Objetivo da adoração.
A adoração consiste na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma.
A Adoração origina-se de um sentimento inato, como o da existência de Deus. A consciência da sua fraqueza leva o homem a curvar-se diante daquele que o pode proteger.
A adoração está na lei natural, pois resulta de um sentimento inato no homem. Por essa razão é que existe entre todos os povos, se bem que sob formas diferentes.
A adoração verdadeira é do coração. Em todas as nossas ações, devemos lembrar sempre de que o Senhor tem sobre nós o seu olhar.
A adoração exterior é útil se não consistir num vão simulacro. É sempre útil dar um bom exemplo. Mas os que somente por afetação e amor-próprio o fazem, desmentindo com o proceder a aparente piedade, mau exemplo dão e não imaginam o mal que causam.
Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que julgam honrá-lo com cerimônias que os não tornam melhores para com os seus semelhantes.
Todos os homens são irmãos e filhos de Deus. Ele atrai a si todos os que obedecem às leis, qualquer que seja a forma sob que as exprimam.
É hipócrita aquele cuja piedade se cifra nos atos exteriores. Mau exemplo dá todo aquele cuja adoração é afetada e contradiz o seu procedimento.
Aquele que professa adorar o Cristo, mas que é orgulhoso, invejoso e cioso, duro e implacável para com o outro, ou ambicioso dos bens deste mundo, somente nos lábios e não na alma tem religião. Deus, que tudo vê, dirá: o que conhece a verdade é cem vezes mais culpado do mal que faz, do que o selvagem ignorante que vive no deserto.
Não perguntemos, se há alguma forma de adoração que mais convenha, porque equivaleria a perguntarmos se mais agrada a Deus ser adorado num idioma do que noutro. Até Ele não chegam os cânticos, senão quando passam pela porta do coração.
Não procede mal aquele que pratica uma religião em que não crê do fundo da alma, fazendo-o apenas pelo respeito humano e para não escandalizar os que pensam de modo diverso se assim fazendo, só tenha em vista respeitar as crenças do outro. Procede melhor do que um que as ridicularize, porque, então, falta à caridade. Aquele, porém, que a pratique por interesse e por ambição se torna desprezível aos olhos de Deus e dos homens. A Deus não podem agradar os que fingem humilhar-se diante Dele tão somente para granjear o aplauso dos homens.
Reunidos pela comunhão dos pensamentos e dos sentimentos, mais força têm os homens para atrair a si os Espíritos bons. O mesmo se dá quando se reúnem para adorar a Deus. Não devemos crer, todavia, que menos valiosa seja a adoração particular, pois que cada um pode adorar a Deus pensando Nele.
Vida contemplativa.
Os homens que se consagram à vida contemplativa, não fazendo nenhum mal e só pensando em Deus, não têm perante Ele algum mérito, porquanto se é certo que não fazem o mal, também o é que não fazem o bem e são inúteis. Ademais, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que o homem pense Nele, mas não quer que só Nele pense, pois que lhe impôs deveres a cumprir na Terra. Quem passa todo o tempo na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive uma vida toda pessoal e inútil à humanidade, e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver feito.
Referências:
O Livro dos Espíritos - Terceira Parte - Cap. II - Allan Kardec.