Na monumental obra Paulo e Estêvão, Emmanuel aprofunda os registros de Atos e das Epístolas de Paulo e detalha as lutas e humilhações do doutor Saulo de Tarso, autoridade na Lei Mosaica e perante seu povo, que renunciou às suas prerrogativas da formação tradicional ao iniciar seu processo de transformação em Paulo – o apóstolo do Cristo, submetido pelos seus antigos pares e também por seguidores do Cristo a constrangimentos e dificuldades acerbas.

Paulo de Tarso, como principal divulgador da mensagem do Mestre, fundou em muitos locais as chamadas igrejas cristãs (ecclesia - local de reunião, atualmente significando “igreja”). Outra ação importante foram as epístolas. Têm a característica de uma carta redigida por um autor antigo e um tipo de crônica a respeito de determinado assunto.

Emmanuel, em Paulo e Estevão, relata que Paulo estava preocupado por não poder atender a todas as solicitações das igrejas nascentes. Em uma meditação noturna, recebe a seguinte orientação: "Não te atormentes com as necessidades do serviço. É natural que não possas assistir pessoalmente a todos, ao mesmo tempo [...] Poderás resolver o problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome; os de boa vontade saberão compreender, porque o valor da tarefa não está na presença pessoal do missionário, mas no conteúdo espiritual do seu verbo, da sua exemplificação e da sua vida. Doravante, Estêvão permanecerá mais aconchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos...” (1)

As epístolas de Paulo, havendo algumas diferenças entre autores, s.m.j., foram escritas na seguinte ordem cronológica dos anos iniciais da Era Cristã (2), ou seja, d.C.:

1ª. e 2ª. Epístolas aos Tessalonicenses (51 e 52);

1ª. e 2ª. Epístolas aos Coríntios (53/54 e 55/56);

Epístola aos Gálatas (final de 48 ou ente 54/57); (*)

1ª. e 2ª. Epístola a Timóteo (54 e 60 ou entre 61/63); (**)

Epístola a Tito (56);

Epístola aos Romanos (57);

Epístola aos Colossenses (61/62);

Epístola a Filemon (61/62);

Epístola aos Efésios (61/62);

Epístola aos Hebreus (62);

Epístola aos Filipenses (62/63);

Segundo Emmanuel a primeira Epístola foi dirigida aos Tessalonicenses. Este orientador espiritual de Chico Xavier define claramente a autoria de Paulo e a destinação da Epístola aos Hebreus e é taxativo. Interessante notarmos que há polêmicas religiosas quanto à autoria. Mas há um ponto comum: embora o autor da Epístola não tinha se identificado pelo nome, conhecia Timóteo e possuía um profundo conhecimento do Velho Testamento. (1)

As epístolas de Paulo têm palavras meigas e enérgicas e dirigidas às comunidades na posição de quem as conheceu e as acompanhou, com temas e um público-alvo definido. No geral, Paulo está preocupado na divulgação da mensagem do Cristo, de uma religião espiritual, mas entra também em algumas polêmicas do contexto da época: combate a idolatria, a circuncisão, a luxúria, os sacrifícios religiosos, os divisionismos; escreve acerca da diversidade dos dons espirituais; exalta a justiça pela fé, a humildade, a caridade, a fidelidade a Deus, a submissão à autoridade, a tolerância para com os fracos da fé, o amor fraternal e a hospitalidade, preservando valores morais; orienta sobre as polêmicas religiosas; esclarece que a Lei é impotente para salvar, mas conduz a Cristo e à fé; registra seus sofrimentos na luta pela implantação da "Boa-Nova".

As epístolas de Paulo, abstraindo-se algumas discussões do contexto da época, devem merecer o estudo dos espíritas e destacamos que na chamada série Fonte Viva e demais livros em que Emmanuel comenta versículos do Novo Testamento, mais da metade dos capítulos se referem a citações de Paulo. 

“Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel. Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e a Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto: não ultrapasseis o que está escrito; a fim de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro”. (I Cor., 4:1,2,6)

Emmanuel remete à ideia de que os autênticos seareiros não devem ser rivais entre si: “Convençam-se os discípulos de que o trabalho e a realização pertencem a todos e que é imprescindível se movimente cada qual no serviço edificante que lhe compete”. 3

(*) – Alguns apontam o ano 48 d.C., outros entre 54/57 d.C.

(**) – Para alguns a 2ª. Epístola a Timóteo foi escrita entre os anos 61/63 d.C.

Referências:

  1. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Paulo e Estêvão. 2ª. parte, cap. VII. Brasília: Ed. FEB. 2013.
  2. Walker, Peter. Pelos caminhos do apóstolo Paulo. Trad. Mariz, Andréa. Cap. 9. São Paulo: Ed.Rosari. 2009. Introdução.
  3. Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Cap.I. Pão nosso. Brasília: FEB.

Fonte: www.correioespirita.org.br 

Deixe seu Comentário