O ser Humano agoniza nas UTIs dos hospitais. Enquanto isso, as guerras e conflitos fraticidas se sucedem. Cenas de destruição de pessoas, bens patrimoniais e de confrontos pessoais decorrentes da excessiva polarização de pensamentos e condutas humanas deixam-nos perplexos e remetem-nos à indagação – quais os fatos que justificam todos esses acontecimentos?

Segundo Joanna de Angelis, através da mediunidade de Divaldo Pereira Franco1, “a orquestração que se ouve é de dores e tragédias, fruto dos destroços que flutuam em toda parte e da alucinação das massas“. Resta-nos questionar a razão do valor e do sentido de tanto conhecimento e tecnologia, fruto de imensos esforços e sacrifícios do homo sapiens na direção da construção do ser humano, se não conseguimos ainda aplicá-los para dominar nossas emoções.

O que podemos fazer para superar a crise que se abate sobre as pessoas indistintamente e as convertem em adversárias umas das outras? Einstein2 já afirmara que a violência fascina os seres moralmente mais fracos (destaque do autor).

A conclusão que podemos identificar é indicativa de uma patologia inerente à pessoa humana e, portanto, significa que precisamos nos conscientizar das nossas fragilidades morais e da urgente necessidade de extirpá-las em nossa intimidade. E, isto porque, segundo Erich Fromm3, “a necessidade de uma mudança humana profunda surge não apenas como um imperativo ético ou religioso, não apenas como uma exigência psicológica decorrente na natureza patológica de nosso caráter social de hoje, mas também como uma condição para a simples sobrevivência da espécie humana”.

Certamente que este é um momento de resgate dos nossos valores morais. Torna-se imperioso realizar uma releitura dos ensinamentos e exemplos legados pelos líderes da humanidade nessa direção. No dizer de Richard Tarnas4, “Sócrates e Platão acreditavam que o conhecimento da virtude era necessário para que uma pessoa vivesse uma vida virtuosa, os conceitos objetivos universais de justiça e benevolência pareciam imperativos para uma ética legítima”. Estamos corrompidos pelo luxo e pela riqueza presentes na modernidade. Tornamo-nos reféns das grifes. O valor de uma pessoa está diretamente associado à sua condição social, racial e econômica. Triste realidade!

Por outro lado, a cultura inserta nas redes sociais destruiu o mito da comunicação, para se tornar a vilã das ofensas aos valores fundamentais da pessoa humana. Ao invés de criar o mais significativo meio de comunicação entre os seres humanos, converteu-se em pomo de discórdias e ofensas – edificamos muros ao invés de criar pontes. Foi com extremada razão que Mário Vargas Llosa5 prognosticou, “A pós-modernidade destruiu o mito de que as humanidades humanizam” (destaque do autor). Convertemo-nos em fantoches de uma sociedade desprovida de cultura humanista e espiritualizada, que se distancia da construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Somos mártires de nós mesmos, porque não temos consciência do que estamos fazendo com o nosso planeta e com o próximo.

Todavia, o momento impõe uma reflexão mais elevada. Joanna de Angelis, através de Divaldo Pereira Franco6 pontifica, não censures os maus tornando-te um deles (destaque do autor).

A doutrina do amor e da razão nos remete a uma postura de tolerância ativa. A convivência com espíritos primitivos não deve nos remeter à prática de procedimentos iguais às deles. Eles se encontram em diferentes estágios evolutivos, cabendo àqueles que se encontram em níveis de compreensão e conhecimento superiores, transmitir-lhes, através do perdão, do processo educativo e do exemplo, o conhecimento das realidades que comandam nossa vida espiritual e cultural. A ignorância é o pior dos males da humanidade.

E os desvios das condutas humanas, presentes na atualidade, haverão de passar, na medida em que os espíritos humanos dissiparem as névoas da escuridão que os circundam. Joanna de Angelis7finalmente pontifica, “…ventos generosos soprarão as cinzas dos incêndios morais e abrirão caminhos entre pedras de aparência inamovíveis” (destaque do autor). Nada mais certo do que este iluminado prognóstico das realidades presenciais. Assim, confiemos na Providência Divina e empenhemo-nos no trabalho de construção de uma sociedade onde impera a lei do amor, da tolerância e da mais perfeita compreensão das leis da evolução presentes em todas as esferas planetárias. Esse é um desafio que nos cabe neste momento e que nos convoca para ação no ano que se inicia.

FRANCO, Divaldo Pereira, pelo espírito de Joanna de Angelis, Mundo Regenerado, Salvador, Editora Leal, 2023, p.13. ↩︎
EINSTEIN, Albert, Como Vejo o mundo, São Paulo, Círculo do Livro, 1994, p.11. ↩︎
FROMM, Erich, Ter ou Ser? Rio de Janeiro, LTC – Livros Técnicos e Científicos Editores S.A., 1987, p. 30. ↩︎
TARNAS, Richard, A Epopeia do Pensamento Ocidental – para compreender as ideias que moldaram nossa visão de mundo, tradução de Beatriz Sidou, Rio de Janeiro, Editora Bertrand Brasil, 1999, p. 21. ↩︎
LLOSA, Mário Vargas, A Civilização do Espetáculo – uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura, 1ª edição, Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2013, p. 17. ↩︎
FRANCO, Divaldo Pereira, op. cit., p. 13. ↩︎
PEREIRA, Divaldo Pereira, op. cit., p. 13. ↩︎
Por Clayton Reis 

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