Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto; pois todo aquele que pede recebe; o que busca acha e ao que bate se lhe abrirá (MATEUS 7:7:8).
.Quando escutamos a expressão Amparo Espiritual nos convencionamos a pensar em algo distante, abstrato ou místico. Isso porque, para muitos, é insuficiente o entendimento sobre a coexistência entre os planos materiais e espirituais. Para de fato compreendermos a dimensão da expressão_ Amparo Espiritual, é necessário ampliarmos a compreensão de que todos os seres da natureza, onde quer que se encontrem estão sob a guarda do Criador. Assim, constata Davi no Salmo 139.
A palavra ainda não me chegou à língua, e tu, Iahwher, já a conheces inteira. Tu me envolves por trás e pela frente, e sobre mim pões a tua mão. É um saber maravilhoso e me ultrapassa, é alto demais: não posso atingi-lo! (SALMO 139:4-6).
É na onisciência de Deus que encontramos a compreensão de que nunca estamos sozinhos, mesmo quando não podemos enxergar aqueles que nos cercam. A literatura ditada pela espiritualidade superior nos dá a conhecer particularidades que nos aproxima, concretiza e desmistifica o chamado Amparo Espiritual.
Entender que estamos amparados por um Ser que tudo vê tudo sabe e tudo pode, é tarefa difícil para aqueles que não procuram buscar as instruções para isso. A espiritualidade nos diz que nos faltam sentidos, para alcançar essa compreensão. No entanto, aceita o desafio de instruir-nos, tal como crianças do jardim da infância que recebe conhecimentos de um curso superior.
A espiritualidade superior nos ensina qual em uma grande escola universal. Os que já acumularam conhecimentos retornam para ajudar aqueles que se iniciam na caminhada evolutiva. Para tanto, pacientemente utilizando-se da analogia tentam despertar-nos a compreensão sobre a divindade.
Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos; esse fluido, sendo inteligente, age mecanicamente, tão-só pelas forças materiais; mas, se supusermos esse fluido dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, ele agirá, não mais cegamente, mas, com discernimento, com vontade e liberdade; verá, entenderá e sentirá (KARDEC, 2008 ITEM-22).
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Mergulhados na divindade estamos nós, assim o Rei Davi se dá conta ao escrever o Salmo 139 reconhecendo-se cercado pelo criador. Uma ciência grandiosa da qual humildemente confessa a incapacidade de compreendê-la. Para alcançar essa compreensão, a espiritualidade nos diz que existe um caminho a ser percorrido. Nessa perspectiva, Kardec (2008 q.11) pergunta a espiritualidade, se um dia será dado ao homem compreender os mistérios da divindade? Obtém então a seguinte resposta: “Quando seu espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e, pela perfeição, estiver próximo dele, então ele o verá e o compreenderá”.
No estágio evolutivo que nos encontramos, nos é concedido à intuição e o pensamento para entrever a divindade. E enquanto nos instruirmos e nos desmaterializamos para desenvolvermos os sentidos próprios, daquilo que estamos destinados a ser (Seres Perfeitos), o Deus de soberana justiça e bondade, nos concede todo o amparo e os recursos que necessitamos para o êxito da jornada.
Assim afirma Emmanuel que “_o Criador responde à criatura, através das próprias criaturas, até que a criatura lhe possa, um dia, refletir a Glória Sublime”. Somos criaturas de Deus destinadas à perfeição, e por hereditariedade somos co-criadores universais. Possuímos a capacidade de criar a partir da mesma base dos princípios divinos, e quando rogamos o amparo do pai celestial, o Criador nos atende através dos nossos irmãos que já lograram degraus na senda evolutiva.
São os co-criadores do plano maior, espíritos que exteriorizam a piedade, o amor e a caridade, plasmam esses sentimentos em recursos para atender as designações divinas. Criam edificações transitórias de acolhimento e verdadeiras metrópoles espirituais. São eles os corresponsáveis pelas edificações no plano maior. Assim nos descreve André Luiz na Coletânea a Vida no Mundo Espiritual psicografado por Francisco Cândido Xavier.
Existe uma dinâmica organizacional no plano espiritual, e se tudo que possuímos no Planeta Terra são cópias do mundo espiritual. O que poderíamos falar sobre a gestão dos recursos divinos? Confesso que me falta o alcance da dimensão intelectual para tentar imaginar a administração divina. Entretanto, através de pistas deixadas nas literaturas espiritas, podemos tentar formular as imagens em nosso pensamento.
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Conhecemos a existência da Central de processamento e análise de Preces; Centrais de arquivos da memória; Centros de planejamentos reencarnatórios; Equipes de acompanhamentos dos encarnados tutelados das casas de recuperação do plano espiritual; Equipamentos de alta precisão para aferição da qualidade das vibrações mentais emitidas pelos espíritos encarnados e desencarnados, o chamado psicoscópio;Equipamentos de localização, transportes e comunicação. E inúmeros tipos de tratamentos destinados ao equilíbrio e restauração das energias vitais, entre tantas outras criações que não possuímos autorização para conhecer.
Todos os dias, o dia todo, transitam entre os dois planos, grupos de trabalhadores espirituais com missões específicas de amparo, estímulo, reabilitação, harmonização, renascimento, desligamento, entre outras inúmeras tarefas designadas pela inteligência superior.
Em cada abismo, furnas e cavernas, onde quer que esteja um ser da criação, lá está um mensageiro da divindade, aguardando o momento em que a criatura se disponha a retirar o argueiro de seus próprios olhos, a fim de enxergar a companhia que insanamente reclama ao criador.
É importante salientarmos que, nós criaturas de Deus, criamos e damos formas ao que pensamos. Todas as criações são obras das criaturas de Deus, mesmo as criações das chamadas zonas infernais, assim relata André Luiz no livro Evolução em dois mundos.
Dentro das mesmas bases, plasmam também os lugares entenebrecidos pela purgação infernal, gerados pelas mentes desequilibradas ou criminosas nos círculos inferiores e abismais, e que valem por aglutinações de duração breve, no microcosmo em que estagiam, sob o mesmo princípio de comando mental com que as Inteligências Maiores modelam as edificações macrocósmicas, que desafiam a passagem dos milênios (XAVIER, 1959 p.16).
Sendo também co-criadores universais, os espíritos pouco evoluídos, projetam as edificações das zonas infernais, entretanto, de breve duração em se comparada com as edificações dos planos superiores. Assim revela a espiritualidade sobre a transitoriedade do mal. “Todos os lugares infernais surgem, vivem e desaparecem com a aprovação do Senhor, que tolera semelhantes criações das almas humanas, como um pai que suporta as chagas adquiridas pelos seus filhos e que se vale delas para ajudá-los a valorizar a saúde” (XAVIER, 1957 p.14).
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Não é diferente nos estágios da vida material, todos os vícios, mazelas, maldades, perversidades, barbaridades, sordidez, desequilíbrio, insensatez, orgulho, egoísmo e vaidade são as chagas adquiridas por nós, que através das experiências ao longo dos milênios, por exaustão no erro, moldaremos a nossa essência na redenção do bem. Assim nos ensina a espiritualidade que:
À face de semelhantes realidades todos os atritos, conflitos, provações, aflições, dificuldades e embaraços são criações nossas na Criação de Deus e que, tão-só na escola das vidas sucessivas com criteriosa aplicação dos tesouros do tempo, conseguiremos nós extinguir (XAVIER, s.d).
Através da nossa própria conduta criamos os nossos infernos interiores e exteriores, criações que refletem a composição momentânea do nosso eu. Então, a partir da nossa imprevidência e crueldade, por vezes nos entregamos à elaboração e participação de práticas deploráveis, das quais seremos convocados a reparar sob o constrangimento da lei de causa e efeito, acionada pelo impulso do magnetismo universal.
É durante o período de ressarcimento dos débitos junto a nossa consciência, que necessitamos de força e Amparo Divino. Ingressando em novas oportunidades de progresso espiritual recebemos do Criador um espirito protetor para guiar-nos no bom caminho. Contudo, Xavier (1956 p.119) assim nos diz que, tal como um “professor não pode chamar a si os deveres do aluno, sob pena de subtrair-lhe o mérito da lição”, o nosso “anjo guardião” nos aconselha sugestionando o melhor caminho a seguir, mas dependerão de nós a escolha e a execução.
Para tanto, a espiritualidade nos diz que _ “é imperioso não olvidar que todos os valores da vida, desde as mais remotas constelações a mais mínima partícula subatômica, pertencem a Deus, cujos inabordáveis desígnios podem alterar e renovar, anular ou reconstruir tudo o que está feito” (XAVIER, 1956 p.80).
É importante buscarmos clarear a mente nos princípios do bem e da razão. Sabendo que a todo o momento e a cada segundo, recebemos o amparo divino indicando-nos a necessidade de renovação mental para emitirmos vibrações capazes de sintonizar com as energias do bem. Sintonizarmos com esse fluxo de emissários divinos, que abnegadamente circulam em nosso planeta, para assim, também nós, passarmos a executar imediatamente e no grau que nos cabe, os designíos para qual fomos criados. “Porque nós somos cooperadores de Deus[1]”.
[1] Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 3, versículo 9.)
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