Ao ler o texto “Anotações em serviço” do Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, do livro “Família”, veio à mente o quanto somos rigorosos e severos com nós mesmos, chegando até a condenarmos diante das provações e expiações da vida, esquecendo que devemos trabalhar mais no serviço edificante na prática do bem, do amor e da caridade para impulsionar o nosso progresso moral e espiritual.
Emmanuel relembra a primeira carta do Apostolo Paulo aos coríntios, versículos 9 e 10 do capítulo 15, que diz: “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”.
Nessa carta, Paulo de Tarso reconheceu, humildemente, as suas imperfeições de quando Saulo de Tarso, e a sua pequenez perante os demais apóstolos, mas para ter a graça de Deus teve de trabalhar muito para melhorar-se e chegar aonde chegou, a fim de cumprir a sua missão divina na Terra. Paulo foi um realizador que trabalhou diariamente para irradiar a luz divina para as igrejas nascentes do cristianismo.
A mudança de comportamento não é tarefa fácil, pois conduz para a luta contra as próprias imperfeições e o enfrentamento da consciência para se libertar dos sentimentos inferiores, requerendo ainda ação e trabalho edificante na prática do amor e da caridade.
Essa transformação tem que ser no íntimo de cada ser humano, em uma ação de dentro para fora, mediante processo contínuo de aprimoramento moral do Espírito para a sua necessária evolução.
Saulo de Tarso se transforma em Paulo de Tarso a caminho de Damasco, quando tem uma visão do Mestre Jesus, convertendo-se ao cristianismo e iniciando a sua tarefa gloriosa de Apóstolo dos gentios.
A seguir, veremos o texto de Emmanuel:
“Anotações em serviço
Corrigir-nos, sim, e sempre. Condenar-nos, não.
Valorizemos a vida pelo que a vida nos apresente de útil e belo, nobre e grande.
Mero dever melhora-nos, melhorando o próprio caminho, em regime de urgência; todavia, abstenhamo-nos do hábito de remexer inutilmente as próprias feridas, alargando-lhes a extensão. Somos Espíritos endividados de outras eras e, evidentemente, ainda não nos empenhamos, como é preciso, ao resgate de nossos débitos; no entanto, já reconhecemos as próprias contas com a disposição de extingui-las.
Virtudes não possuímos; contudo, já não mais descambamos conscientemente para criminalidade e vingança, violência e crueldade.
Não damos aos outros toda a felicidade que lhes poderíamos propiciar, entretanto, voluntariamente não mais cultivamos o gosto de perseguir ou injuriar a quem seja.
Indiscutivelmente, não nos dedicamos, de todo, por enquanto, à prática do bem, como seria de desejar; todavia, já sabemos orar, solicitando da Divina Providência nos sustente o coração contra a queda no mal.
Não conseguimos infundir confiança nos irmãos carecentes de fé; no entanto, já aprendemos a usar algum entendimento no auxílio a eles.
Por agora não logramos romper integralmente com as tendências infelizes que trazemos de existências passadas, mas já nos identificamos na condição de Espíritos inferiores, aceitando a obrigação de reeducar-nos.
Servos dos servos que se vinculam aos obreiros do Senhor, na Seara do Senhor, busquemos esquecer-nos, a fim de trabalhar e servir.
Para isso, recordemos as palavras do Apóstolo Paulo, nos versículos 9 e 10, do capítulo 15, de sua primeira carta aos coríntios: ‘- Não sou digno de ser chamado apóstolo, mas, pela graça de Deus, já sou o que sou’.” (Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier. Família. FEB Editora. Cap. 20)
Assim sendo, não se condene, seja rigoroso e severo com você mesmo, ou fique em lamúrias e lamentações, trabalhe mais no serviço edificante na prática do bem, do amor e da caridade para melhora-se e impulsionar o seu progresso moral e espiritual.
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA.
EMMANUEL (Espírito); psicografado por Francisco Cândido Xavier. Família. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019; São Paulo: CEU, 2019.