No artigo de hoje falaremos sobre planejamento reencarnatório. Comumente conhecido como nome menos correto de “destino”, o planejamento reencarnatório nada mais é do que uma série de acontecimentos programados em nossas vidas, com a anuência do plano espiritual superior, com finalidade de nos fornecer uma encarnação mais efetiva no que diz respeito às provas e espiações necessárias ao nosso desenvolvimento espiritual. Mas como se dá este processo?

Em geral, o espírito vive o seu desprendimento durante a fase entre as encarnações sucessivas. Sabemos segundo o livro dos espíritos na questão abaixo assinalada:

223. A alma reencarna logo depois de se haver separado do corpo?
“Algumas vezes reencarna imediatamente, porém de ordinário só o faz depois de intervalos mais ou menos longos. Nos mundos superiores, a reencarnação é quase sempre imediata. Sendo aí menos grosseira a matéria corporal, o Espírito, quando encarnado nesses mundos, goza quase que de todas as suas faculdades de Espírito, sendo o seu estado normal o dos sonâmbulos lúcidos entre vós.”

Utilizando deste conhecimento analisamos então que a vida espírita (e aqui lemos a vida como espírito desencarnado) é um período de refazimento, estudo, em suma, de preparação daquele ser para o mergulho na carne em uma nova experiência corporal. Quando a alma se encontra em estado errante – desencarnado- desligam-se os véus da ignorância e em muitos casos tornam-se mais claros os desígnios de Deus e a justiça divina. Lembra-se o espírito quase que instantaneamente de suas vidas anteriores, seus equívocos passados e a necessidade de reparar-lhes os débitos se torna latente naquela alma que almeja a evolução moral.

Dito isto, sabemos da infinita misericórdia divina que norteia a lei maior de amor e de caridade. Por esta lei, Deus permite que – a depender de nosso grau de evolução- participemos mais ou menos ativamente de nosso planejamento reencarnatório. Podemos pensar nesse planejamento como uma reunião entre nós os  reencarnantes com nossos mentores espirituais, amigos, outros que podem reencarnar num núcleo próximo ao nosso e disso tiramos as provações que passaremos conforme nosso merecimento, necessidade e utilidade para a evolução moral do espírito.

O espírito pode escolher as naturezas de suas provas, pedir que a espiritualidade permita que ele pague algum débito passado, porém, a espiritualidade também pode intervir e negar certas provações devido a incapacidade que o espirito possua de cumprir com a tarefa de difícil realização. Tudo é organizado de forma coerente e perfeita e por isso todos só possuem as dificuldades que lhes são mais aptas a serem alcançadas pro esforço próprio. O livro dos espíritos corrobora esta conclusão no capítulo VI , da vida espírita:

258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?
“Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”
a) — Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como
castigo?
“Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das conseqüências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi malfeito. Demais, cumpre se distinga o que é obra da vontade de Deus do que o é da do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por haverdes visto nisso um meio
de progredirdes, e Deus o permitiu.”

Ainda há o entendimento do “destino” que muitos acreditam que tudo em cada detalhe em nossa vida foi programado. Sabemos que o futuro não é uma constante e está em movimento conforme colocamos em prática o nosso livre arbítrio. Portanto forçoso seria achar que cada acontecimento em nossa vida foi pre-programado antes mesmo da nossa existência. Exemplo: está programado que para quitar um certo débito passado a pessoa passaria por um acidente de trabalho no qual perderia um braço. Porém em vida engaja-se no bem e em atividades de caridade de tal maneira que acaba pro diluir o débito que antes era de “um braço” acaba perdendo somente um dedo ou nem isso. A misericórdia e a justiça divinas agem conforme nossas escolhas o tempo todo. podemos abreviar nossos sofrimentos e diminuir nossos débitos através do contra peso que seria a prática da caridade e da lei do amor.

Mais a frente Kardec faz este questionamento aos espíritos que nos dirigem uma verdadeira lição:

259. Do fato de pertencer ao Espírito a escolha do gênero de provas que deva
sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós as
previmos e buscamos?
“Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até às mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta da posição em que vos achais; são, muitas vezes, conseqüências das vossas próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este ou aquele êxito. Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos profundos, sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades de caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias, se fores bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.”

Portanto, respondendo a pergunta inicial deste artigo: Sim e Não. Grande parte de nossas vivências e espiações são programadas, porém durante este trajeto podemos encurtar ou alongar a caminhada penosa bem como a caminhada de bonanças. Tudo varia de acordo com nossas escolhas e nossas atitudes. Então não mais reclamemos das necessidades que estamos a passar. Todas são reflexo de nossas atitudes, de nossas escolhas e, inclusive, de nossos pedidos incessantes aos céus pela oportunidade de reparar o erro cometido. Sejamos gratos sempre por estarmos sendo capazes de quitar nossos débitos pouco a pouco e de maneira sublime. Muita paz a todos!

Fonte: espiritismodaalma.wordpress.com

Deixe seu Comentário