Este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que certas pessoas possuem de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético desempenha um importante papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa.

A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico; no caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação. 

 

Podem considerar-se as pessoas dotadas de força magnética como formando uma variedade de médiuns. Disso não há o que duvidar.

O médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem. A força magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio. Se magnetiza com o propósito de curar, por exemplo, e invoca um bom Espírito que se interessa por ele e pelo seu doente, o Espírito aumenta a sua força e a sua vontade, dirige o seu fluido e lhe dá as qualidades necessárias.

Há, entretanto, bons magnetizadores que não crêem nos Espíritos. Mas os Espíritos não atuam só nos que crêem neles Os que magnetizam para o bem são auxiliados por bons Espíritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas más intenções, chama os maus. Agiria com maior eficácia aquele que, tendo a força magnética, acreditasse na intervenção dos Espíritos.

Há pessoas que verdadeiramente possuem o dom de curar pelo simples contato, sem o emprego dos passes magnéticos. Neste caso, há também ação magnética, e influência dos Espíritos. Essas pessoas são verdadeiros médiuns, pois atuam sob a influência dos Espíritos. Esse poder não pode ser transmitido, mas sim, o conhecimento de que necessita, para exercê-lo, quem o possua. 

 

Podem obter-se curas unicamente por meio da prece, desde que Deus o permita. Pode dar-se, no entanto, que o bem do doente esteja em sofrer por mais tempo e então julga-se que a prece não foi ouvida.

Não há, para isso, algumas fórmulas de prece mais eficazes do que outras. Somente a superstição pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras e somente Espíritos ignorantes, ou mentirosos podem alimentar semelhantes idéias, prescrevendo fórmulas. Pode, entretanto, acontecer que, em se tratando de pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, o uso de determinada fórmula contribua para lhes infundir confiança. Neste caso, porém, não é na fórmula que está a eficácia, mas na fé, que aumenta por efeito da ideia ligada ao uso da fórmula.



Referências:

O Livro dos Médiuns - Segunda Parte - Cap. XIV - Allan Kardec

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