Algumas das definições no dicionário do vocábulo culpa entendem-se por atitude ou ausência de atitude de que resulta, por ignorância ou descuido, dano, problema ou desastre para outrem; falta, delito, erro.

Por outro lado, responsabilidadesignifica obrigação de responder pelasações próprias ou dos outros; caráterou estado do que é responsável.


Vamos entender um pouco sob a ótica Espírita sobre estes dois termos tão similares, porém tão distintos simultaneamente. Na questão 639 de “O Livro dos Espíritos” encontramos: “639  O mal que se comete, frequentemente, não é o resultado da posição que nos deram os outros homens? Nesse caso, quais são os mais culpáveis?

- O mal recai sobre aquele que lhe é causa. Assim, o homem que é conduzido ao mal pela posição que lhe é dada pelos seus semelhantes, é menos culpável que aqueles que lhe são a causa, porque cada um carregará a pena, não somente do mal que haja feito, mas do que haja provocado”.


Vejamos que, quando por um determinado momento, é jogado em nossas costas um mal causado por um terceiro, somos, portanto, menos responsáveis pelo fato em si, do que pelo mal que causamos direta ou indiretamente a uma pessoa, pois, em pensamento que gerou ação, provocamos este mal.

Em outro ponto, na questão 992também em “O Livro dos Espíritos”,temos:


“992  Qual é a consequência doarrependimento no estado corporal?

- Avançar, desde a vida presente, se tem tempo de reparar as faltas. Quando a consciência faz uma censura e mostra uma imperfeição, sempre se pode melhorar.”


Por apenas estes dois trechos contidosem uma das obras básicas,entendemos com perfeição que, nosculpar e nos responsabilizar são atostotalmente distintos.


A culpa nos faz vítimas de nós mesmos. Carregamos e remoemos o fardo, o ato que fez nossa consciência pesar, e esta culpa nos envenena poucoa pouco, uma vez, não conseguimos nos perdoar pelo falta cometida.

Ressalto aqui, que discorro sobre culpa e responsabilidade próprias, não de terceiros que por ventura e de algum modo faltaram conosco em alguma situação seja ela de qual espécie for.


No segundo trecho onde se fala sobre arrependimento, vemos como é clara e sucinta a orientação da espiritualidade:Se arrepender, modificar o comportamento, reparar as faltas e seguir o caminho. Se o erro não pode ser corrigido por qualquer motivo, ter atitudes reparadoras é um bom caminho a seguir, uma vez que, a partir do momento que decidimos seguir os ensinamentos de Jesus, que em sua essência é a prática do Amor, este caminho pode ser trilhado e construído em bases sólidas. Quando ouvimos que devemos ser responsáveis por nossas escolhas, e assumir as consequências dos nossos atos, entendemos as vezes que sejam as consequências boas ou ruins, ela é nossa, única e exclusivamente, intransferível.

Alguns indivíduos costumam seresponsabilizar pelas falhas alheias,carregando para si o fardo da culpa,achando, erroneamente que estãofazendo um bem.


Quando, por exemplo, um pai ou mãe, assume a responsabilidade do erro do filho, e o eximi de responder por um dano causado, estes estão ensinando ao filho que sempre estarão ali para levarem a “culpa” e que a pessoa está livre para errar o quanto quiser. Pobre pensamento... Este fato, mesmo que isolado, pode causar danos irreparáveisno futuro, quando a corrigenda não ocorre no tempo e na forma devidos.


Nos responsabilizarmos pelas escolhas que fazemos, pelas atitudes que tomamos, significa entender que nada mais somos que os semeadores daquela semente que logo frutificará, eali colheremos, seja bom ou não, e que teremos que prestar contas, seja para asociedade ou para Deus.


Infelizmente, nossa sociedade nos condicionou por muitos séculos à autopunição quando falhamos, e mesmo que esta forma de correção nãoseja física como acontece em algumas culturas, com a auto flagelação e auto mutilação, somos levados a remoer, ressentir o erro reiteradas vezes até que venha o arrependimento, quando émuito mais simples e menos doloroso reconhecer para si mesmo que errou, reparar se possível, pedir perdão se possível, modificar o comportamento, entender que aquele erro resultou em consequências ruins, e seguir a vida como deve ser, sem a necessidade de se auto mutilar mentalmente.


Além do mais, algumas das consequências desta autoflagelação mental podem incluir, em certos casos, a presença de obsessores, uma vez queo estado vibracional baixa radicalmente, o sentimento tende a serinferior, e vibrando nesta energia poucoagradável, atraímos companhias que desejam nos ver mais e mais tristes, insatisfeitos, culpados, e podemos cometer atos de insanidade estando sob esta energia tão densa.


Então, podemos concluir que iremos sim cometer muitos e muitos erros em nossas vidas, muitas falhas conosco e com terceiros, mas, acima de tudo, nos cabe o entendimento de nos responsabilizar e não nos culpar. Carregar pesos desnecessários mais nos prejudica que ajuda, nos arrepender, e mudar nossa forma de pensar e agir, aprender com o erro, e seguir a vida, e não estagnar em cima da culpa, e sempre, como receita infalível, confiar mais em nossos Benfeitores espirituais e em Deus.


REFERÊNCIAS:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espiritos. Capivari SP: EME, 2019.

https://michaelis.uol.com.br/busca?id=OWQE – Acesso em 26/07/2021


Por Priscila Gonçalves


Fonte: letraespirita.blog.br


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