População do globo.


 A reprodução dos seres vivos é uma Lei da natureza, pois sem a reprodução o mundo corporal pereceria.

 

A população da Terra, indo na progressão crescente que vemos, não chegará a um tempo em que seja excessiva na Terra. Deus a isso provê e mantém sempre o equilíbrio. Nada do que faz é inútil. 

 

Sucessão e aperfeiçoamento das raças.

 

Existem raças humanas que evidentemente decrescem. Virá momento em que terão desaparecido da Terra. É que outras estão lhes tomando o lugar, como outras um dia tomarão o da nossa.

 

Os homens atuais são os mesmos Espíritos que voltaram, para se aperfeiçoar em novos corpos, mas que ainda estão longe da perfeição. Assim, a atual raça humana, que, pelo seu crescimento, tende a invadir toda a Terra e a substituir as raças que se extinguem, terá sua fase de decrescimento e de desaparição. Substituí-la-ão outras raças mais aperfeiçoadas, que descenderão da atual, como os homens civilizados de hoje descendem dos seres brutos e selvagens dos tempos primitivos.

 

A origem das raças se perde na noite dos tempos. Mas, como pertencem todas à grande família humana, qualquer que tenha sido o tronco de cada uma, elas puderam aliar-se entre si e produzir tipos novos.

 

O caráter distintivo e dominante, do ponto de vista físico, das raças primitivas é o 

desenvolvimento da força bruta, à custa da força intelectual. Agora, dá-se o contrário: o homem faz mais pela inteligência do que pela força do corpo. Todavia, faz cem vezes mais, porque soube tirar proveito das forças da natureza, o que não conseguem os animais.

 

Tudo se deve fazer para chegar à perfeição e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir seus fins. Portanto, não é contrário à lei da natureza o aperfeiçoamento das raças animais e vegetais pela Ciência. Sendo a perfeição a meta para que tende a natureza, favorecer essa perfeição é corresponder às vistas de Deus.

 

Mesmo nascerem, os esforços que o homem emprega para conseguir a melhoria das raças, de um sentimento pessoal e que não objetivam senão o acréscimo de seus gozos, isto não lhe diminui o mérito. Que importa seja nulo o seu merecimento, desde que o progresso se realize? Cabe-lhe tornar meritório, pela intenção, o seu trabalho. Ademais, mediante esse trabalho ele exercita e desenvolve a inteligência e sob este aspecto é que maior proveito tira.

 

Obstáculos à reprodução.

 

 

Tudo o que embaraça a natureza em sua marcha é contrário à lei geral.

 

Deus concedeu ao homem, sobre todos os seres vivos, um poder de que ele deve usar, sem abusar. Pode, pois, regular a reprodução, de acordo com as necessidades; não deve, porém, opor-lhe obstáculos desnecessariamente. A ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para restabelecer o equilíbrio entre as forças da natureza, e é ainda isso o que o distingue dos animais, porque ele obra com conhecimento de causa. Mas os próprios animais também concorrem para a existência desse equilíbrio, porquanto o instinto de destruição que lhes foi dado faz com que, provendo à própria conservação, obstem ao desenvolvimento excessivo, quiçá perigoso, das espécies animais e vegetais de que se alimentam.

 

Os usos cujo efeito consiste em impedir a reprodução, para satisfação da sensualidade prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem está apegado à matéria.

 

Casamento e celibato.


Sobre  o casamento, isto é, a união permanente de dois seres, é um progresso na marcha da humanidade. 

 

 A abolição do casamento sobre a sociedade humana seria uma regressão à vida dos animais.

 

A união livre e fortuita dos sexos é o estado de natureza. O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se observa entre todos os povos, se bem que em condições diversas. A abolição do casamento seria, pois, o retorno à infância da humanidade, e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais, que lhe dão o exemplo de uniões constantes.

 

A indissolubilidade absoluta do casamento é uma lei humana muito contrária à da natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da natureza são imutáveis.

 

O celibato voluntário não representa um estado de perfeição meritório aos olhos de Deus, e os que assim vivem por egoísmo desagradam a Deus e enganam o mundo.

 

Da parte de certas pessoas, o celibato é um sacrifício que fazem com o fim de se votarem, de modo mais completo, ao serviço da humanidade. Neste caso, não é por egoísmo. Todo sacrifício pessoal é meritório, quando feito para o bem. Quanto maior o sacrifício, maior o mérito.

 

Não é possível que Deus se contradiga, nem que ache mau o que ele próprio fez. Nenhum mérito, portanto, pode haver na violação da sua lei. Mas se o celibato, em si mesmo, não é um estado meritório, outro tanto não se dá quando constitui, pela renúncia às alegrias da família, um sacrifício praticado em prol da humanidade. Todo sacrifício pessoal com vistas ao bem, sem qualquer ideia egoísta, eleva o homem acima da sua condição material.

 

Poligamia.


 

A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade.

 

Se a poligamia fosse conforme à lei da natureza, deveria ter possibilidade de tornar-se universal, o que seria materialmente impossível, dada a igualdade numérica dos sexos.

 

Deve ser considerada como um uso ou legislação especial apropriada a certos costumes, e que o aperfeiçoamento social faz desaparecer pouco a pouco.



Referências:

O Livro dos Espíritos - Terceira parte - Cap. IV - Allan Kardec.

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