Os letárgicos e os catalépticos, em geral, veem e ouvem o que se passa em derredor, sem que possam exprimir que estão vendo e ouvindo. É pelo Espírito que têm essas percepções e não pelos olhos e pelos ouvidos.

O Espírito tem consciência de si, mas não pode comunicar-se, pois a isso se opõe o estado do corpo. Esse estado especial dos órgãos nos prova que no homem há alguma coisa mais do que o corpo, pois que, então, o corpo já não funciona e, no entanto, o Espírito continua ativo.

Na letargia, o corpo não está morto, porquanto há funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente, como na crisálida, porém não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha ligado. Em se rompendo, por efeito da morte real e pela desagregação dos órgãos, os laços que prendem um ao outro, integral se torna a separação e o Espírito não volta mais ao seu envoltório. Quando um homem aparentemente morto volve à vida, é que não era completa a morte.

Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a se desfazerem, restituindo-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse socorrido. O magnetismo, em tais casos, constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamento dos órgãos.

A letargia e a catalepsia derivam do mesmo princípio, que é a perda temporária da sensibilidade e do movimento, por uma causa fisiológica ainda não explicada. Diferem uma da outra em que, na letargia, a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo todas as aparências da morte; na catalepsia, fica localizada, podendo atingir uma parte mais ou menos extensa do corpo, de sorte a permitir que a inteligência se manifeste livremente, o que a torna inconfundível com a morte. A letargia é sempre natural; a catalepsia é por vezes espontânea, mas pode ser provocada e anulada artificialmente pela ação magnética.


Referência:

O Livro dos Espíritos – Segunda Parte – Cap. VIII – Allan Kardec

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