encontra e deixar ir, sem nos apegarmos.
Muitas vezes, revivemos certos erros de nossa trajetória e sentimos de novo toda gama de emoções ligadas ao fato. Torna-se por vezes uma forma de punição.
“ Quando olhamos eventos que nos feriram ( sem sentir todas as emoções novamente), percebemos que não tínhamos maturidade para fazer melhor, mas que isso acabou corrigindo nossos rumos, trazendo o aprendizado que necessitávamos para continuar nossa evolução. Deixamos assim de alimentarmos mágoas e ressentimentos.”(Rossandro Klinjey)
Quando compreendemos que a responsabilidade pelo que fazemos, está diretamente relacionada ao nosso entendimento, começamos um processo de atribuir ao erro a sua real medida. Deixamos o papel de vítima conformada e nos tornamos protagonistas de nossa própria evolução, abraçando com Jesus nosso propósito de vida.
O perdão fica mais acessível , pois compreendemos que cada um só dá o que tem e que nem sempre faremos as melhores escolhas, mas sempre é possível parar, olhar nossa trajetória, perceber onde erramos e ajustarmos nossa jornada.
Tudo isso é possível quando não permitimos que o orgulho e a vaidade opinem em nossas análises. A humildade de nos reconhecer como seres falhos é uma chave para a mudança de comportamento.
“O autoperdão nos traz paz de espírito, habilidade para amar e sermos amados e possibilidade de dar e receber serenidade.” (Hammed)
Então por que não nos perdoamos? A nossa capacidade de perdoar está relacionada com nossas crenças com foco no negativo, excesso de cobrança ( perfeccionismo), falta de amor-próprio .
Uma das maiores formas de tirania é nosso julgamento sobre nós mesmos, dificultando nossa transformação pessoal, pois não nos achamos merecedores de paz, felicidade e auxílio espiritual, nem dignos de amor, deixando que o medo domine, nos sabotando, pois no fundo não nos perdoamos.
Os perseguidores espirituais atuam para que o indivíduo não se perdoe e assim não peça ajuda a Deus. Ficamos presos numa ideia fixa, impedindo a aproximação dos mentores e acabamos nos tornando nossos próprios obsessores, nos punindo com mais severidade que qualquer juiz nos puniria.
Perdoar a nós mesmos e aos outros é confiar que a Vida é sempre sábia e que vamos compreender com o tempo. É nos permitirmos sentir o amor de Deus por nós, que está sempre a nossa disposição numa fonte infinita e, que para sentir esse amor, precisamos sair da sintonia da culpa .Quando nos perdoamos começamos a sentir alívio, pois nos libertamos do fardo da culpa, da vergonha e do perfeccionismo.
Sejamos gentis e carinhosos conosco. Aceitemo-nos com coragem e humildade, cientes de que os erros são parte da vida e podem nos levar a crescer mais rapidamente se soubermos aproveitar a experiência que nos trazem.
A aceitação não nos exime da tarefa de reparar os erros cometidos, afinal, em nosso estágio evolutivo ainda não temos condição de não errar, mas procuremos sempre aprender com os erros e recomeçar. Quem somos nos renova a cada dia.
(…) o amor não julga, condena ou pune; o amor convida à renovação de atitudes (…)” (Alírio de Cerqueira Filho)
Muita luz e muita paz a todos.
Ana Lúcia Maluffe
Referência Bibliográfica
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