Ao estudarmos as regiões imensas do espaço, vimos que os sóis sucederam aos sóis, os sistemas aos sistemas, as nebulosas às nebulosas, desenrolou-se o panorama esplêndido da harmonia do Cosmo e tivemos a ideia do infinito, que somente de acordo com a nossa perfectibilidade futura poderemos compreender em toda a sua extensão. 


É belo, sem dúvida, haver reconhecido quanto é ínfima a Terra e medíocre a sua importância na hierarquia dos mundos; é belo haver abatido a presunção humana, e nos termos humilhado ante a grandeza absoluta; ainda mais belo, no entanto, será quando interpretarmos em sentido moral esse espetáculo. Fala-se aqui do poder infinito da natureza e da ideia que devemos fazer do seu modo de ação nos diversos domínios do vasto universo.


A natureza onipotente age conforme os lugares, os tempos e as circunstâncias; ela é una em sua harmonia geral, mas múltipla em suas produções; brinca com um Sol, como com uma gota d’água; povoa de seres vivos um mundo imenso com a mesma facilidade com que faz se abra o ovo posto pela borboleta.


A variedade que a natureza nos tem podido evidenciar em todos os sítios deste pequeno mundo tão acanhado, tão limitado, quão mais ampliado não devemos considerar esse modo de ação, ponderando nas perspectivas dos mundos enormes! Quão mais desenvolvida e pujante não a devemos reconhecer, operando nesses mundos maravilhosos que, muito mais do que a Terra, lhe atestam a inapreciável perfeição! Não devemos ver, em torno de cada um dos sóis do espaço, apenas sistemas planetários semelhantes ao nosso sistema planetário; não devemos ver, nesses planetas desconhecidos, apenas os três reinos que se estadeiam ao nosso derredor. Devemos pensar, ao contrário, que, assim como nenhum rosto de homem se assemelha a outro rosto em todo o gênero humano, também uma portentosa diversidade, inimaginável, se acha espalhada pelas moradas eternas que vogam no seio dos espaços. 


Do fato de que a nossa natureza animada começa no zoófito para terminar no homem, de que a atmosfera alimenta a vida terrestre, de que o elemento líquido a renova incessantemente, de que as nossas estações fazem com que se sucedam nessa vida os fenômenos que as distinguem, não devemos concluir que os milhões e milhões de terras que rolam pela amplidão sejam semelhantes a que habitamos. 


Longe disso, aquelas diferem, de acordo com as diversas condições que lhes foram prescritas e de acordo com o papel que a cada uma coube no cenário do mundo. São pedrarias variadas de um imenso mosaico, as diversificadas flores de admirável parque.




Referências:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo  - Cap. VI  - Allan Kardec.


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