O título acima pode soar estranho uma vez que, para a sociedade contemporânea ocidental, parece claro que a origem do Natal é o nascimento daquele personagem, cerca de 2 mil anos atrás, chamado Jesus.
Porém, há diversos indícios de que as pessoas já comemoravam o "Natal" cerca de 7 mil anos antes de Cristo, o que faz dessa celebração quase tão antiga quanto o próprio conceito de civilização.
A explicação está nos marcos da natureza: afinal, se a ideia de civilização remonta às origens da agricultura, nada mais natural do que celebrar o solstício de inverno como um momento de renascimento, de renovação.
Claro, estamos pensando sob a ótica do hemisfério norte. O solstício de inverno, que ocorre nessa parte do globo nas proximidades do Natal, indica aquele momento em que a noite chega ao seu máximo — a partir daquele dia, o sol cada dia terá mais tempo para iluminar nosso planeta.
Em um tempo de precária ciência e de exagerada observação dos fenômenos naturais, o sinal era claro: a luz solar renascia nesse momento, aumentando em tempo e intensidade a cada dia desde então. E era o que propiciaria a agricultura da nova safra, a alimentação do ano vindouro.
No livro Religions of Rome, os historiadores Mary Beard e John North lembram que o período dedicado a celebrar o solstício era todo devotado a um deus — Mitra —, durava uma semana e era permeado por celebrações entre as famílias, com trocas de presentes e comilanças típicas. Nada diferente do Natal contemporâneo, portanto.
Oriundo da mitologia persa, Mitra era o deus da sabedoria, representando a luz, o bem sobre o mal.
Aos poucos, no mundo romano, foi dividindo espaço com outra divindade, Saturno: afinal, se era o começo de um "novo" sol, nada mais natural do que render graças àquele que era o deus da agricultura.
Por bbc_brasil