As palavras convencem, mas os exemplos arrastam

                               “Impossível é que Deus Se sirva da boca
do mentiroso  para ensinar a Verdade.”
                            – O Livro dos Espíritos – q. 624.

Jesus enfatizou, em várias oportunidades – por palavras e atos – a perfeita simetria que deve existir entre a pregação e o exemplo… Profligou, inúmeras vezes, o farisaísmo, a falsa  postura, os caracteres dúbios… Daí a origem das expressões contidas na Bíblia que cunharam para sempre o perfil do verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, mostrando, também, o que ele não deveria ser jamais. Assim, nasceram a “Parábola da Figueira que Secou”; a expressão: “túmulos caiados”; a insofismável virilidade do “sim, sim; não, não”, etc…

Através dos séculos tantos foram os falsos profetas que se apresentaram como “guias” da humanidade que João teve o cuidado de advertir (1): “experimentai se os Espíritos são de Deus”.

O homem, deixando-se levar pelo egoísmo e pelas paixões terrenas, falseou os princípios, os ensinamentos, confundindo  as  almas;  e, apresentando  como  divinas,  as  leis humanas  estatuídas  para  servir-lhes aos baixos e inconfessáveis alvitres, cujo desiderato não era outro, senão,  dominar  os ingênuos e incautos.

Há, pois, que se tomar todas as precauções para  não  nos  iludirmos  com as  utopias  e  os  devaneios  das imaginações férteis.

Pelo fruto podemos conhecer a árvore“, ou seja: o discípulo sincero será reconhecido pelas suas palavras e ações. Serão os que esparzem a mancheias o perfume da Caridade, conservando-se dentro das balizas da humildade, esses sim, os que não se transviaram.

Não é sem motivo que Emmanuel afirmou: “as palavras convencem, mas, os exemplos arrastam”.

Jesus, que é o nosso “Guia e Modelo” (2)  jamais foi flagrado em defasagem entre a pregação e a exemplificação. Sempre coerente, legitimou em holocausto a  fidelidade e confiança que dedicava ao Pai Celestial.

Os viajantes da Eternidade, que somos todos nós, em Lhe seguindo as pegadas, só lograremos o roteiro seguro, sem desvios, se soubermos agir também coerentemente nas leiras do  bem, adubando  com o exemplo as palavras, certos de que “não é  possível que Deus Se sirva da boca do mentiroso para ensinar a Verdade”.

Lembra-nos S. Luís (3): “(…) cada criatura traz na fronte, mas, principalmente nos  atos,  o cunho da sua  grandeza  ou  da  sua inferioridade”.

E Erasto, discípulo de Paulo, completa de maneira a não ensejar a menor dúvida (4): “(…) reconheceremos os que se acham no bom caminho pelos princípios da  verdadeira  Caridade  que eles ensinarão e praticarão.  Serão também reconhecidos pelo número de aflitos  a que levem consolo; pelo seu amor ao próximo, pela  sua abnegação,  pelo seu devotamento e desinteresse  pessoal;  serão, finalmente, reconhecidos, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de Sua Lei; os que seguem Sua Lei, esses  são os  escolhidos  e  Ele lhes dará a  vitória;  mas  Ele  destruirá aqueles  que  falseiam o espírito dessa Lei e fazem  dela  degrau para contentar sua vaidade e sua ambição”.

Rogério Coelho

Referências:
(1) BÍBLIA, N.T. I João. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1983. cap. 4. vers 1.
(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 625.
(3) KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. 21, item 8.
(4) Ibidem,  cap. 20, item 4.

Fonte: agendaespiritabrasil.com.br

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