Dr. Bezerra vindo ao encontro do amigo Chico aproximou-se 

e deu-lhe afetuoso e reluzente abraço; e  foi logo dizendo:


_" Como vai Chico? Muito trabalho?"_

_"Ah! Sim Dr. Bezerra, o trabalho é uma bênção! Espero continuar trabalhando…"_

_" Então vamos Chico? A reunião está prestes a começar e Jesus já está a caminho."_


Embargados pela emoção permaneceram calados por alguns instantes, e Chico na sua simplicidade, pondo-se de pé, fitou aquele belo par de olhos azuis, que mais pareciam dois diamantes faiscando.

Pronto a obedecer àquele convite, o Chico ajeitou o paletó, passou as mãos no rosto, deixando transparecer sua disciplina de verdadeiro apóstolo do Mestre.

 Dr. Bezerra, observando os pormenores, não pode deixar de fazer uma brincadeira para quebrar a emoção do momento.


_" Chico — falou o Dr. Bezerra  —, deixa o paletó; você não precisa mais dele, suas vestes agora são outras."_


Chico, como que meio envergonhado, sorrindo, respondeu ao amigo com a humildade que lhe é peculiar:


_" Dr. Bezerra, se o senhor me permite, irei de paletó, tenho receio que os participantes da reunião não me reconheçam; ainda me sinto um cisco de paletó, ele irá dar-me uma presença melhor diante dos amigos. O senhor não acha?"_


 Dr. Bezerra, já com os olhos molhados pelas lágrimas, pensava consigo mesmo em silêncio:


_" Meu Deus! Como pode um Espírito da envergadura espiritual do Chico esconder tanta luz detrás de um paletó velho e amarrotado?"_


Chico, sentindo a emoção e ouvindo os pensamentos do amigo, falou-lhe: 


_"Oh! Dr. Bezerra! Foi neste paletó que eu aprendi a amar o meu próximo, a respeitar o sofrimento alheio. Quantos bilhetes de mães em lágrimas foram colocados nos bolsos do meu paletó? Pedidos de preces, rogativas por uma mensagem de consolo, pela perda de um ente querido_ _Bilhetes simples, mas eu não deixei de ler nenhum deles, e chorava beijando aqueles pedaços de papeis, sentindo-me um cisco. Era uma alegria muito grande levar as mãos aos bolsos e encontrar aqueles pedacinhos de papéis que nada mais eram que bênçãos vindas dos céus para o meu coração. Confesso ao senhor, que eram um elixir revigorando o meu Espírito. O senhor imagina que o meu paletó vivia perfumado de rosas que colocavam no meu bolso.  Chegaram a dizer que o perfume era meu, mas na verdade eram deles, que me amavam muito. Portanto, se o senhor não se importar, estou pronto, mas irei mesmo é de paletó. Nosso Senhor Jesus Cristo irá sentir o perfume dos irmãos que sofrem na Terra. Ainda tenho alguns bilhetes no bolso, colocá-los-ei à disposição de Jesus, nosso mestre. Eu ainda me considero um verme rastejante vestido de paletó. Risos! Dr. Bezerra agradeço sua presença e companhia; a paciência que sempre dispensou em minha caminhada pela Terra. Sou-lhe muito grato! O senhor ajudou-me a concluir as tarefas com a Doutrina Espírita. Por este motivo eu nunca desisti de trabalhar… Obrigado!"_


Naquele momento Dr. Bezerra viu que realmente estava diante de um apóstolo do Mestre Jesus. 

Levou as mãos iluminadas ao ombro do amigo e, abraçando-o, saíram, deixando para trás dois rastros de luz em direção ao infinito.


(Pelo espírito de Odilon Fernandes, através da mediunidade de Raulina Pontes).

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