Uma questão que tem provocado a curiosidade de muita gente é o fato de os Espíritos se apresentarem aos videntes, trajando, muitas vezes, roupas estranhas às que costumavam usar, de épocas antigas ou, mesmo, com uma simples túnica. De acordo com Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, no Mundo Espiritual, o vestuário é um componente que integra o desencarnado, seja ele de qualquer faixa, inferior ou superior.
Geralmente, os Espíritos desencarnados trazem consigo os complementos de sua indumentária ou objeto de que faziam uso, habitualmente, em vida, como óculos, bengalas e adereços.
Na obra Evolução em Dois Mundo, o Espírito André Luiz observa que, em se tratando da aparência dos desencarnados, como roupas, calçados e peças protéticas, tudo é confeccionado por eles próprios, estejam eles em qualquer das faixas evolutivas do Mundo Espiritual.
Entretanto, em algumas ocasiões, conforme declarações suas e de outros Espíritos comunicantes, os produtos da criação são encontrados já fabricados, podendo ser utilizados por qualquer desencarnado que deles necessite, como alimentos, roupas, prédios etc.
Na Revista Espírita, n° 8, de agosto de 1859, Allan Kardec comenta a respeito das roupagens com que os Espíritos se revestem e se refere à capacidade que estes têm de mudar sua aparência com acessos de toalete diversos. Cita ele, na oportunidade, duas aparições de que teve notícia, em que uma a um cachimbo que produzia fumaça e a outra e tomava pitadas de rapé.
Em Cartas de um Morto Vivo, o Espírito David Iatch, em diálogo com a médium Elsa Barker, declara: Parecer-lhe-á absurdo se eu lhe disser que usamos roupa, tal qual como na Terra, mas em menos quantidade. Ainda não vi malas; porém, é preciso que se note que ainda estou cá há pouco tempo.
Mais tarde, o mesmo Espírito retorna e acrescenta:
Uma das coisas que tornam este “país” muito interessante é a falta de convenções. Não há duas pessoas vestidas da mesma maneira — não é bem isto que eu pretendia dizer; muitos andam vestidos dum modo tão excêntrico, que constituem um conjunto extremamente variado. O meu traje é bem semelhante ao que usava na Terra, porém, quando me transporto pelo pensamento a uma das Linhas vidas anteriores, tenho feito a experiência de enxergar os trajes daquela época. Reporta-se ele, então, ao caso da Toga Romana.
Certa feita, encontrou um Espírito de aspecto feminino vestido à grega. Curioso, perguntou onde tinha arranjado aquele traje. Respondeu que ela mesma o confeccionara. Ainda “novato”, o Espírito David lacht, indagou de que maneira e ela disse:-Ora essa, basta idealizar o modelo no meu espírito para logo o ter a minha disposição. -E coseu tudo, ponto por ponto? -Não procedi da mesma maneira como teria feito na Terra.
Diante dessa explicação, tentou ele mesmo confeccionar uma toga romana para seu uso, mas não conseguiu, pois não se lembrava, de forma nenhuma, do modelo exato. Indagou, mais tarde, a seu Mestre, de como vencer essa dificuldade. Este mostrou-lhe cuidadosamente o processo: (. . .) devia fixar o modelo e formá-lo nitidamente no meu espírito, vê-lo no meu íntimo e, em seguida, atrair, pelo poder do desejo, a matéria sutil do mundo do pensamento em torno do modelo, formando, assim, a toga.
Assim procedeu o Espírito David Hacht e conseguiu confeccionar a toga.
Outra informação interessante sobre o vestuário do Além nos dá o Espírito Johannes, no livro Rumo às Estrelas, de Herbert Dennis Bradley, que, em outras palavras, resume tudo o que foi dito, até agora, das vestimentas dos Espíritos:
“Algumas criaturas estúpidas pensam que a alma é um fluido sem forma a flutuar de um lado para o outro. Absurdo. Cada alma tem sua forma adquirida na vida terrena e conservada aqui. O aspecto que apresentamos é o de homens e mulheres como na Terra; usamos indumentária que nos dá a nós a mesma impressão que aí recebeis da indumentária terrena. São simples véus para a parte mental, algo que cobre e dá aparência à forma mental; (. . .). Essa indumentária não procede de oficinas, como as vossas; procede da ideia do indivíduo. Contribui para mostrar a mente.
No livro “Memórias de um Suicida”, romance psicografado pela médium Yvonne A. Pereira, de autoria do Espírito Camilo Castelo Branco (escritor português), tem-se a informação de que os Espíritos recém-chegados da Terra, através de atos tresloucados em que tiraram a própria vida física, apresentam roupas andrajosas, sujas e fétidas, revelando o estado de angústia e desespero em que se encontram. Os baixos níveis mentais de vibração de tais Espíritos refletem o ambiente trevoso de suas pobres almas; uma falange de réprobos em estado lastimável…
“…trajando todos vestes como que empastadas do lodo das sepulturas, com feições alteradas e doridas, estampando os estigmas de sofrimentos cruciantes! “
Pesquisando sobre a questão das vestimentas espirituais, Allan Kardec solicita do Espírito que em vida ficou conhecido como São Luís, um esclarecimento, e ele respondeu:
R-(…) O Espírito tem sobre os elementos materiais disseminados em todo espaço, na nossa atmosfera, um poder que estais longe de suspeitar. Pode ele, à vontade, concentrar esses elementos e lhes dar uma forma aparente, adequada aos seus projetos.
Daí, concluirmos que os Espíritos transmitem às suas vestes o seu estado mental. Elas demonstram à condição de cada um. Nesse caso, também o pensamento é de suma importância. Tudo o que lhes vai nos pensamentos transparece nas vestimentas que usam.
Lúcia Loureiro
Fonte: kardecriopreto.com.br