Um dos grandes propósitos que cada ser humano carrega é de desenvolver os potenciais que o criador deixou depositado em cada um de nós.
E para que ocorra o despertar desses potenciais, Deus criou o homem para ser social e viver em sociedade, pois é em contato com o outro que identificamos o bem e o mal que existe dentro de nós.
E Deus, em sua infinita sabedoria, quis que a vida social dos homens começasse no lar, pois é na família que temos nossos primeiros e mais importantes contatos sociais.
E quando falamos sobre FAMÍLIA, o assunto, por si só, nos remete a muitas singularidades, pois a família está em constante transformação. Mas, apesar dessas transformações, a família nunca deixou e nunca deixará de ser a base estruturante para o nosso progresso.
Na questão 774 do Livro dos Espíritos, Allan Kardec assim pergunta:
– Há pessoas que, do fato de os animais ao cabo de certo tempo abandonarem suas crias, deduzem não serem os laços de família, entre os homens, mais do que resultado dos costumes sociais e não efeito de uma lei da Natureza. Que devemos pensar a esse respeito?
“Diverso dos animais é o destino do homem. Por que, então, quererem identificá-lo com estes? Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos.
QUAL A MENSAGEM QUE APRENDEMOS COM ESSA QUESTÃO? Que é pela vida em sociedade que o homem aperfeiçoa suas faculdades incompletas e se melhora, pois, somos seres sociais e sem isso, não haveria progresso pessoal.
E por ser a família o nosso primeiro e mais importante convívio social, é lá que está nossa pedra de toque, nossos principais desafios. E estes desafios foram aqueles escolhidos por nós mesmos, pois conforme descrito na pergunta 258 do Livro dos Espíritos, quando estamos na espiritualidade, antes de começarmos uma nova existência corporal, escolhemos o gênero das provas que queremos passar. É claro que a liberdade de escolher suas provas, vai depender, também, da evolução e despertar do espírito.
Assim, todos nós reencarnamos com um projeto espiritual, e muitos dos nossos encontros familiares já eram previstos.
Estes encontros mais firmes onde há de fato uma união conjugal, onde há o recebimento de espíritos como filhos, não são ao acaso. São situações escolhidas por nós mesmos.
Joanna de Angelis, no livro CONSTELAÇÃO FAMILIAR, nos traz a seguinte mensagem:
Esse grupamento familiar […] não é resultado casual de encontros apressados no mundo físico, havendo ocorrido nas Esferas espirituais antes do renascimento orgânico, quando são desenhadas as programações entre os Espíritos comprometidos, positiva ou negativamente, para os ajustamentos necessários ao progresso a que todos se encontram submetidos.
OCORRE QUE como sobre nós cai um véu do esquecimento quando reencarnamos, nós não damos valor e importância aos nossos vínculos familiares e com isso prejudicamos nossa evolução.
Nós precisamos encarar nossos vínculos familiares como uma necessidade de progresso, como nossa mais importante ferramenta de aperfeiçoamento moral. Só que nós não fazemos.
Muitas das vezes os conflitos dentro de casa ultrapassam o imaginável. Causamos intrigas, somos desrespeitosos, mal-educados, não colaborativos, competitivos.
Isto porque a proximidade, o compartilhamento do espaço, o conhecimento aprofundado das pessoas que nos são mais próximas nos possibilita um convívio sem máscaras.
Em casa somos mais espontâneos.
Só que essa espontaneidade possui duas faces. Ela se torna maravilhosa quando sabemos nos colocar limites e respeitar o próximo, mas se torna uma arma quando ultrapassamos as barreiras do bom convívio e deixamos nosso lado sombra transparecer dentro de casa.
Quem se dá conta de que em casa nos despimos do verniz social que nos torna bem aceitos pela sociedade e acabamos por deixar transparecer o que há de pior em nós?
Ora, as pessoas que mais amamos não são justamente aquelas que fazem parte da nossa família?
Então por que não temos o mesmo respeito e educação com nossos familiares como temos com nossos amigos e colegas? Mas não, o abuso e o desrespeito são mais comuns exatamente para com aqueles que mais amamos.
De nada adianta ser polido fora de casa e quando adentramos no reduto doméstico colocamos uma ferradura.
O convívio familiar é um pequeno exemplo do que nos espera. É o nosso treino, pois viveremos em sociedade por toda a eternidade. Então, comecemos, desde já, a mudar esse padrão vibratório dentro de nossas casas, incentivando o diálogo, o respeito, a educação. CONDUTAS E POSTURAS BÁSICAS PARA QUALQUER RELAÇÃO.
E nós, espíritas, sabemos que a FAMÍLIA é formada por grupos de espíritos ligados pelo afeto, mas também, ligados por desajustes pretéritos e que reencarnam juntos por necessidades de aprimoramento.
Aí é que nossa responsabilidade dobra, pois é dentro de casa que estão os espíritos nos quais possuímos grandes dívidas, aqueles com os quais cometemos erros terríveis.
Há uma mensagem no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, onde os espíritos se manifestam assim: Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.
Ou seja, cada um tem a família que necessita para evoluir. Ninguém, absolutamente ninguém, nasceu na família errada (por mais que muitos aleguem isso). Acreditar nisto seria acreditar que Deus errou. E bom, sabemos que isso não ocorre. Então, nós temos exatamente a família que merecemos.
Quando Jesus diz que a porta do progresso é estreita – quer dizer que tem uma parte da minha evolução que é comigo, através do meu autoconhecimento.
Mas a outra parte dessa evolução é com o outro, por isso nascemos dentro de uma família, para aprendermos que é na relação com o outro que ampliamos nossos vínculos, que evoluímos.
Por isso é preciso entender nossas relações familiares como um projeto espiritual de crescimento e de progresso moral, onde nós aprendemos a exercitar o perdão, a caridade, o respeito e a igualdade.
Pois como vamos preparar homens de valor para o amanhã, sem essa base? Criança sem orientação, sem educação é marginalização à vista.
E eu ouso dizer que futuramente nossos governos entenderão que será fundamental investir nas famílias para a educação e instrução das novas gerações, pois a família é núcleo indispensável para o nosso progresso e isso irmãos, é indiscutível!
E a literatura espírita tem um conteúdo farto sobre isso, pois se há uma mensagem que nos é passada de forma contundente pela espiritualidade maior é a IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA PARA O NOSSO PROGRESSO E PROGRESSO DA SOCIEDADE.
E com isso nós precisamos compreender que é dentro da família que reencontraremos Jesus, através do amor dedicado aos nossos companheiros de jornada. Vivemos o verdadeiro Cristianismo sendo caridosos dentro de casa. E aqui caridade deve ser compreendida em um sentido amplo: ela também se manifesta através do exercício da paciência, da escuta ativa, do silêncio, da educação, do respeito àqueles que caminham conosco.
Desfazer a família é desorientar a humanidade.
Deus fez o homem um ser social para que iniciasse um mundo dentro de casa, representando todo o universo dentro de um lar.
E ninguém consegue viver sozinho, em parte alguma. Todos precisam de todos para se completarem rumo à felicidade. Se queremos ser felizes, trabalhemos para a felicidade dos que viajam conosco.
E é isto que doutrina espírita vem nos ensinar, que precisamos viver em família e não só com nossa família de sangue, mas a família criada pelos laços do afeto, como a família do trabalho, da escola, do centro religioso. Pois, lembram que falamos no início da conversa que a família vem se transformando? Essa é uma de suas transformações, pois família não é só os espíritos ligados por consanguinidade, mas família são todos aqueles que estão ligados pelos laços do afeto, do carinho…
Por isso somos seres sociais, para aprendermos a conviver com os outros e nos melhorarmos. Ninguém evolui sozinho.
Enxergar no outro, aquele que faz parte do meu dia a dia, como alguém que vai me ajudar a ser melhor, pois são daqueles que temos mais dificuldade de convivência e relacionamento que virão nossas maiores lições do evangelho de Jesus.
Então, irmãos, que possamos vivenciar dentro de nossa casa o Evangelho de Cristo e transformar o nosso lar em nosso templo, templo de amor, de respeito, de parceria, de diálogo, de ajuda mútua, de dedicação, de luta por ideais nobres.
E quando falamos em transformar nosso lar em templo de amor, é, além de viver o evangelho do Cristo, pautar nossas ações com base na EDUCAÇÃO, em seu mais amplo sentido.
Educação intelectual, educação moral e, principalmente, educação espiritual.
E a educação é responsabilidade da família.