Por vezes, nos rendemos à revolta e à tristeza. Atravessamos o tempo sem olhos para contemplar a natureza, sem ouvidos para escutar o trilo dos pássaros.
Perdemos a eficiência pessoal na ação cotidiana, passando a agir sem real produtividade nas horas que gastamos.
É nesses momentos que a insatisfação se apresenta e a violência explode em forma de cólera.
Quando nosso coração dança ao ritmo da cólera, resvalamos para o desequilíbrio que pode ser de cinco minutos, cinco horas, cinco dias ou cinco anos.
Seja a cólera convulsiva, gritante, que extravasa ou a cólera surda, íntima, todas fazem muito mal.
Ambas têm reconduzido, antes da hora demarcada, multidões de Espíritos encarnados para a Espiritualidade.
São mortes repentinas e inexplicadas, por problemas cardíacos, crises nervosas.
São paralisias que advêm, acidentes cerebrais de vária ordem, deixando sequelas de mudez, de impedimento de locomoção livre.
A coléra também tem sido motivo de crimes e infelicidades. Tomados de cólera, agride-se a quem se ama: filho, esposo, companheira, irmão, amigo.
Quando se fere somente pela palavra, ainda se poderá, de futuro, rogar perdão, prometer emenda, recompor a atitude.
Mas que faremos quando a agressão se concretizar físicamente, redundando em lesões para outrem?
Nesses momentos, em que o sangue parece ferver nas veias, em que o rosto se contorce em expressões amargas, em que as mãos trepidam, demonstramos o homem inferior que ainda reside em nós.
Homem que deve ser trabalhado, a fim de se libertar desses instintos tempestuosos que nos fazem descarregar a palavra desgovernada e alçar a mão contra o outro.
Para essas atitudes, a ordem é de vigilância e prece.
Vigilância de nós mesmos, utilizando bom senso, repensando atitudes.
Para que agredir, quebrar, destruir? Que ganhamos com isso?
Recordamos de um marido que, toda vez que a esposa o contrariava, abria os armários da cozinha e quebrava pratos e copos.
Ela ficava apavorada. Sentia-se refém. Ficava muda e, no noutro dia, comprava pratos e copos novamente.
A cena foi se repetindo, dia, semana, mês, ano após ano. Sempre da mesma forma.
Até que, certa feita, ela se sentiu tão indignada, revoltada, que, enquanto ele quebrava as louças, foi à sala, tomou dos cristais e começou a jogá-los no chão, partindo-os.
De imediato, o marido parou de fazer o que fazia, correu até ela e a deteve:
Louca! O que pensa que está fazendo?
O mesmo que você, respondeu ela. Não é isso que você me ensinou todos esses anos? Quando se está com raiva, se quebra tudo.
Ele a abraçou e choraram ambos. Basta dizer que o fato nunca mais se repetiu, ajustando-se os cônjuges de forma harmônica.
* * *
A expressão da cólera nos humilha e ridiculariza, fazendo-nos perder o respeito das pessoas que conosco convivem.
Nenhum pretexto é válido para a motivar, nem a invocar.
Desta forma, paz e paciência no transporte das cruzes pequeninas das dificuldades de cada dia.
Desenruguemos a face, nos sorrisos de bondade constante.
Reprimamos o gesto de precipitação e abençoemos sempre a tudo e a todos.
Mergulhemos o próprio pensamento no pensamento cintilante da bondade, da mansidão e, se contrariados, perdoemos; se humilhados, perdoemos,
Só assim construiremos um clima cada vez mais fraterno entre os homens.
Sejamos nós os promotores das iniciativas redentoras de um mundo de paz e de amor.
Um mundo onde possamos sorrir mais e chorar menos.
Onde possamos produzir mais e nos sentirmos gratificados, ante as contribuições que ofereçamos à vida.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita com base no cap.
Em paz e paciência, do livro Seareiros de volta, por
Espíritos diversos, psicografia de Waldo Vieira