A Quaresma é um período cristão marcado pela penitência, sacrifício, caridade e orações. Essa tradição é seguida pelas Igrejas Católicas, Ortodoxas e algumas Protestantes. 

Com a representação de mudança espiritual e arrependimento, a quaresma antecede a Páscoa e dura, como indica o nome, quarenta dias. Esse número tem muitas referências bíblicas e neste caso marca o intervalo entre a quarta-feira de cinzas e o sábado de aleluia, excluindo os domingos.    

Durante este tempo os fiéis costumam se abster de alguns alimentos como a carne. Também é recorrente o sacrifício de gostos pessoais como doces ou até mesmo uso de aparelhos eletrônicos.

O costume de não comer a carne vem da Idade Antiga, mas se consolida na Idade Média, período da história com extrema desigualdade social em que as pessoas mais pobres raramente comiam carne. 

A carne tornou-se um símbolo de gula na época pois era apenas servida nos grandes banquetes da corte e dos nobres. Pela referência a um dos pecados capitais, a Igreja Católica recomendava a seus fiéis que se alimentassem de carne antes da quaresma, um dia antes da quarta de cinzas.

Esse fato que deu origem ao nome carnaval, do latim carnem levare (Abster-se de Carne), simbolizando o dia anterior ao sacrifício de não comer carne.

O Espiritismo não segue as tradições da quaresma, pois avalia que as orações e a prática de caridade devem pertencer a rotina do encarnado durante toda a vida. O mesmo vale para as penitência, ou seja, a reflexão espiritual e arrependimentos.   

Em relação as e sacrifícios e privações voluntárias encontramos no Livro dos Espíritos as explicações que nos esclarecem a esse respeito. 

  1. São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o objetivo de uma expiação igualmente voluntária?

“Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais méritos tereis.”

a)Haverá privações voluntárias que sejam meritórias? 

“Há: a privação dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante. Se a privação não passar de simulacro, será uma irrisão.”

  1. Será racional a abstenção de certos alimentos, prescrita a diversos povos? 

“Permitido é ao homem alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde. Algumas legisladores, porém, com um fim útil, entenderam de intermediar o uso de certos alimentos e, para maior autoridade imprimirem às suas leis, apresentaram-nas como emanadas de Deus.” 

  1. Visto que o sofrimento deste mundo nos elevam, se os suportarmos devidamente, dar-se-á que também nos elevam os que nós mesmo criamos? 

“Os sofrimentos naturais são os únicos que elevam, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de outrem.  Supões que se adiantam no caminho do progresso os que abreviam a vida, mediante rigores sobre-humanos, como o fazem os bonzos, os faquires e alguns fanáticos de muitas seitas? Por que de preferência não trabalham pelo bem de seus semelhantes? Vistam o indigente; consolem o que chora; trabalhem pelo que está enfermo; sofram privações para alívio dos infelizes e então suas vidas serão úteis e, portanto, agradáveis a Deus. Sofrer alguém voluntariamente ,apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade: tais os preceitos do Cristo.” 

A Doutrina Espírita entende que as privações devem afastar as pessoas de futilidades materiais e terrenas que não agreguem na elevação do espírito. É também irrelevante os sacrifícios que não atenderão as necessidades de nossos irmãos, caracterizando como um ato egoísta. 

Os atos de caridade e assim os sacrifícios pelo próximo são mais valorosos, como as preces e orações que vibram amor a este mundo, auxiliando e contribuindo com as correntes espirituais que trabalham para o bem e a evolução da humanidade. 


Fonte: tvmundomaior.com.br

Deixe seu Comentário