Uma vez restabelecido o equilíbrio na superfície do planeta, prontamente a vida vegetal e animal retomou o seu curso. 


Consolidado, o solo assumiu uma colocação mais estável; o ar, purificado, se tornara apropriado a órgãos mais delicados. 


O Sol, brilhando em todo o seu esplendor através de uma atmosfera límpida, difundia, com a luz, um calor menos sufocante e mais vivificador do que o da fornalha interna. 


A Terra se povoava de animais menos ferozes e mais sociáveis; mais suculentos, os vegetais proporcionavam alimentação menos grosseira; tudo, enfim, se achava preparado no planeta para o novo hóspede que o viria habitar. Apareceu então o homem, último ser da criação, aquele cuja inteligência concorreria, dali em diante, para o progresso geral, progredindo ele próprio.


O homem só terá existido na Terra depois do período diluviano, ou terá surgido antes dessa época? Questão é esta muito controvertida hoje, mas cuja solução, seja qual for, nada mudará no conjunto dos fatos verificados, nem fará que o aparecimento da espécie humana não seja anterior, de muitos milhares de anos, à data que lhe assina a Gênese bíblica.


O que fez com que se supusesse que o advento dos homens ocorreu posteriormente ao dilúvio foi o fato de não se ter achado vestígio autêntico da sua existência no período anterior. As ossadas descobertas em diversos lugares e que geraram a crença na existência de uma raça de gigantes antediluvianos foram reconhecidas como de elefantes.


O que está fora de dúvida é que não existia o homem, nem no período primário, nem no de transição, nem no secundário, não só porque nenhum traço dele se descobriu, como também porque não havia para ele condições de vitalidade. Se o seu aparecimento se deu no terciário, só pode ter sido no fim do período e bem pouco então ele poderia ter se multiplicado.


Ao demais, por haver sido curto, o período antediluviano não determinou mudanças notáveis nas condições atmosféricas, tanto que eram os mesmos os animais, antes e depois dele; não é, pois, impossível que o aparecimento do homem tenha precedido esse grande cataclismo; está hoje comprovada a existência do macaco naquela época e recentes descobertas parecem confirmar a do homem.


Como quer que seja, tenha o homem aparecido ou não antes do grande dilúvio universal, o que é certo é que o seu papel humanitário somente no período pós-diluviano começou a esboçar-­se. Pode-­se, portanto, considerar esse período caracterizado pela sua presença.




Referências:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo  - Cap. VII  - Allan Kardec.

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