A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer, e ele só é infeliz quando dela se afasta. 

 

É eterna e imutável como o próprio Deus, pois Deus não se engana. Os homens é que são obrigados a modificar suas leis, por serem imperfeitas. As de Deus, essas são perfeitas. A harmonia que reina no universo material, como no universo moral, se funda em leis estabelecidas por Deus desde toda a eternidade.

 

Todas as leis da natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O cientista estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma.

 

Em uma única existência não basta para o homem aprofundar umas e outras.

 

Efetivamente, que são alguns anos para a aquisição de tudo o de que precisa o ser, a fim de se considerar perfeito, ainda que se pense apenas na distância que vai do selvagem ao homem civilizado? Insuficiente seria, para tanto, a existência mais longa possível. Ainda com mais forte razão o será quando curta, como é para a maior parte dos homens.

 

Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: as leis físicas, cujo estudo pertence ao domínio da ciência.

 

As outras dizem respeito especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e com seus semelhantes. Contêm as regras da vida do corpo, bem como as da vida da alma: são as leis morais.

 

A razão está a dizer que as leis divinas devem ser apropriadas à natureza de cada mundo e adequadas ao grau de progresso dos seres que os habitam.

 

Todos podem conhecer as leis de Deus, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue.

 

A justiça das diversas encarnações do homem é uma consequência desse princípio, visto que em cada nova existência sua inteligência se acha mais desenvolvida, e ele compreende melhor o que é bem e o que é mal. 

 

Antes de se unir ao corpo, a alma compreende melhor a lei de Deus de acordo com o grau de perfeição que tenha atingido e dela guarda a intuição quando unida ao corpo. Mas os maus instintos do homem fazem com que ele frequentemente a esqueça.

 

A lei de Deus está escrita na consciência. O homem traz em sua consciência a lei de Deus,mas a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.

 

Confiou Deus a certos homens a missão de revelarem a sua lei. Em todos os tempos houve homens que tiveram essa missão. São Espíritos superiores, que encarnam com o fim de fazer progredir a humanidade.

 

Certamente alguns que não eram inspirados por Deus e que, por ambição, atribuíram-se uma missão que lhes não fora confiada, podem ter dado causa a que os homens se transviassem. Todavia, como eram, afinal, homens de gênio, mesmo entre os erros que ensinaram grandes verdades muitas vezes se encontram.

 

O verdadeiro profeta é um homem de bem inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus atos. Impossível é que Deus se sirva da boca do mentiroso para ensinar a verdade.

 

Jesus é o tipo mais perfeito que Deus já ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo.

 

Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra. Deus O oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque o espírito divino o animava, e porque foi o ser mais puro de quantos têm aparecido na Terra.

 

Quanto aos que, tendo pretendido instruir o homem na lei de Deus, transviaram-no por meio de falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos, e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo. Muitos apresentaram como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens.

 

As leis divinas estão escritas por toda parte. Desde os séculos mais longínquos, todos os que meditaram sobre a sabedoria têm podido compreendê-las e ensiná-las. Pelos ensinos, mesmo incompletos, que espalharam, prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da natureza, possível foi ao homem conhecê-las, logo que as quis procurar. Por isso é que os preceitos que consagram foram, desde todos os tempos, proclamados pelos homens de bem; e também por isso é que elementos delas se encontram, se bem que incompletos ou adulterados pela ignorância, na doutrina moral de todos os povos que já saíram da barbárie.

 

Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os tempos e os lugares. Fez-se necessário, pelo advento do Espiritismo, que a verdade se tornasse inteligível para todo o mundo. Muito necessário é que aquelas leis sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. A missão do Espiritismo consiste em abrir os olhos e os ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os hipócritas: os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultar suas torpezas. O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância, e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade.

 

A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado.

 

Jamais permitiu Deus que o homem recebesse comunicações tão completas e instrutivas como as que hoje lhe são dadas. Havia, como sabemos, na antiguidade alguns indivíduos possuidores do que eles próprios consideravam uma ciência sagrada e da qual faziam mistério para os que, aos seus olhos, eram tidos por profanos. Pelo que conhecemos das leis que regem estes fenômenos, deve-se compreender que esses indivíduos apenas recebiam algumas verdades esparsas, dentro de um conjunto equívoco e, na maioria dos casos, emblemático. Entretanto, para o estudioso, não há nenhum sistema antigo de filosofia, nenhuma tradição, nenhuma religião que seja desprezível, pois em tudo há germens de grandes verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em meio de acessórios sem fundamento, facilmente coordenados se apresentam, graças à explicação que o Espiritismo dá de uma imensidade de coisas que até então se afiguravam sem razão alguma, e cuja realidade está hoje irrecusavelmente demonstrada. Não desprezemos, portanto, os objetos de estudo que esses materiais oferecem; são muito ricos e podem contribuir grandemente para nossa instrução.

 

Referência:

O Livro dos Espíritos - Terceira Parte - Cap. I - Allan Kardec.

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Rogerio Toledo - 21/12/2022 13h53
Parabéns, excelente trabalho!!